Naydine Louise – acadêmica do 1° semestre de Relações Internacionais da Unama

De acordo com o relatório do IPCC (2023,p.64), a influência humana na mudança climática é resultado de décadas de emissões de gases de efeito estufa provenientes da energia, mudanças no uso da terra e padrões de consumo. Apesar das tentativas de redução das emissões de CO2, estas foram superadas pelo aumento das atividades industriais, transporte e construção. Domicílios com maiores emissões per capita têm um impacto considerável nas emissões globais, assim como as áreas urbanas, que têm ampliado sua contribuição para as emissões globais de GEE.

Conforme Carvalho (2023), as mudanças climáticas têm o potencial de causar impactos significativos no comportamento, reprodução e tamanho dos animais, afetando diretamente a biodiversidade e os ecossistemas terrestres e marinhos. O aumento das temperaturas pode levar a mudanças drásticas nos ecossistemas terrestres e marinhos, afetando a distribuição de espécies, os ciclos de reprodução e migração, e a disponibilidade de recursos naturais, colocando em risco a sobrevivência de diversas espécies, sua capacidade de adaptação e a disponibilidade de alimentos. Além disso, essas mudanças influenciam diretamente os padrões climáticos regionais, levando a eventos climáticos extremos. Nesse sentido, o Realismo Ambiental, como teoria dentro das Relações Internacionais, ressalta a importância de os Estados considerarem as questões ambientais em suas estratégias políticas e de segurança, destacando a relevância da cooperação internacional para lidar com desafios ambientais compartilhados, como as mudanças climáticas.(CARVALHO, 2023)

As mudanças climáticas exercem impactos significativos na produção agrícola, influenciando os padrões de cultivo, a produtividade e a incidência de pragas e doenças nas plantações. A variabilidade climática pode resultar em adaptações nos cultivos, uma vez que determinadas culturas podem tornar-se inviáveis em certas regiões devido a condições climáticas desfavoráveis. Adicionalmente, as mudanças climáticas podem acarretar redução da produtividade, uma vez que as plantas podem sofrer estresse hídrico, alterações na disponibilidade de nutrientes e variações nos ciclos de crescimento. A maior incidência de pragas e doenças também é uma preocupação premente, visto que as condições climáticas favoráveis podem propiciar a proliferação desses organismos.

 Paralelamente, as alterações nos padrões climáticos impactam a disponibilidade de água doce, desencadeando períodos de seca mais prolongados em algumas regiões e inundações mais frequentes em outras. Esta realidade pode influenciar diretamente a irrigação das plantações e o abastecimento hídrico para o gado, afetando a produtividade e a saúde dos animais. Além disso, o aumento das temperaturas pode contribuir para a propagação de doenças transmitidas por vetores, como malária e dengue, representando riscos adicionais para a saúde humana. Estes aspectos evidenciam a complexa interação entre as mudanças climáticas e a agricultura, destacando a necessidade premente de compreender e abordar estes desafios para garantir a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável.(PNACC,2015,p. 38)

As comunidades mais vulneráveis enfrentam desafios adicionais decorrentes do aumento das temperaturas. Isso pode incluir o deslocamento devido à elevação do nível do mar, perda de meios de subsistência tradicionais e exposição a eventos climáticos extremos (IPCC, 2014). As principais causas do aumento das temperaturas médias estão relacionadas às atividades humanas, incluindo as emissões de gases de efeito estufa provenientes principalmente da queima de combustíveis fósseis e o desmatamento.

O relatório do IPCC de 2014 destaca o agravamento dos desafios enfrentados por populações em situação precária em relação aos direitos básicos. No contexto brasileiro, onde persistem acentuadas desigualdades sociais e regionais, a pobreza é um dos principais fatores que aumentam a sensibilidade da população aos efeitos da mudança do clima e reduzem sua capacidade adaptativa (Brasil, 2016). Além disso, questões de gênero, cor e raça, bem como grupos populacionais tradicionais e específicos (GPTEs), inseridos em um contexto de desigualdades estruturantes, também contribuem para a condição de vulnerabilidade social (COEP, 2011).

Frente à necessidade de enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, torna-se crucial a implementação de estratégias de adaptação para lidar com os impactos atuais, ao mesmo tempo em que se busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa por meio da transição para fontes de energia limpa. Nesse contexto, as comunidades locais desempenham um papel crucial na resposta efetiva às mudanças climáticas. Além disso, a importância de uma abordagem integrada e equitativa para lidar com a ação climática e o desenvolvimento sustentável destaca a urgência da transformação para a sustentabilidade e a ação resiliente ao clima, enfatizando o papel crucial das cidades costeiras. Conclui-se que o desenvolvimento resiliente ao clima é fundamental para avançar o desenvolvimento sustentável, mas sua viabilidade pode ser comprometida em algumas regiões se o aquecimento global exceder 2°C. Destaca-se ainda a importância de salvaguardar a biodiversidade e os ecossistemas para alcançar o desenvolvimento resiliente ao clima.

Referências:

Carvalho, Rone. Como mudanças climáticas estão alterando comportamento, reprodução e tamanho de animais. BBC.com, ano. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c0jlkj2ydn0o>. Acesso em: 14, jun. 2024.

IPCC. (2023). Summary for Policymakers. In: Climate Change 2023: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Equipe de Redação Principal, H. Lee e J. Romero (eds.)]. IPCC, Genebra, Suíça, pp. 1-34. DOI: 10.59327/IPCC/AR6-9789291691647.001 [Tradução para o Português: Mudança do Clima]. O “Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima.foi publicado em 2015 pelo GOV.BR e está disponível em https://www.mds.gov.br/webarquivos/arquivo/seguranca_alimentar/caisan/Publicacao/Caisan_Nacional/PlanoNacionaldeAdaptacaoaMudancadoClima_Junho2015.pdf