
Brenna da Silva Dias
acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Dona de uma carreira invejável, tendo atuado em filmes atemporais, a atriz Michelle Yeoh tornou-se a segunda mulher não-branca a ganhar o Oscar na categoria de melhor atriz. Através de sua história, Michelle demonstra as dificuldades enfrentadas por mulheres que atuam em lugares predominantemente masculinos no meio hollywoodiano.
Yeoh Choo-Kheng nasceu em 6 de agosto de 1962 em Iphon, Malásia. Filha de um advogado e uma dona de casa, em sua infância ela sonhava em se tornar bailarina, tanto que aos 15 anos mudou-se para Inglaterra para estudar na London Royal Academy of Dance. Contudo, seu plano não prosseguiu por conta de uma contusão na coluna. Em 1983, quando Yeoh retornou para casa, ela participou de concursos de Miss e foi coroada Miss Malásia. Com o título, surgiu a oportunidade de contracenar com Jackie Chan em um comercial e, a partir daí, sua carreira como atriz começou a deslanchar.
No início, a atriz adotou o nome artístico de “Michelle Khan”, porém anos depois substituiu Khan por seu primeiro nome, Yeoh. Em 1984, estreou no seu primeiro filme, “The Owl vs Bumbo” (1984), onde interpretava o papel da “mocinha em perigo”. O resultado não agradou Michelle e no ano seguinte dedicou-se estudar artes marciais em filmes de ação. Um ano depois, estreou “Yes, Madam!” (1985), onde lhe concedeu grande reconhecimento no mundo das artes marciais.
Michelle dominou um cenário que era predominado por homens: os filmes de ação. Na década de 1980 e 1990 foi o grande ápice dos filmes de ação com artes marciais, e a atriz estava em praticamente todos.
Em 1997 teve sua estreia no cinema ocidental com o filme “007 – O Amanhã Nunca Morre”, foi a primeira “Bond Girl” asiática, onde interpretou uma das primeiras parceiras de 007 que lutava mais do que ele. Contudo, Michelle revelou que a oportunidade não fez com que os produtores a vissem adequadamente, ela disse em entrevista para People: “Naquele ponto, pessoas na indústria não sabiam distinguir se eu era chinesa, japonesa, coreana ou se eu sequer falava inglês. Eles simplesmente falavam bem alto e bem devagar.”
Depois disso, seus papéis no mercado ocidental foram restringidos a estereótipos asiáticos, fazendo com que a atriz os recusasse e desse uma pausa por 2 anos em sua carreira, retornando em 2000 com “O Tigre e o Dragão”.
Em 2021, durante as promoções de “Shang-Chi e a lenda dos Dez Anéis”, ela relembrou de seu parceiro de cena Jackie Chan no filme “Police Story 3 – Supercop” (1992) e o machismo nas falas do ator, para ele “o lugar das mulheres é na cozinha, não em filmes de ação”, revelou para o The Guardian (2022), e continuou; “Ele costumava dizer isso e se gabar de que as mulheres não tinham as mesmas habilidades que os homens, até que dei uma boa surra nele e mostrei onde era o meu verdadeiro lugar”.
Através de sua história, é possível relacionar a atriz Michelle Yeoh a Teoria Feminista das Relações Internacionais. Teoria esta que apresenta, como núcleo de estudos, questões relacionadas à identidade, como por exemplo, cultura, raça e gênero. Apresentando, um viés que estuda o cenário político internacional por intermédio da análise dos indivíduos, utilizando-se de casos empíricos ao buscar uma maior visibilidade às questões de gênero e a vida das mulheres (VIANA, 2016).
Em 2022 foi lançado o grande sucesso “Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo”, filme do estúdio A24 que possui Michelle no papel principal. Sucesso absoluto de críticas, a trama rendeu para a atriz todo reconhecimento da indústria americana que lhe foi negado por anos, assim como a quebra do etarismo sofridos por mulheres na indústria do entretenimento. Yeoh foi indicada para 11 categorias no Oscar, e levou para casa sete estatuetas, entre elas a de melhor atriz, sendo a segunda mulher não branca a receber a estatueta nesta categoria e a primeira asiática, fazendo história para a população asiática no geral e mulheres que atuam no meio de filmes de ação.
REFERÊNCIAS:
CONHEÇA a trajetória de Michelle Yeoh, ganhadora do Oscar de Melhor Atriz. [S. l.]: Exame, 15 mar. 2023. Disponível em: https://exame.com/casual/conheca-a-trajetoria-de-michelle-yeoh-ganhadora-do-oscar-de-melhor-atriz/. Acesso em: 6 maio 2023.
JACKIE Chan achava que lugar de mulher era na cozinha e não em filmes de ação, diz Michelle Yeoh. [S. l.]: Rolling Stones, 6 set. 2021. Disponível em: https://rollingstone.uol.com.br/cinema/jackie-chan-achava-que-lugar-de-mulher-era-na-cozinha-e-nao-em-filmes-de-acao-diz-michelle-yeoh/. Acesso em: 7 maio 2023.
MICHELLE Yeoh e as barreiras de diversidade, gênero e idade. [S. l.]: Uol, 10 mar. 2023. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2023/03/10/michelle-yeoh-e-as-barreiras-de-diversidade-genero-e-idade.htm. Acesso em: 7 maio 2023.
MICHELLE Yeoh ficou 2 anos sem trabalhar para evitar papéis estereotipados. [S. l.]: IgorMiranda, 6 mar. 2023. Disponível em: https://igormiranda.com.br/2023/03/michelle-yeoh-sem-trabalhar-papeis-estereotipo/. Acesso em: 7 maio 2023.
VIANA, R. Raça, gênero e classe na perspectiva de Bell Hooks. Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 24, 2021. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/fcs/article/view/66604/> . Acesso em: 6 mai. 2023.