Davi Soares Silva Souza – 3° semestre de RI da UNAMA

Nos últimos séculos, testemunhamos uma notável evolução nos meios e armas utilizados pelos Estados em conflitos armados. Desde os tempos de retrocargas, metralhadoras e cavalos até os modernos tanques e armamentos, a tecnologia tem desempenhado um papel fundamental na forma como as guerras são travadas. Com o avanço tecnológico, essa transformação também se manifesta no campo militar, com o desenvolvimento de novas e poderosas ferramentas.

Entre as inovações militares, destacam-se os mísseis balísticos. Desde sua concepção, essas armas revolucionaram não apenas a maneira como as guerras são conduzidas, mas também influenciaram significativamente a geopolítica internacional. Dada a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se assim a entrada dos mísseis balísticos na história, e desde então continuam evoluindo de forma ameaçadora.

Os mísseis balísticos modernos, impulsionados por combustível sólido, carregam múltiplas ogivas nucleares, podendo transportar até 12 bombas. Eles têm capacidade de evasão e podem confundir sistemas de defesa antiaérea e radares. Essa potência os torna uma ameaça significativa, exigindo estratégias defensivas avançadas e cooperação internacional. Assim, países com grandes números de mísseis tornam-se possíveis ameaças para outros atores que não possuem este artifício, levando assim a uma possível tensão e corrida armamentista. (PIKE, 2000)

Entre os resultados da corrida armamentista, os mísseis supersônicos se destacam como uma evolução significativa. Essas armas têm a capacidade de viajar a velocidades extremamente altas, muitas vezes superando a velocidade do som, o que as torna ainda mais letais e difíceis de serem interceptadas. Além disso, os mísseis supersônicos aprimoram os atributos dos mísseis convencionais, oferecendo maior precisão, alcance e capacidade de resposta rápida em situações de conflito. (BBC, 2023)

Tensões entre Estados Unidos, Rússia, China e Coreia do Norte são frequentes no sistema internacional, onde cada um precisa se manter equiparados para não ficar atrás e consequente vulnerável a um ataque inimigo.

Segundo John Mearsheimer em sua obra ”The Tragedy of Great Power Politics” essa premissa é básica de atores em um sistema internacional anárquico. Onde os países não se confiam mutualmente e duvidam das intenções dos outros atores, e consequentemente investindo em seu ”Poder força” para se manter vivo e atacar atores mais fracos para conseguir se manter como potência.

Mearsheimer observa uma tensão entre essas potências balísticas, entretanto vale observar também o “bandwagoning” de Kenneth Waltz, em sua obra “Theory of International Politics”, no qual, estados mais fracos ou menos influentes se alinham com um estado mais poderoso ou uma coalizão de estados poderosos, em vez de se opor a eles, o que acontece por várias razões, incluindo o desejo de garantir proteção contra ameaças externas. Podendo ser observado entre Rússia e Irã, em que a Rússia financia mísseis balísticos ao Irã em retaliação aos EUA. Trazendo assim uma tensão direta ao sistema internacional, podendo colocar frente a frente duas potências balísticas e seus aliados em um conflito. (METRÓPOLES, 2023)

Em suma, na atualidade, os mísseis balísticos em posse de potências com divergências significativas representam uma ameaça global. Em caso de uso desses mísseis, o potencial de dano material é imenso, podendo causar devastação e resultar em mudanças significativas na geopolítica global. Isso evidencia a potência e a gravidade de uma arma que continua a evoluir constantemente, tornando-se cada vez mais sofisticada e letal.

Portanto, é crucial que as potências globais busquem medidas para controlar e limitar a proliferação de mísseis balísticos, assim como promover o diálogo e a cooperação para reduzir as tensões e evitar conflitos que possam desencadear o uso dessas armas devastadoras. O desafio está em encontrar um equilíbrio entre a necessidade legítima de defesa e a busca pela estabilidade e segurança internacionais.

REFERENCIAS:

MEARSHEIMER, J. John. A Tragédia da Política das Grandes Potências. Editora: Gradiva, 2007

WALTZ, Kenneth Neal. Theory of international politics. Boston: McGraw, 1979.

Guerra na Ucrânia: o que são os mísseis hipersônicos usados pela Rússia. BBC News Brasil, 2023, 10 de março Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cld7yv22xp2o. Acesso em: 24/04/2024

França acusa Irã de violar acordo nuclear da ONU após teste com míssil. Metrópoles, 2023, 25 de maio. Disponível em:

https://www.metropoles.com/mundo/franca-acusa-ira-de-violar-acordo-nuclear-da-onu-apos-teste-com-missil. Acesso em: 24/04/2024

França diz que ressuscitar acordo nuclear com Irã ainda é algo distante. CNN Brasil, 2022, 11 de janeiro. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/franca-diz-que-ressuscitar-acordo-nuclear-com-ira-ainda-e-algo-distante/. Acesso em: 24/04/2024

PIKE, John. Noções básicas sobre mísseis balísticos. nukefas, 4 de junho de 2000. Disponível em:

https://nuke.fas.org/intro/missile/basics.htm. Acesso em: 24/04/2023