
Gabriel Micael Ferreira – Acadêmico do 5º semestre de RI da Unama
O Paradigma do Construtivismo não se baseia em um Sistema Internacional Anárquico como as Teorias Positivistas. Dessa forma, os teóricos dessa linha de pensamento, como Nicholas Onuf, não acreditam em um mundo submetido ao caos, incluindo, assim, uma nova ideia, de um mundo onde tudo é possível, sendo construído diariamente e tendo a relação entre agente e estrutura, um agindo sobre o outro com o passar do tempo.
No ano de 1995 acontecia em território alemão a primeira Conferência Entre as Partes (COP), colocando a discussão do desenvolvimento sustentável na mais alta prateleira dos assuntos internacionais. Trinta anos depois do primeiro encontro, o Brasil possui a oportunidade de sediar pela primeira vez uma COP, que, além do mais, decorreria em solo amazônico, levantando a questão da dimensão da floresta em proporções internacionais e da importância desse momento na região norte.
Em primeiro lugar, é importante destacar a relevância do território amazônico em dimensões internacionais, uma vez que é o berço da maior bacia hidrográfica do mundo e está diretamente ligada com o clima de Cuiabá, São Paulo, Buenos Aires e da Cordilheira dos Andes – concentrado cerca de 70% do PIB da América do Sul. Mineralmente, a região possui uma das maiores províncias do mundo, a de Carajás, alimentando os mais diversos setores de produção, e uma grande biodiversidade percebida nas plantas e nos animais existentes na Hileia.
Com isso, fica evidente o valor da floresta, tendo a necessidade de discutir medidas de proteção eficazes principalmente com os produtores de conhecimento locais. A lógica de criar medidas que envolvem a Amazônia é dissipada quando são discutidas em locais distantes daquelas nas quais serão praticadas, não gerando o resultado esperado. Além do mais, nesses últimos quatros anos, o Brasil passou por mudanças extremas em sua política externa relacionada ao meio ambiente, o país deixou de ser referência na proteção verde, abrindo espaço para o agronegócio e para as queimadas, alegando a ideia de um espaço econômico e exploratório, alegando um discurso de segurança e unidade territorial.
Por fim, unindo a teoria do Construtivismo com os elementos sobre a Amazônia, fica perceptível a mudança relacionando esses dois pontos, dispondo a importância desse evento no país, tanto pela necessidade de assegurar a biodiversidade e proteção da floresta e pela reconstrução da identidade brasileira em âmbito internacional, construindo a relação ideal entre a sociedade e o meio ambiente.
Referências:
Schwertner, C. (2021). Amazônia em Foco: Uma Análise das Políticas Brasileiras de Preservação da Região. Revista Perspectiva: Reflexões Sobre a temática Internacional, 14(26). Recuperado de https://www.seer.ufrgs.br/index.php/RevistaPerspectiva/article/view/111790
AMIN, Mario Miguel. A Amazônia na geopolítica mundial dos recursos estratégicos do século XXI. Revista Crítica Ciência Sociais, 2015.
ARRUDA FILHO, Marcos. et al. Brasil e sua política climática desarranjada rumo à COP 27. Ambiente e Sociedade. São Paulo, 2022.