Julia Castro, acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais

Ficha Técnica:

Ano: 1997

Diretor (a): James Cameron

Distribuição: 20th Century Fox

Gênero: Épico, Drama, Romance

País de Origem: Estados Unidos

Baseado em relatos históricos sobre o naufrágio do RMS Titanic em 1912 e uma das maiores bilheterias de todos os tempos, a obra cinematográfica retrata como ocorreu à tragédia através de um romance fictício e proibido entre dois jovens de classes sociais diferentes, que estavam a bordo do navio. A narrativa aborda como as divisões sociais afetaram a relação do casal e a vida dos passageiros.

A trama inicia com uma equipe de exploradores recuperando um cofre nos destroços do RMS Titanic, no qual acreditam estar um colar chamado “Coração do Oceano”, mas encontram um desenho de uma moça nua datado do dia do naufrágio. Rose Dawson Calvert, uma idosa que afirma ser a pessoa do desenho, visita a equipe para contar sua história de sobrevivência. Em 1912, Rose embarca no Titanic como uma passageira da primeira classe junto com seu noivo, Cal, e sua mãe, Ruth. Insatisfeita com o casamento arranjado, Rose tenta se jogar do navio, mas é salva por Jack Dawson, um artista que era passageiro da terceira classe. Jack e Rose continuam se encontrando no barco, embora Ruth desaprovasse a relação de ambos, devido ao status social do rapaz.

Em um dos encontros, Rose pede que Jack a desenhe, porém Cal descobre o quadro e arma para parecer que Jack roubou o colar “Coração do Oceano”. A paixão entre ambos se intensifica e Rose decide que irá fugir com Jack, porém, naquela noite eles testemunham a colisão do Titanic com um iceberg. O navio começa a afundar rapidamente e todas as mulheres e crianças são convidadas a embarcar em pequenos barcos, mas os passageiros menos afortunados são trancados no andar de baixo. Os seguranças interrogam Jack sobre o colar e ele é preso, mas Rose consegue libertá-lo com metade do navio já afundado. Embora fosse noiva de um herdeiro, a jovem desafiou sua família e a própria vida em busca de seu verdadeiro amor e continuou com ele até seus últimos momentos.

Analisando o filme sob um viés mais critico, podemos relacioná-lo com a Teoria Marxista das Relações Internacionais, a partir do conceito de “Luta de Classes”. Para Marx e Engels, a sociedade é dividida pela infraestrutura e a superestrutura. A infraestrutura é composta pelas forças econômicas e produtivas da sociedade, enquanto a superestrutura é composta pelas instituições jurídicas, políticas e ideológicas (SARFATI, 2005). A família de Rose representa a superestrutura do navio, composta pela primeira classe que residiam em quartos luxuosos e tinham criados para auxiliá-los. Jack e seus amigos representam a infraestrutura do navio, composta pela terceira classe que se localizava nos níveis inferiores e não eram autorizados a entrar nas instalações superiores.

Os estados, por meio da superestrutura, têm o papel de reproduzir o modelo de dominação vigente. Sendo assim, se o modelo for de produção industrial e burguês, o estado defenderá os interesses dos grupos sociais dominantes, portanto, a política externa de um estado sempre refletirá os interesses dominantes da burguesia daquele país. (SARFATI, 2005). No filme, até mesmo na hora da tragédia, a divisão social entre a burguesia e o proletariado não foi deixada de lado pelos comandantes do navio. Os passageiros da primeira classe tinham botes salva-vidas porque possuíam dinheiro e poder, por isso tinham prioridade, enquanto que os passageiros pobres ficaram presos nos andares inferiores.  

Dessa forma, conclui-se que “Titanic” além de ser um clássico memorável, mostra a luta desigual pela sobrevivência entre ricos e pobres, desigualdade essa que ainda é persistente na estrutura do sistema internacional, entre países desenvolvidos, emergentes e subdesenvolvidos.

REFERÊNCIAS:

SARFATI, Gilberto. Teoria das Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.