Tiago Callejon Santos – acadêmico do 7° semestre de Relações Internacionais da Unama

Um dos aspectos característicos e fulcrais das ciências sociais e dos seus objetos de estudo se referem à busca e à compreensão da realidade humana em meio ao conjunto social ou comunitário o qual este ser humano está incluso. Por ser um ramo de estudos diversificado e distinto em si mesmos, destaca-se o papel das Relações Internacionais como uma ciência social que visa compreender as estruturas sistemáticas da estrutura mundial e de outras configurações que moldem as realidades e as particularidades dessas sistematizações, configurações estas de variadas naturezas, como a economia, a cultura, a territorialidade, a política nacional, internacional e a externa, o militarismo, dentre outros.

No que se refere aos aspectos culturais que, potencialmente, podem vir a ser introduzidos e o são, nas Relações Internacionais, seriam referentes às realidades esportivas e aos esportes propriamente ditos. Os esportes são compreendidos como, segundo o dicionário Aurélio (2008)  o “conjunto dos exercícios físicos praticados com método, individualmente ou em equipe; desporte, desporto, qualquer deles.  E que faça gerar entretenimento”. Portanto, evidencia-se, em sua concepção, atividades que atribuam dinamismo nas relações corporais dos homemns, em caráter individual e coletivo, com o propósito de gerar recreação ou competição entre os participantes.

Outrossim, exposto as definições próprias de esportes, é válido ressaltar a influência e a importância que essas atividades venham a contribuir, em caráter global, pras as Relações Internacionais. Em essência, o historiador alemão, Erik Hobsbawn, alerta que os esportes, mais propriamente no século XIX, detinham uma natureza mais marginalizadora e elitista nos países europeus e, com o passar do tempo, estes mesmos países viriam a vincular fortemente as realidades esportivas como um pilar de identidade nacional a estes próprios Estados, perpassando-lhes um demasiado prestígio em escala nacional e internacional.

Outrossim, o autor inglês, Barrie Houlian, expõe que os esportes se figuraram como uma das principais ferramentas de explanação do fator cultural, em perspectiva mundial por meio dos processos de globalização, ao longo do século XX e que, posteriormente, viriam a ser utilizados como instrumentos fulcrais para a manunteção da Política Externa de alguns países que viriam a adotar os próprios esportes em suas próprias consolidações de Política Externa, diplomacia pública e Soft Power. Afinal, os esportes, conforme o próprio, ofereceram uma variedade de contextos a serem articulados em via de explorar os seus significados para às relações internacionais.

Com efeito, o sociólogo alemão, Nobert Elias, discorre acerca do processor civilizador acerca dos estudos fenomenológicos dos esportes às ciências sociais em geral, em especial à sociologia. Elias indaga que, em primeira ordem, os esportes não eram reconhecidos – pelas ciências sociais – como um objeto de estudo que viria a contribuir para as análises de saberes profissionais e desenvolvimentos teóricos nas percepções destas ciências às próprias estruturais globais e mundiais para os fins de organização em sociedades dos homens. Dito isto, o próprio chegar a realizar críticas a fim de demonstrar como os esportes em si mesmos auxiliam para a construção de um método de análise que viria a ser e há de ser intrinsecamente ligada com o desenvolvimento das próprias ciências sociais, incluso às Relações Internacionais, para chegar a um melhor desenvolvimento e entendimentos orgânicos de suas análises mediante à operação de mundo que os esportes proporcionam às relações de poder e às relações culturais dos povos e dos Estados.

Por fim, como já citado, Joseph Nye, autor neoliberal das Relações Internacionais, destaca que os esportes se configuram como um objeto eficaz de Soft Power não mãos dos Estados para a introdução e originação de novos modalidades e formatos de políticas públicas, em suas próprias disposições, os quais reverberariam na disposição dos próprios Estados em suas Políticas Externas. Afinal, uma vez que se tem em mente que os Estados influenciam indiretamente o comportamento e a mentalidade de outros organismos políticos em seus jogos de poder, então, de fato, tem-se como efetivado a consolidação e a aptidão dos próprios Estados, e outros organismos internacionais, em utilizar os esportes como ferramentas de comunicação, contribuição e de resolução de várias divergências e incorrências que se ocasionam no Mundo, no Sistema Internacional e das relações simbióticas dos próprios organismos que integram o Sistema Internacional.

REFERÊNCIAS

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. MINI AURÉLIO: O DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA; Editora Positivo, Edição n° 07. Brasil, 2008. Disponível em https://www.travessa.com.br/mini-aurelio-o-dicionario-da-lingua-portuguesa-7-ed-2008/artigo/86e3cd8f-5f62-4ab2-8a4e-e360e9c11b69

ELIAS, Nobert.; DUNNING, Eric. A busca da excitação; Difel. Lisboa, 1992. Disponível em https://www.academia.edu/4894091/A_busca_da_excita%C3%A7%C3%A3o_norbert_elias_e_eric_dunning

SUPPO, Hugo. Reflexões sobre o lugar do esporte nas relações internacionais. Contexto Internacional, Scielo. Publicação: dezembro de 2012, Brasil. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cint/a/gh73bx3PJw7QjD7QGvv5QZB/?lang=pt#:~:text=O%20esporte%20%C3%A9%20o%20fen%C3%B4meno,pol%C3%ADtica%20mundial%20

HOBSBAWN, Eric. A invenção das tradições. Paz e Terra; Rio de Janeiro, Brasil, 1997. Disponível em https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4504477/mod_resource/content/1/HOBSBAWM%2C%20E.%20Inven%C3%A7%C3%A3o%20das%20tradi%C3%A7%C3%B5es.%20Introdu%C3%A7%C3%A3o.pdf

GRUNENVALDT, José; SURDI, Aguinaldo; KUNZ, Elenor. O processo civilizador e o esporte em Nobert Elias. EFDeportes.com, Revista Digital; N° 159, Agosto de 2011, Buenos Aries, Argentina. Disponível em https://www.efdeportes.com/efd159/o-esporte-em-norbert-elias.htm