Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a União Soviética emergiram como as únicas superpotências, dando início a um período conhecido como Guerra Fria. Essa disputa de ideologias opostas dividiu o mundo em dois blocos e gerou insegurança entre os países. Por conta disso, foi criada em 1949 a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) por 12 países, incluindo os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e França, com o objetivo de conter o avanço da União Soviética, estabelecendo a aliança militar e sua expressão institucional como uma organização internacional por meio do Tratado de Washington. A organização consistia em um conselho que poderia estabelecer corpos subsidiários e um comitê de defesa, encarregado de supervisionar o desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas para resistir a um ataque armado.

Após o colapso da União Soviética em 1991, a aliança militar liderada pelos Estados Unidos e Europa admitiu 13 países da região como membros, incluindo as ex-repúblicas soviéticas Estônia, Lituânia e Letônia. A OTAN, então, passou por mudanças, por constantes mudanças, adaptações e ajustes em suas concepções estratégicas e organogramas para se adaptar à emergência de novas ameaças e às constantes alterações de cenários, incluindo a perda da ameaça soviética e da Alemanha Oriental socialista. Ela também estabeleceu um sistema de cooperação com a Federação Russa e outros membros do Pacto de Varsóvia e expandiu sua área de interesse para além da Europa e passou a atuar também na África, Oriente Médio e Ásia em operações de manutenção de paz.

Embora esperasse-se que a aliança não sobrevivesse ao fim do conflito, a OTAN permaneceu, cortou custos, renacionalizou a defesa e buscou outras formas de cooperação internacional. A OTAN mudou seu objetivo, deixando de se preparar para reagir a um ataque para se voltar à contenção de conflitos localizados, apoio à defesa civil em emergências e luta contra o terrorismo.

A persistência da OTAN no sistema internacional pode ser compreendida pela teoria dos jogos e a teoria do equilíbrio de poder, que estabelecem que a distribuição das capacidades de cada Estado no sistema internacional determina as posições de cada um na luta pelo poder. A teoria do equilíbrio de poder é uma configuração resultante das políticas dos Estados na luta pelo poder, o que pode levar à guerra. Ou seja, as alianças podem contribuir para o estabelecimento de um equilíbrio de poder, mas não são estáveis, já que limitam a liberdade dos Estados para agir em função de seus interesses nacionais e podem fortalecer os aliados do presente que podem se tornar adversários no futuro.

Por outro lado, a teoria dos jogos introduz a ideia de que os Estados mais fracos podem decidir se aliar ao Estado mais poderoso, em vez de se contrapor a um possível ator hegemônico, de forma a equilibrar o sistema. E é possível notar isso a partir da atual Guerra da Ucrânia com o pedido da Ucrânia em entrar para a OTAN em resposta à anexação de quatro territórios ucranianos feitos pela Rússia.

Dessa forma, a OTAN continuará contribuindo e influenciando o âmbito político e o de segurança global, esforçando-se para se tornar mais eficaz, realizar maior cooperação entre os estados membros e enfrentar novos desafios, como a Guerra da Ucrânia, a ascensão da China, o ressurgimento da Rússia, questões de migração e cibersegurança.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BBCNEWS. Qual o papel da Otan no confronto entre Rússia e Ucrânia?. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60580704&gt;. Acesso em: 6 maio. 2023.

BERTAZZO, J. Atuação da OTAN no pós-Guerra Fria: implicações para a segurança internacional e para a ONU. Contexto Internacional, v. 32, n. 1, p. 91–119, jun. 2010.

DOHANI PEREIRA, R.; VEIGA MARGAZÃO, D. A criação da Otan e sua permanência do período pós-Guerra Fria. Fronteira: revista de iniciação científica em Relações Internacionais, v. 3, n. 5, p. 83-104, 11.