
Giovanna Maia Anaissi Costa – acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais
Desde a descoberta do petróleo no século XIX o recurso se tornou uma das principais fontes de energia no mundo. Assim, por se tratar de um recurso vital para o desenvolvimento econômico, político e estratégico dos Estados, fomenta-se uma grande competição pelo domínio deste insumo, disputa tal que desencadeia vários conflitos. A partir disso, criou-se a visão de segurança energética, que está ligada a estabilidade da oferta de energia em casos de interferências externas ou internas que possam prejudicar o fornecimento de energia, logo, essa visão se transformou em uma sede associada à necessidade de armazenar cada vez mais petróleo ou no controle dos fornecedores de petróleo.
Tendo em vista o cenário de disputa global por petróleo, é importante mencionar a Guerra de Yom Kippur que decorreu de uma ação militar contra Israel, coordenada pela Síria e Egito, em 6 de outubro de 1973. Após o começo dos ataques, uma das primeiras preocupações da diplomacia dos Estados Unidos foi o impacto que o conflito poderia ter no mercado mundial de petróleo e como os países árabes, principalmente a Arábia Saudita, iriam reagir, após isso o país estadunidense viu a necessidade de intervir e apoiar Israel, que ao final do conflito não foi tão produtivo para o Estados Unidos e ao Ocidente, que fora aconselhado a apoiar Israel, considerando a Crise do Petróleo, na qual os países árabes que dominavam o comércio de exportação de petróleo e a OPEP aumentaram o preço dos barris de petróleo em retaliação ao apoio recebido por Israel, impactando diretamente na economia dos países que dependiam do petróleo principalmente como fonte de energia. (MOTTA; CAMPOS; LEMOS, 2021)
Devido a grande importância do petróleo e a mudança estrutural da economia global foram criadas instituições com a finalidade de facilitar e regular o acesso ao mercado mundial deste recurso, coordenado entre países produtores de petróleo, sendo uma delas a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), originalmente formada pelo Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela, posteriormente nove outros países foram adicionados. (GARCIA, 2014). A OPEP surgiu com o objetivo de coordenar e unificar as políticas de petróleo entre os países membros a fim de garantir preços estáveis e rentáveis para os produtores, e ao mesmo tempo criar uma forma eficiente e regular de abastecimento de petróleo para os países consumidores, e ainda uma remuneração para os investidores do setor. (OPEP, 2014)Como dito por Kenneth Waltz (1979) a existência de uma assimetria entre a distribuição de recursos influencia no comportamento dos Estados, que se portam de maneira racional e visam o maior benefício pelo menor custo, considerando o alinhamento com outros Estados pelo benefício mútuo, O autor também dizia que as mudanças estruturais dão origem à novas desconfianças e expectativas, que se darão pelos atos e interações entre os Estados, onde o posicionamento de cada um varia de acordo com as mudanças na estrutura.
Portanto, constata-se a influência do petróleo que historicamente impacta o mundo de diversas maneiras, as quais sempre terão de ser analisadas considerando as consequências e benefícios para a compreensão da economia, do desenvolvimento energético e estratégico, tendo em vista seus desafios e panoramas futuros. Dito isso, no momento atual, o petróleo continua sendo a chave da diplomacia entre muitos Estados – apesar do seu efeito negativo ao meio ambiente – em razão da sua contínua influência como recurso energético, mas também para a produção industrial. Haja vista que o mercado petrolífero se encontra em frequente instabilidade política, muitas das vezes gerando crises inflacionárias em múltiplos países além de diversas disputas internacionais, foi incentivada a busca por outras matrizes energéticas como estratégia para diminuir a dependência do petróleo ato que teve certo vigor, porém, não cessou a necessidade mundial desse recurso.
REFERÊNCIAS
PANORAMA INTERNACIONAL. O petróleo como recurso estratégico: do plano global ao local. Disponível emhttp://panoramainternacional.fee.tche.br/article/o-petroleo-como-recurso-estrategico-do-plano-global-ao-local/. Acesso em: 20 fev. 2023.
GARCIA, Stephanie Queiroz. Petróleo: Visão Geral e Aspectos Fundamentais nas Relações Internacionais. Revista Política Hoje, v. 23, n. 1, p. 129-148, 2014.
MOTTA, Bárbara; CAMPOS, Bruno; LEMOS, Débora. AS RELAÇÕES ESPECIAIS ESTADOS UNIDOS-ISRAEL E A GUERRA DE YOM KIPPUR: A CONSTRUÇÃO DEUM LASTRO SEGURO DE DISCORDÂNCIA. Relações Internacionais, n. 70, 2021.
BARROS, Pedro Silva; PINTO, Luiz Fernando Sanná. O Brasil do pré-sal e a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). 2010.
LINS, Hoyêdo Nunes. Geoeconomia e geopolítica dos recursos energéticos no capitalismo contemporâneo: o petróleo no vértice das tensões internacionais na primeira década do séculoXXI. Anais do 3 Encontro Nacional Associação Brasileira de Relações Internacionais, 2011.
SANTANA, Carlos Ribeiro. O aprofundamento das relações do Brasil com os países do Oriente Médio durante os dois choques do petróleo da década de 1970: um exemplo de ação pragmática. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 49, p. 157-177, 2006.