Eliezer do Carmo – Acadêmico do 3° semestre de Relações Internacionais da Unama.

O Carnaval, há tempos, dá-se como uma das festividades mais populares no Brasil e no mundo, sendo assim, uma importante manifestação cultural e também um atrativo turístico para as diversas regiões do Brasil, movimentando exponencialmente a economia Brasileira. Entretanto, mesmo que o Carnaval atualmente seja visto por parte da sociedade como uma “festança capitalizada”, é importante trazer à tona suas origens, constituição e como no Brasil ele se coloca também como uma forma de resistência.

A origem histórica do Carnaval,remonta à Grécia antiga, como um culto ao deus Dionísio (BERLITZ, 2021), sendo este, diretamente ligado aos prazeres carnais, vinhos e as festas, dessa ideia de Carnaval advém também a ligação com o Cristianismo, na idade média. Nesse sentido, o Carnaval nesse período, era uma uma festança que poderia durar semanas ou meses, sendo essas datas, sempre antes do período de quaresma, tal intervalo de tempo imposto pela igreja, antes da semana santa. Desse modo, a quaresma, se dava como um ciclo de 40 dias após o Carnaval, responsável por expurgar os pecados da carne, como parte das regras, era necessário que houvesse jejum durante esse tempo.(SILVA, 2021).

No Brasil, o Carnaval, embora tenha se criado um imaginário de que popularmente é uma festividade com raízes em culturas africanas, era na verdade, do seu princípio até o início do século XX,(BETIM, 2016.) uma festa elitizada, onde apenas pessoas brancas poderiam comemorar, sendo inclusive proibida a participação de negros junto de pessoas brancas. Sendo assim, só após a vinda da festividade trazida por portugueses e toda a represália sofrida pela população negra, que houve esse encontro do carnaval e o samba, ritmo popularmente negro que surgiu em 1910 (HISCH, 2019), e que atualmente é uma das principais marcas do carnaval brasileiro.

  “No entrudo as famílias patriarcais brancas brincavam durante o carnaval, atirando umas nas outras água, farinha, lama, ovos e limões de cera com líquidos perfumados.” (GERMANO, 1999, p 132).

Dessa forma, é importante destacar, como a cultura do carnaval, assim como diversas outras, é também, mutável. Sendo assim, até manifestações culturais específicas são passíveis de alterações, ao ter contato com outros povos e costumes. Levando em consideração que, o Carnaval, atualmente tem diversas formas de se manifestar em diferentes partes do globo, e também como no Brasil essa manifestação é influenciada também pela cultura transportada por povos africanos, embora, não  sendo assim desde o princípio.

 “Qualquer sistema cultural está num contínuo processo de modificação. Assim sendo, a mudança que é inculcada pelo contato não representa um salto de um estado estático para um dinâmico mas, antes, a passagem de uma espécie de mudança para outra. O contato, muitas vezes, estimula a mudança mais brusca, geral e rápida do que as forças internas”. (LARAIA, 1986, p. 100)

Por fim, é válido trazer à discussão, o papel cultural do carnaval como força de resistência. Nesse viés, essa comemoração festiva, além de ter o samba como maior força, que por sua grande maioria é formada por interpretes negros, tem papel fundamental na exaltação de figuras históricas importantíssimas para história e para o folclore brasileiro. Dessa forma, a exaltação acontece principalmente nos desfiles das escolas de samba e suas alegorias. Essa resistência, se dá no caráter popular da festividade, quando um coletivo social se imbui de uma força para comemorar, festejar e expressar-se também artisticamente (MST, 2022 ). Portanto, vê-se, que além do caráter comercial do Carnaval, existem sim expressões de cultura, luta e resistência.

REFERÊNCIAS

BETIM, F. Rio de Janeiro. A origem do samba como gênero musical brasileiro. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2016/02/05/cultura/1454677768_746679.html&gt;. Acesso em: 16 fev. 2023.

COMO é o Carnaval ao redor do mundo.Berlitz, 2021. Disponível em: <https://www.berlitz.com/pt-br/blog/como-o-carnaval-ao-redor-do-mundo&gt;. Acesso em: 16 fev. 2023.

FERNANDA. Carnaval: cultura popular e resistência. MST,2022. Disponível em: <https://mst.org.br/2022/02/08/carnaval-cultura-popular-e-resistencia/&gt;. Acesso em: 16 fev. 2023.

GERMANO, Iris. O Carnaval no Brasil: da origem européia à festa nacional. Caravelle (1988-), p. 131-145, 1999.

HISCH, L. A origem do Carnaval. Disponível em: <https://www1.ufrb.edu.br/bibliotecacecult/noticias/228-a-origem-do&gt;. Acesso em: 16 fev. 2023.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14. Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2001.

SILVA, Daniel Neves. Origem do Carnaval. Disponível em: <https://biblio.direito.ufmg.br/?p=4474&gt;. Acesso em: 16 fev. 2023.