Isabelle Macedo – acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais da Unama.

O Sudeste turco e o Norte sírio foram surpreendidos com um terremoto de magnitude 7,8 na escala Richter deixando milhares de pessoas feridas, desabrigadas e mortas. Tremores do tipo não ocorriam com magnitude maior que 7 há mais de 80 anos. O sismo era inevitável, tendo em vista que as áreas estão localizadas na “Falha de Anatólia”, onde há a convergência de três placas tectônicas, cujo choque delas gera os abalos sísmicos.

O tremor alcançou uma região turca menos desenvolvida e remota; agravando o desafio nos resgates. O clima inconveniente, de neve e chuva, a destruição de rodovias e uma “resposta vacilante e despreparo do governo” (BBC News,2023), vem deixando os sobreviventes cada vez mais céticos. “Sobrevivemos ao terremoto, mas aqui morreremos de fome ou frio”, disse um homem de 64 anos em Antakya, província de Hatay.(BBC News, 2023). Diante disso, a população atingida reclama pela falta de suporte do governo para com as necessidades do povo (comida, abrigo, resgates) e do despreparo do presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, acerca da resposta inicial ao terremoto.

Uma vez que outros países tomaram conhecimento da catástrofe, a comunidade internacional se sensibilizou com o ocorrido e diversos Estados se comprometeram a enviar mantimentos e equipes de resgate aos locais atingidos para ajudar a Turquia e Síria. A área síria atingida pelo sismo é controlada por jihadistas e rebeldes, vista disso há certa dificuldade para as equipes de socorristas terem acesso ao local. Como solução, países que não tem relação com o governo sírio estão enviando ajuda através de ONG’s. Outrossim, organizações maiores como ONU e OMS estão cooperando com a causa.

É valido destacar a relevância das organizações internacionais (OIs) para com a ajuda humanitária aos atingidos pelo terremoto na Turquia e na Síria. Haja vista que, “o poder institucional das OIs deriva de sua habilidade de orientar o comportamento de formas mais diretas” (Jackson e Sorensen, 2018, 305). As OIs apresentam e levantam problemas a fim de oferecer soluções e fazer com que a comunidade internacional as aceite. Logo após a 2° Guerra Mundial e com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU), viu-se necessária uma mudança na agenda dos países e também a inserção de outros atores internacionais, a fim de garantir a paz e a segurança internacional. Os Estados agora teriam que dividir o poder com outras entidades internacionais; tais como as organizações internacionais não governamentais (OINGs) e o aumento de agendas além das de segurança e defesa. 

O autor neoliberal James Rosenau, aborda um conceito chamado “Governança Global”; que consiste em: “atividades apoiadas por objetivos comuns, que podem ou não derivar de responsabilidades legais e formalmente prescritas e não dependem, necessariamente, do poder de polícia para que sejam aceitas e vençam resistências” (1992, pg 15). Rosenau, alega também a existência de uma “governança sem governo” através de regimes internacionais (articulação de interesses); eles seriam como um meio de garantir a governança global (interesses), como exemplo a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciando total suporte aos turcos e sírios afetados.

A luz do que foi dito por Rosenau, uma das principais características da governança global é o fato de conseguir reunir diversos atores internacionais em prol de um objetivo em comum. O fato desse sismo ser o mais forte na região desde 1939, trouxe diversos impactos nos países orientais, Turquia e Síria, sejam eles econômicos; políticos; mas principalmente humanitários. Como objetivo comum a ajuda internacional para com os territórios afetados, a comunidade internacional se mobilizou e está enviando assistência nesse momento crítico.

As ONGs junto com outras organizações de grande porte conseguem manifestar o sentimento solidário da sociedade civil através de campanhas de doação monetária e também os assessoramentos demandados pelos Estados garantem os direitos básicos da população abalada e como resultado impedem que tais países fiquem em situação mais delicada, pois o foco agora é criar um ambiente compreensivo e caridoso para os que precisam.

REFERÊNCIAS:

JACKSON, Robert; SORENSEN, Georg. Introdução às Relações Internacionais. 3° Edição. Editora Zarah, Publicado em 19 de julho de 2018.

TORTELLA, Tiago. Comunidade internacional se junta para auxiliar Turquia e Síria após terremotos. CNN Brasil. Publicado em 07 de fevereiro de 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/comunidade-internacional-se-junta-para-auxiliar-turquia-e-siria-apos-terremotos/ . Acesso em: 08 de fevereiro de 2023

BBC News, Terremoto na Turquia: A indignação pela resposta do governo à tragédia. Publicado em 08 de fevereiro de 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-64547321. Acesso em: 08 de fevereiro de 2023.

MAUDAD, Ana Carolina. Governança Global: Intersecções com paradiplomacia em meio a crise climática, 2016. Disponível em: https://anpocs.com/index.php/bib-pt/bib-78/9990-governanca-global-interseccoes-com-paradiplomacia-em-meio-a-crise-climatica/file. Acesso em: 09 de fevereiro de 2023.

GONÇALVES, Alcindo. Regimes Internacionais como ações da governança global, 2011. Disponível em: file:///C:/Users/isabe/AppData/Local/Microsoft/Windows/INetCache/IE/S16O7QUG/Regimes_internacionais_GG[1].pdf . Acesso em: 09 de fevereiro de 2023.