Manuelle Catunda Gaia (acadêmica do 3º semestre de RI da UNAMA )

No decorrer das décadas, as relações sino-russas enfrentaram inúmeros desentendimentos. Especialmente após o fim da Guerra Fria e  a dissolução da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, quando então, o Estado chinês se permitiu pensar em possíveis cooperações com a  Rússia.  

Com a chegada de Vladimir Putin à presidência russa, os horizontes de uma aproximação entre as duas nações se tornaram cada vez mais nítidos. Em 2001, com a assinatura do Tratado de “Cooperação de Amizade e Boa Vizinhança”, Putin e Jiang Zemin, então presidente chinês, passam a compartilhar da postura de repressão ao avanço militar estadunidense no continente asiático. Postura estratégica  esta, que o diplomata Lui Guchang avaliou, em 2006, como “Uma Necessidade  de transição para a multipolaridade e de uma ordem internacional mais democrática nos primeiros anos do século XX”.

Ao passo que Rússia e China começam a trabalhar na busca pelo ideal de confiança mútua, o teórico estadunidense Kenneth Waltz, entende corretamente os rumos do cenário internacional, ao analisar que “O movimento quase inevitável da unipolaridade para a multipolaridade está ocorrendo não na Europa, mas na Ásia” (WALTZ, 2000, p.32)

Ainda durante o início do século XXI, Moscou observou a República Popular da China ter seu “boom” econômico, o que gerou um grande distanciamento econômico, uma vez que, em 2010 a economia chinesa era quatro vezes superior  à  russa, Já em 2018, o Estado chinês se torna oito vezes maior financeiramente, que o seu parceiro ao norte. (WORLD BANK GROUP, 2019).

Essa disparidade econômica, abre espaço para agências midiáticas ocidentais, proferirem discursos sinofóbicos, em uma tentativa desesperada de interferir na aproximação russa-chinesa, e pela manutenção do discurso norte-americano de “ameaça chinesa”. Tentativas estas, fracassadas, segundo o que Putin afirmou em 2012: “O crescimento econômico da China não é de forma alguma uma ameaça”, mas sim “uma chance de pegar o vento chinês nas velas da nossa economia”.

A China, ao eleger o presidente da Comissão Militar Chinesa, Xi Jinping, presidente da República Popular, se vê fortificando seus acordos bilaterais de caráter  militares com a Rússia. Um forte exemplo disso, apresenta-se na fala do Ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, durante a 7ª Conferência em Segurança Internacional de Moscou, onde afirmou, que em 2018, o intercâmbio militar sino-russo atingiu uma “fase sem precedentes”, visando “garantir a paz e a segurança internacional “.

Diante disso, é nítido o entendimento mútuo entre Rússia e China, de que seus interesses, como duas potências continentais, são de caráter extremamente benéfico. Suas perspectivas de defesa nacional, convergem com seus interesses de defesas regionais. Rússia e China visualizam com excelência seus lugares no cenário global, assim como seus papéis enquanto parceiros bélicos, de moderadores da estabilidade e da soberania de seu principal ponto de interesse, a segurança da Ásia Central. 

REFERÊNCIAS

WALTZ, K. Structural Realism after the Cold War. International Security, 2000, 25(1), 5-41. Disponível em http://www.jstor.org/stable/2626772, acesso em 24 de abril de 2023.

WORLD BANK DATA, disponível em https://data.worldbank.org/, acesso em 24 de abril de 2023.

7ª CONFERÊNCIA EM SEGURANÇA INTERNACIONAL, realizada em Moscou. FONTE: Sputnik https://br.sputniknews.com/defesa/2018040310895790-china-russia-cooperacao-militar-eua/ 108 

https://br.sputniknews.com/defesa/2018091112181542-russia-china-manobras-vostok-2018/