Thais Borges – acadêmica do 7° semestre de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia

A Economia Política Internacional (EPI) se constitui enquanto um método de análise que foca na dinâmica do sistema econômico internacional, dinâmica esta que é resultado das decisões e ações de atores transnacionais, e determinada por fatores objetivos e subjetivos. Trata-se de uma área que busca identificar as motivações das atitudes dos agentes que interferem nos sistema internacional, com isto, se aventura dentro da EPI, os analistas que estudam as relações internacionais através das relações entre a economia e política (GONÇALVES, 2005). 

A depender da corrente do pesquisador da EPI, o objeto de estudo pode ter diferentes lócus, assim esses pesquisadores podem ser identificados dentro de três tradições: Marxista, enfocando nas classes; Liberal, se voltando para o indivíduo; e a Realista, que se preocupa com o Estado. Sarfati (2010) afirma que Susan Strange diverge de todas essas tradições ao se preocupar com o poder das corporações e suas relações com o Estado, tendo como interesse o papel que atores não-estatais, como OINGs ou mesmo o crime organizado, desempenham no sistema internacional.

Especializada em pesquisa no campo da Economia Política Internacional (EPI), Susan Strange foi uma cientista social britânica que trouxe debates acerca do capital financeiro, o poder norte-americano pós-Segunda Guerra Mundial e também da necessidade de aproximar os estudos de Economia com a Ciência Política. Dentre os seus trabalhos, destaca-se o interesse nas relações monetárias internacionais com as dinâmicas de poder (ALENCAR; NUNES, 2018).

Durante os anos de 1960 a 1970, o campo de estudo das Relações Internacionais estava pautado entre as óticas realista em oposição à idealista, estas que tem como objeto central de análise o Estado. Strange afirma que neste contexto acontecia uma mudança desigual no sistema político internacional acerca do sistema econômico, movimentação que ocorria sem ser percebida pelos internacionalistas devido ao enfoque destes nas relações políticas e estratégicas de governos nacionais, negligenciando assim quaisquer outras relações (ALENCAR; NUNES, 2018).

Com isto, a autora se volta para os processos do sistema econômico, enfatizando a necessidade de investigar como se formam as relações de poder nas quais terceiros intervém em relações bilaterais de todos os agentes de um sistema. A partir desta linha, a Strange desenvolve o conceito de Poder Estrutural, tida como o poder de determinar as estruturas da economia global, esta que, os demais agentes do sistema internacional: os Estados, instituições, OIs, empresas operam em seu interior (ALENCAR; NUNES, 2018).

Assim, em uma de suas principais obras, States and Markets (2004), Susan sugere uma nova maneira de pensar a política econômica do mundo, partindo da prerrogativa de que ambas, economia e política tomam muito pouco conhecimento uma da outra, a autora busca condensar esses dois segmentos através de uma análise estrutural dos efeitos dos Estados sobre os mercados e vice-versa, discutindo assim a questão metodológica da EPI.

Além disso, traz seu próprio entendimento sobre a EPI, afirmando ser uma área que se define por arranjos sociais, políticos e econômicos que afetam os sistemas globais de produção, intercâmbio e distribuição, arranjos esses que são consequências das decisões humanas tomadas no contexto de instituições feitas pelo homem e por um conjunto de regras auto definidos (STRANGE, 2004).

Nesse sentido, Susan Strange agrega uma nova perspectiva dentro da área da Economia Política Internacional, dando enfoque ao poder que as entidades não-estatais possuem sobre o sistema internacional através da via econômica. Sendo assim, uma teórica essencial para o entendimento mais aprofundado sobre esta linha de pensamento.

Referências

ALENCAR, F. B.; NUNES, L. S. F. Susan Strange: poder estrutural e hierarquia monetária, uma breve discussão. Revista de Geopolítica, v. 9, n. 1, p. 125-142, 2018.

GONÇALVES, Reinaldo. Economia política internacional. HORÁRIO DAS ELETIVAS, p. 20, 2005.

SARFATI, Gilberto. Teorias de relações internacionais. Editora Saraiva, 2000.STRANGE, Susan. States and markets. States and Markets, p. 1-304, 2004.