
Cristine Oliveira, acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais
Ficha técnica:
Ano: 1997
Diretor: Hayao Miyazaki
Distribuidora: Toho
Gênero: Animação. Fantasia.
País de origem: Japão
Um dos maiores sucessos do Studio Ghibli, a animação “Princesa Mononoke”, do diretor Hayao Miyazaki, acompanha a trajetória de Ashitaka, o príncipe do povo Emish, em busca da cura para uma maldição letal. No caminho, o jovem acaba em meio a uma guerra entre Srta. Eboshi, líder da ilha do ferro, e San, a princesa Mononoke, a qual luta para frear a degradação da floresta causada pela vila mineradora.
A trama começa a partir da invasão do vilarejo Emish, por um deus javali, que tomado pelo ódio contra humanos, causa destruição por onde passa. Ashitaka, para defender seu povo, mata esse deus e recebe sua maldição. A maldição, ao mesmo tempo que dará uma força sobre-humana a ele, será a causa de sua morte. No entanto, a única possibilidade de cura está com Shishigami, o espírito regente da floresta, responsável pela vida e pela morte. Sendo assim, o príncipe decide seguir sua jornada em busca da cura.
Com destino à floresta, Ashitaka encontra Tatara, um vilarejo baseado na atividade mineradora, e logo conhece a líder Eboshi, descrita pelos moradores como uma pessoa boa, por ter empregado indivíduos à margem da sociedade, como leprosos e prostitutas. A líder mostra ao príncipe, a produção de armamento para acabar com o espírito guardião da floresta, e seguir com a exploração, então, ele percebe que ela foi a responsável pela ira do deus javali, que o amaldiçoou. Em nome do progresso, Eboshi promove a destruição da floresta, ignorando toda e qualquer tipo de vida ali presente. Essa atitude expansionista da líder, é a origem do conflito violento com San, conhecida como princesa Mononoke, a humana, que desde criança tem os deuses lobos como seus familiares.
Ashitaka, a todo momento se apresenta como um pacificador, tentando mediar a guerra entre humanos, deuses e animais, porém, em um dado momento, a líder dos Tataru consegue o que queria, a “morte” do espírito da floresta. Contudo, a entidade assume uma forma caótica e se volta contra os humanos, causando destruição generalizada. O equilíbrio só é reestabelecido após o príncipe e San, devolverem ao espírito, a sua cabeça, que foi decepada pelos soldados de Eboshi.
Trazendo um olhar crítico à obra, é possível traçar um paralelo com a Teoria Marxista, das Relações Internacionais, pois segundo Marx e Engels, a guerra é consequência natural do modelo econômico capitalista. Sendo assim, a busca por mercados gera conflitos por terras, entre as potências e países menores, ou até mesmo conflitos locais, entre países pequenos pela revisão das fronteiras, motivados pela ganância da burguesia (SARFATI, 2005, p. 114). Dessa forma, pode-se concluir, que o conflito demonstrado na animação, é motivado principalmente pela ganância de Eboshi, que, seguindo uma lógica capitalista, inferioriza outros modos de vida que não os de sua comunidade.
Logo, o filme “Princesa Mononoke”, ainda que lançado em 1997, e retratando um Japão pré-industrial, na chamada era Muromashi, se faz extremamente atual, pois, segundo palavras do próprio diretor, Hayao Miyazaki, a intenção da obra era de “retratar o início do conflito aparentemente insolúvel, entre o mundo natural e a civilização moderna”. Além de debater sobre questões ambientais, a obra também quebra com o maniqueísmo, trazendo personagens complexos e problemáticas que vão além de soluções simplistas.
Referências:
Princesa Mononoke. Disponível em: https://studioghibli.com.br/filmografia/princesa-mononoke/. Acesso em: 8 abr. 2023.
SARFATI, Gilberto. Teoria das Relações Internacionais. São Paulo: Saraiva, 2005.