Brenna da Silva Dias

acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Uma das jornalistas mais conceituadas no meio do jornalismo brasileiro, Glória Maria é referência, não apenas em seu meio, mas também na luta e representatividade de pessoas pretas em destaque na televisão brasileira.

Nascida em 15 de agosto de 1949, no bairro de Vila Isabel – Rio de Janeiro, Glória Maria Matta da Silva é filha da dona de casa Edna Alves Matta e Cosme Braga da Silva, alfaiate. Estudando desde sua infância em escolas públicas, Glória sempre se destacou por suas excelentes redações, e aos 18 anos ingressou no curso de jornalismo da Universidade Católica (PUC – Rio). Na década de 70 Glória foi apresentada aos estúdios Globo do Rio e começou como estagiária no departamento de jornalismo, sendo efetivada pouco tempo depois. Sua primeira reportagem foi na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, em 20 de novembro de 1971 e assim tornou-se âncora do RJTV, jornal da cidade do Rio de Janeiro, e a partir de 1986, Glória Maria passou a integrar a equipe de repórteres do programa Fantástico.

Provando sua força e contra quaisquer tipo de injustiça, Glória Maria foi a primeira mulher a usar a Lei Afonso Arinos. Em 1970 Gloria utilizou a lei contra um gerente de um hotel de luxo que não permitiu sua entrada pela porta da frente. A lei foi criada em 1951 foi o primeiro código brasileiro a incluir a “prática de preconceito de raça e cor de pele” entre as contravenções penais.

Em 1998, a jornalista começou a realizar reportagens especiais no Fantástico. Viajando por mais de 100 países e entrevistando nomes como Michael Jackson, Freddie Mercury, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Dicaprio, Madonna, entre outros. Glória também realizou entrevistas com personalidades polêmicas, como por exemplo o ex-presidente general João Batista Figueiredo (1918-1999), que constantemente insultava a jornalista com falas machistas e racistas.

Símbolo de coragem e força feminina, Gloria pediu para ser enviada para cobrir a guerra nas Malvinas em 1982, ela acompanhou o conflito durante um mês e meio e tornou-se a primeira jornalista mulher a cobrir uma batalha armada.

Visto seu histórico de força e resistência, é possível relacionar a jornalista ao conceito “Colonialidade do poder” do autor das Relações Internacionais Aníbal Quijano. Segundo Quijano, a estratificação social e o surgimento do conceito de “raça” surgiram como instrumentos de dominação social entre os grupos dominantes (colonizadores) aos grupos dominados (colonizados) a fim de promover fortes e intensas relações de produção e de capital nos períodos das colonizações.

Em 2019, a jornalista passou por uma cirurgia de emergência após descobrir um tumor no pulmão, porém em 2022 o câncer retornou e o tratamento deixou de ter êxito.

Glória Maria faleceu em 2 de fevereiro de 2023 e deixa um legado eterno de representatividade e força para uma geração de mulheres pretas.

REFERENCIAS:

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do Poder, eurocentrismo e América Latina, 2005.

BIOGRAFIA de Glória Maria. [S. l.], 2023. Disponível em: https://www.ebiografia.com/gloria_maria/. Acesso em: 11 fev. 2023.

GLÓRIA Maria: relembre momentos marcantes da carreira da jornalista. [S. l.], 2 fev. 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/gloria-maria-relembre-momentos-marcantes-da-carreira-da-jornalista/. Acesso em: 11 fev. 2023.

AUTOESTIMA a maternidade: 4 lições de vida deixadas por Glória Maria. [S. l.], 2 fev. 2023. Disponível em: https://www.metropoles.com/colunas/claudia-meireles/autoestima-a-maternidade-4-licoes-de-vida-deixadas-por-gloria-maria. Acesso em: 11 fev. 2023.