
Luciana Vasconcelos de Sousa – acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais da Unama
Desde o século XVI, com a colonização do Brasil pelos portugueses, os laços luso-brasileiros emergiram por diversos interesses políticos, socioeconômicos e culturais; aspectos comparativos às possíveis estratégias internacionais no século XXI, seja pelo ocasionamento das reformas institucionais ou pela formação de crises democráticas que assolam as relações intra e interestatais entre esses países no cenário atual.
Por meio da implementação do “Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta” em 1953, uma relação de bilateralismo emerge como um molde jurídico ao conteúdo político-diplomático entre Brasil e Portugal. A intrínseca alteração qualitativa nas últimas décadas do século XX, as quais são constituídas por crises, revelam o desempenho dessas aproximações intercontinentais; não somente na consciência coletiva desses povos, mas também como consequência às suas Instituições. No caso da política externa de Portugal, a ascensão da defesa de princípios éticos baseados no pragmatismo e na tenacidade refletem maiores recursos aos países que compartilham a lusofonia e que pertencem à Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa (CPLP). (MENEZES, 1997).
Apesar da formação de muitos estereótipos de opinião pública atrelados aos componentes históricos e sociológicos desses povos, as Conferências Ibero-Americanas afloram como responsáveis por fomentar suas posições e troca de interesses, as quais são facilitadas mediante a abertura econômica fornecida pelo Mercosul e pela União Europeia; uma vez que estes compartilham objetivos estratégicos, em prol da manutenção diplomática pelas negociações dentro do processo decisório e no combate a uma provável distorção de imagem dessas nações em defronte ao sistema internacional.
É perceptível um reforço da ação política no foro multinacional correspondente aos interesses dessas sociedades pela Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa (CPLP), principalmente sob o modelo de raciocínio construtivista, ao estabelecer um papel fundamental na definição de identidades do Brasil, de Portugal e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP’s), justamente pela sua interação na política internacional.
Ademais, a compreensão do conflito e da cooperação entre esses povos no quesito da segurança internacional é dependente do laços culturais e históricos que constituem suas identidades, de modo que as abordagens tradicionais do século XX comportem certos marcos transitórios denominados de “virada
sociológica” por meio de uma explanação inédita das subjetividades desse coletivo identitário. (MOTA, 2009).
Hodiernamente, devido a esse compartilhamento comum de amplitudes sociais entre esses países, há uma desburocratização quanto à instalação de imigrantes brasileiros no território portugês europeu pela documentação do visto; fator territorial marcante aos seus aspectos demográficos, pela atração de mão de obra e consumo, e questões relacionadas à atuação de seus métodos geopolíticos.
Do ponto de vista comercial, a expansão do investimento português no Brasil é considerado propício para a inserção da internacionalização de grandes empresas em Portugal, pois seus ramos estratégicos de exportação estão sendo gradativamente destacados nos acordos entre a União Europeia e o Mercosul. Isso significa a inferência de uma nova abertura dos portos portugueses com destino não somente ao Brasil mas, sobretudo, ao mercado global pela troca de produtos petrolíferos e agrícolas.
É imprescindível, mesmo diante de assimetrias, a consolidação da maturidade sistêmica entre Brasil e Portugal, sobretudo, com o vasto impulso da globalização no século XXI. Pelo ângulo da diplomacia cultural, uma reconstrução crítica aos valores exaltados no passado trazem à tona o reflexo dessas “sociedades-espelho” seja pela autodeterminação entre seus povos, seja pelos seus investimentos de reaproximação política.
REFERÊNCIAS
CERVO, Amado Luiz. “As relações entre Portugal e Brasil”. In: Amado Luiz Cervo. Brasília: Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, n.2, p. 2-7, 2000.
CERVO, Amado Luiz; CALVET DE MAGALHÃES, José.
“Depois das Caravelas: As relações entre Portugal e Brasil, 1808-2000”. In: Amado Luiz Cervo; José Calvet de Magalhães.
p.398. Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 2000.
GUIMARÃES, Lucia. “Relações culturais luso-brasileiras: encontros e desencontros”. In: Lucia Maria Paschoal
Guimarães. Rio de Janeiro: Anpuh, 2008.
MENEZES, Pedro. “As relações entre Portugal e o Brasil – uma perspectiva pessoal”. In: Pedro Ribeiro de Menezes. p. 28-29.
São Paulo: Via Atlântica, 1997.
MOTA, Mariana. “Brasil, Portugal e a CPLP: Possíveis
estratégias internacionais no século XXI”. In: Mariana Villares Pires Cerqueira da Mota. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2009.
PINTO, António; RAPAZ, Paulo. “Presidentes e (semi)presidencialismo nas democracias contemporâneas:
estudos inéditos”. In: António Costa Pinto; Paulo José Canelas Rapaz. Lisboa: ICS. Imprensa de Ciências Sociais, 2018.
PIRES, Roberto; LOTTA, Gabriela; OLIVEIRA, Vanessa. “Burocracia e Políticas Públicas no Brasil: interseções
analíticas”. In: Roberto Pires; Gabriela Lotta; Vanessa Elias de Oliveira. Brasília: IPEA; ENAP, 2018.SARAIVA, José. “500 anos de relações entre Brasil e Portugal”. In: José Flávio Sombra Saraiva. Brasília: Acta Chemica Scandinavica (Copenhagen), v. 43, n.1, p. 189-191, 2000.