Jovana Ramos – Acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
A teoria neoliberal das Relações Internacionais não desconsidera o papel dos Estados, no entanto, destaca as relações entre os novos atores políticos do sistema internacional, ou seja, as organizações internacionais, as transnacionais e a sociedade civil são relevantes na atualidade.
Nesse sentido, Robert Keohane critica a teoria neorrealista, a qual por muito tempo foi declarada a mais usual dentro das R.I, e considera a definição estrutural dessa teoria demasiadamente limitada, uma vez que ela só poderia explicar as mudanças causadas pela capacidade bélica dos Estados. No entanto, a força, para os autores neoliberais, não é o único fator considerável, ou seja, a manipulação econômica e a utilização de instituições internacionais são os instrumentos mais significativos.
Assim, Keohane expõe que as instituições são importantes no que diz respeito ao relacionamento delas com os Estados, uma vez que incentivam a cooperação entre os atores no sistema internacional. Além disso, as organizações não-governamentais são, para Keohane, desenhadas pelos Estados com algum propósito específico, porém não são controladas pelos governos nacionais, e elas serão utilizadas como instrumentos de barganhas, e é nelas que os pequenos Estados se fortalecem.
A Organização Mundial da Saúde é a instituição internacional mais relevante no cenário atual, já que desde do início da pandemia do coronavírus se mostra eficaz no combate da doença. A OMS divulga e atualiza os dados sobre a covid-19 em seu site oficial, além de disseminar os cuidados contra a doença em veículos de comunicação, ela tem sido principal fonte de disseminação de informação confiável e, sobretudo de influência neste cenário global.
Em resposta ao coronavírus, a OMS reune especialistas em conferências onlines, desde janeiro de 2020, para discutirem tópicos como a prevenção, controle de infecções, pesquisa e desenvolvimento para diagnóstico, terapêutica e vacinas, reunindo milhares de cientistas, profissionais médicos e de saúde pública de todo o mundo. Além disso, no mês de junho, a OMS convocou 60 seminários online, disponibilizando 287 especialistas para mais de 13.500 participantes, de mais de 120 países e territórios, com representação de até 460 organizações. Por fim, a plataforma Open WHO (cursos online que a OMS promove) obteve mais de 3,7 milhões de matrículas, das quais mais de 80% foram cursos sobre coronavírus. (WHO, 2020)
Analisando a situação que o sistema internacional se encontra, nota-se a relevância da Organização Mundial da Saúde perante a pandemia do coronavírus, pelo fato do coronavírus ser uma doença desconhecida e de fácil contágio. A OMS tem tomado medidas para informar os indivíduos dos riscos, além de convocar países, organismos internacionais e a sociedade global para a promoção de campanhas contra o vírus, mas também combater as fake news e o auxiliar os países subdesenvolvidos e os líderes mundiais a atingirem metas comuns, visto que a pandemia afeta todos do globo.
Dessa forma, é evidente os Estados não são os únicos atores importantes, e segundo a teoria neoliberal, os países não estão sozinhos no sistema internacional, há vários jogos de interesses, uma vez que vivem em uma sociedade internacional, ou seja, o ambiente que Estados partilham interesses e valores comuns e são interligados por um conjunto de regras. Nota-se que, em oposição a teoria neorrealista, o uso da força tornou-se insignificante diante de uma pandemia, em virtude de se tratar de um vírus o qual não se pode visualizar. Por fim, nota-se uma governança global em meio a pandemia, ou seja, faz-se necessário a contribuição de todos para resolução da temática global.
Referências:
SARFATI, G. Teoria das Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.
WHO. Timeline of WHO’s response to COVID-19. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/detail/29-06-2020-covidtimeline> Acesso em 9 de julho de 2020.