Yasmin Garcia- Internacionalista formada pela Unama.

Em 2007, a Organização das Nações Unidas instituiu o dia 2 de abril como o Dia de Conscientização sobre o Autismo, e em 2018, essa data foi oficialmente incluída no calendário oficial da organização (AUTISMO E REALIDADE, 2023). Não obstante a visibilidade atual acerca do tema, anos foram necessários para estudos e pesquisas sobre o Transtorno do Espectro Austista (TEA).

O termo “autismo” foi criado em 1908 por Eugen Bleuler, que usava para descrever a fuga da realidade para um mundo interior – que, naquele contexto, o psiquiatra observava em pacientes esquizofrênicos. Apesar das contribuições de Leo Kanner e Hans Asperger para o tema, nos anos de 1950 ainda se acreditava que o TEA era um distúrbio causado por pais emocionalmente distantes, o que, segundo os pesquisadores, acarretava em crianças com dificuldades de se relacionar e com comportamentos estereotipados (AUTISMO E REALIDADE, 2023).

Na década de 1960, ficou evidenciado que o autismo era um transtorno cerebral presente desde a infância. Foi apenas através de Michael Rutter, em 1978, que o autismo foi classificado como como um distúrbio do desenvolvimento cognitivo: o psiquiatra ajudou também a definir critérios para o “diagnóstico” de pessoas autistas – aqui incluso o atraso e desvio social e os problemas de comunicação -, e em 1980 contribuiu para a elaboração de um manual que melhor explicava a condição (AUTISMO E REALIDADE, 2023).

Conforme Perez (2020), as principais características de pessoas TEA são: dificuldades no relacionamento pessoal, estabelecimento de rotinas, realização de tarefas sempre da mesma maneira e movimentos repetitivos. A autora também apresenta a pesquisa do Center for Disease Control and Prevention (CDC), que diz que 1 em cada 54 crianças apresentam TEA, ressaltando a alta recorrência dos casos.

Diante de todos esses fatos, Oliveira (2023) salienta a importância do suporte para essas crianças: primeiramente, a família, responsável por incluir a criança e tentar garantir ao máximo sua independência e melhor relação com o mundo exterior; segundo, a escola, que, trabalhando junto à família, proporcione maior inclusão, com a ajuda de profissionais qualificados e conscientes, que aprendam a lidar com a criança e suas necessidades – já que, de acordo com a autora, são poucas as crianças TEA que desenvolvem altas habilidades.

Analisando o tema sob uma óptica internacionalista, pode-se relacioná-lo com a tese de Michel Foucault, autor pós-moderno de Relações Internacionais: as práticas discursivas, segundo o autor, são o modo da sociedade de ressaltar os discursos dominantes, expressando o domínio da ideia sobre a população (BRAGANÇA, S.I). Por muito tempo, como mostrado com os fatos supracitados, criou-se um estereótipo para pessoas autistas, que acabava sendo creditado pela maioria da comunidade mundial, caracterizando a “prática discursiva” dita pelo filósofo.

Torna-se essencial, portanto, estudar, pesquisar e se especializar cada vez mais no assunto, para que os indivíduos não falhem na missão de incluir e conscientizar os outros nessa causa tão importante. O dia 2 de abril passará a ser apenas um marco, a partir do momento que as pessoas entenderem que a luta pelos direitos de crianças, adolescentes e adultos TEA é algo diário, que ultrapassa datas específicas.

REFERÊNCIAS

[S.I.] O que é o autismo?. Autismo e Realidade, 2023. Disponível em: https://autismoerealidade.org.br/o-que-e-o-autismo/marcos-historicos

BRAGANÇA, Daniel Avellar. A Teoria Pós-moderna Das Relações Internacionais: Uma Discussão. São Paulo: UFSC, [S.I].

Oliveira, Andréa M. P. A Complexidade do Autismo: Da Genética ao Comportamento, da Conscientização à Inclusão. Revista de Psicologia, 2023.

PEREZ, Cintia. Dia Mundial de Conscientização do Autismo. NEXO Intervenção Comportamental, 2020.