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Maria Eduarda Diniz – acadêmica do 5° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

O documentário indicado ao Oscar, Democracia em Vertigem, analisa a trajetória política das últimas décadas até o impeachment da presidente Dilma Roussef, mostrando a divisão ideológica da sociedade brasileira no período e desde então. A diretora Petra Costa, contudo, não pretende que o projeto seja uma espécie de “relato histórico”, mas que seja mais uma leitura pessoal dos últimos acontecimentos políticos.

O documentário busca mostrar a polaridade política no Brasil a partir de eventos importantes que aconteceram no país, principalmente na época do impeachment, como o “panelaço” de 2016 e a prisão do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, mostrando também esses eventos através dos olhos dos civis. Um dos aspectos interessantes é o discurso dos dois lados da família da cineasta, de um, os avós que apoiam a nova extrema-direita, de outro, os pais, apoiadores da esquerda, militantes presos no período da ditadura. A oposição entre a sua própria família, acaba refletindo a divisão ideológica de toda a sociedade brasileira.

Há a constante narração de fatos e imagens reais do período do impeachment, incluindo declarações oficiais de figuras como Aécio Neves e Jair Bolsonaro, mas carrega um teor poético que tira um pouco a totalidade do tom político da narrativa. A voz da diretora Petra é a que se sobressai, com suas próprias percepções, esperanças e desesperanças acerca da situação política atual, e a cineasta utiliza desta forma poética para apresentar a força dessas duas forças ideológicas no país.

O longa carrega uma melancolia diante de uma situação completamente desesperadora da política brasileira, cheio de inquietações, demonstrando que o sonho da revolução e libertação política se manteve nisso, num sonho belo e distante, e termina indagando que tipo de futuro está sendo construído.O filme passa a mostrar o fenômeno das fake News e como isso pode afetar nossas bases democráticas, e se estamos caminhando para um futuro com vozes cada vez mais antidemocráticas.