Leticia Gabrielly Costa Costa – acadêmica  do 3° Semestre de Relações Internacionais da UNAMA

A corrida espacial sempre foi um reflexo da competição entre as potências globais, onde a busca por prestígio, poder e recursos impulsiona nações e empresas a avançarem além dos limites da Terra. Em 2024, esse cenário atinge um novo patamar, com uma intensa competição entre países e empresas para exploração da lua.

Os Estados Unidos, com sua histórica presença na exploração espacial, lançaram o programa Artemis, com o objetivo ambicioso de retornar à Lua o quanto antes. Essa iniciativa visa não apenas estabelecer uma presença sustentável no espaço mas também abrir caminho para futuras missões tripuladas a Marte (CNN BRASIL,  2024). A China, por sua vez, avança rapidamente em seu programa espacial, com a missão Chang’e, que já enviou rovers e sondas à Lua e planeja estabelecer uma base lunar até 2030, esse lançamento é uma resposta direta à estratégia espacial dos Estados Unidos, evidenciando a persistente rivalidade global. (CNN BRASIL, 2024).

Além das potências estatais, empresas privadas também entram na competição pelo domínio lunar, como por exemplo a empresa SpaceX de Elon Musk, que lidera a corrida com seu ambicioso projeto Starship, que visa não apenas transportar astronautas, mas também estabelecer colônias autossustentáveis na Lua e em Marte, o projeto é um pilar da visão de longo prazo da SpaceX para tornar as viagens espaciais mais acessíveis, possibilitando a exploração e o assentamento humano em outros planetas (SPACEX, S.I.). Contudo, essa corrida espacial não está isenta de desafios e implicações, a competição na exploração envolve não apenas a busca por recursos, mas também a preocupação com a segurança e a proteção de interesses vitais.

Conflitos de interesses e estratégias de dissuasão são elementos presentes nesse contexto, moldando as interações entre os atores envolvidos, a militarização do espaço, a questão dos recursos lunares e a preocupação com a preservação ambiental são apenas algumas das questões que surgem com a intensificação da exploração lunar. Além disso, a competição acirrada entre países e empresas que têm como objetivo expandir suas operações e lucrar com a exploração espacial pode aumentar as tensões geopolíticas e gerar conflitos no futuro.

Sob a ótica do realismo ofensivo de John Mearsheimer, o sistema internacional é caracterizado pela busca pelo poder e pela segurança dos Estado, Mearsheimer argumenta que, em um ambiente anárquico como o sistema internacional, os Estados são levados a competir ferozmente pela maximização do poder (MEARSHEIMER,2001).  Essa lógica se estende ao espaço, onde a conquista lunar representa uma oportunidade de afirmar a supremacia tecnológica e geopolítica.  Países como Estados Unidos e China veem na exploração uma forma de consolidar sua posição como potências espaciais dominantes.

A competição entre países e empresas para a exploração da Lua atinge um ponto crítico. Nesse cenário, os pensamentos de John Mearsheimer sobre a competição pelo poder e segurança entre Estados são mais relevantes do que nunca. A busca pela supremacia lunar representa não apenas um avanço tecnológico, mas também uma manifestação da complexidade e da dinâmica das relações internacionais no espaço.

REFERÊNCIAS:

CNN BRASIL. China lança sonda lunar em meio a corrida espacial com os EUA. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/china-lanca-sonda-lunar-em-meio-a-corrida-espacial-com-os-eua/ . Acesso em: 14 maio 2024.

CNN BRASIL. Missão Artemis: o que se sabe sobre o retorno dos humanos à Lua. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/missao-artemis-o-que-se-sabe-sobre-o-retorno-dos-humanos-a-lua/  Acesso em: 14 maio 2024.

MEARSHEIMER, John. A Tragédia das Políticas das Grandes Potências. São Paulo: 2001.

SPACEX. Starship. Disponível em: https://www.spacex.com/vehicles/starship/ . Acesso em: 17 maio 2024