Brenna da Silva Dias

acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Dona de uma discografia repleta de sucessos, a cantora, rapper e compositora M.I.A é um dos principais nomes quando se trata de superação e ativismo.

Mathangi Maya Arulpragasam nasceu em 18 de julho de 1975 em no distrito de Hounslow, em Londres. Maya passou por uma infância conturbada, aos seis meses de vida mudou-se com seus pais para Jaffna, no Siri-Lanka. Filha de um ativista político e membro fundador da Eelam Organização Revolucionária dos Estudantes (EROS), seus primeiros anos de vida ficaram marcados por constantes deslocamentos causados pela pela Guerra Civil do país, a qual M.I.A presenciou e relatou que ela e seus colegas da escola primária eram treinados para se protegerem dos tiros que certas vezes eram dados pelo governo e atingiam a escola.

Depois de algumas mixtapes lançadas, em 22 de março de 2005, M.I.A lançou seu primeiro álbum intitulado “Arular”, o a obra chamou atenção do público por ser como nada visto anteriormente. Além de possuir um estilo muito diversificado , uma mistura de vários estilos musicais que acabaram criando um um estilo próprio inovador. Em adição, o álbum também possuía críticas religiosas, políticas, étnicas e ideológicas, cujo o nome foi dado em homenagem ao seu pai Arul Pragassam, que recebeu o apelido “Arular” como nome de guerra durante o conflito no Siri-Lanka.

Em decorrência do primeiro álbum, M.I.A foi colocada na lista de risco do Departamento de Segurança dos Estados Unidos, isso se deu porque, em suas músicas, a cantora fez menções ao movimento nacionalista do Siri-Lanka e de toda opressão que sofrem os tamis, palestinos e afrodescendentes.

Além de suas letras, os seus videoclipes também são carregados de fortes críticas e referências a questões sociais. No clipe da faixa Born Free de 2010, ela aborda a violência sem limites com que os imigrantes são tratados. A canção foi eleita uma das músicas de protesto mais fortes do século, contudo o clipe foi banido no Youtube do Reino Unido e Estados Unidos.

Em 2015, em meio ao tumulto gerado pelos ataques terroristas em Paris, M.I.A lançou o clipe de ‘Borders’ (fronteiras em livre tradução). O vídeo da música que fala justamente sobre os imigrantes sírios e sobre a xenofobia e dificuldades pelas quais eles passam para fugir da guerra. Dirigido pela própria M.I.A, mostra a cantora em um barco lotado de refugiados e causou bastante polêmica.

Através do teor crítico que possui nas suas obras, é possível relacionar as músicas de M.I.A com a teoria pós colonial das Relações Internacionais (RI). A teoria pós-colonial dá origem a análises fomentadas por questionamentos dos fundamentos sociais, epistemológicos e culturais produzidos pelo eurocentrismo. Ela representa um movimento de ruptura dos discursos mainstream da área de RI e busca, por sua vez, descortinar relações de poder assimétricas que implicam à subalternização. (NETO, 2017)

Em 2018, foi lançado o documentário “Matangi / Maya / M.I.A”, repleto de imagens pessoais nunca mostradas da vida da cantora. O longa foca nas dificuldades que a atriz passou na sua infância e na importância de expandir discussões importantes sobre imigração, xenofobia, indústria cultural e jornalismo.

Suas contribuições para o debate acerca de xenofobia e imigração tornaram M.I.A uma das cantoras mais importantes da atualidade.

REFERÊNCIAS:

AS MULTIFACETAS de M.I.A. MonkeyBuzz, 12 jun. 2013. Disponível em: https://monkeybuzz.com.br/materias/as-multifacetas-de-m-i-a/. Acesso em: 25 mar. 2023.

M.I.A e o ativismo musical. Entre discos e livros, 8 dez. 2015. Disponível em: https://entrediscoselivros.wordpress.com/2015/12/08/m-i-a-e-o-ativismo-musical/. Acesso em: 25 mar. 2023.

NETO, Barnabé Lucas de Oliveira. Pós-colonialismo e relações Internacionais. Revista Contribuciones a las Ciencias Socieales, 2017. Disponivel em: http://www.eumed.net/rev/cccss/2017/04/poscolonialismo-relacoes.html&gt

GUERRA, Renan. Cinema: “Matangi / Maya / M.I.A.”, de Steve Loveridge. [S. l.], 18 abr. 2019. Disponível em: http://screamyell.com.br/site/2019/04/18/cinema-matangi-maya-m-i-a-de-steve-loveridge/. Acesso em: 25 mar. 2023.