
Rafaela Vale – Acadêmica do 7º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
Ficha técnica
Ano: 2012
Autor(a): Kiera Cass
Gênero: Novel. Distopia. Romance.
País de Origem: Estados Unidos
Em um futuro distópico, após a Quarta Guerra Mundial, o que era conhecido como o território dos Estados Unidos da América dá lugar a diversas províncias que juntas formam o território de Illéa, uma nação regida por um regime monárquico e uma severa divisão social.
A organização social de Illéa divide-se em oito castas, sendo a primeira formada pela família real, a segunda por cargos elitistas em geral, três e quatro por intelectuais e habilidosos em serviços de primeira linha, a quinta camada formada por artistas e de seis à oitava camada seriam as marginalizadas, cujos integrantes realizariam os trabalhos braçais para as outras camadas.
Como uma prática geracional da família real — consistida pelo rei Clarkson, a rainha Amberly e o príncipe Maxon — dado o momento em que o herdeiro do trono atinge a idade adequada para o matrimônio, um evento de grande importância é anunciado, a Seleção. A prática consiste na escolha de trinta e cinco garotas, de diferentes castas sociais, para a escolha do príncipe Maxon em selecionar a garota ideal para a posição de rainha consorte de Illéa.
Dentre as selecionadas, America Singer, pertencente à camada cinco, chama a atenção do príncipe durante sua convivência dentre as participantes. A jovem, uma artista nata, possui uma longa história de amor com Aspen Leger, da casta seis, portanto, encontra na competição uma oportunidade de apenas conseguir um meio de sustento momentâneo para sua família, que estaria sendo beneficiada durante sua estadia no castelo. Entretanto, a aliança que America e Maxon estabelecem para uma amizade baseada em sinceridade em prol do evento passa a evoluir para algo mais.
Durante sua estadia no castelo, entre aventuras românticas e a disputa com outras competidoras, America vivencia a instabilidade daquele país, que, em meio a expectativa do povo quanto a escolha da nova rainha consorte, enfrenta diversos ataques de grupos rebeldes internos, o grupo nortista e o grupo sulista. Ambos os grupos buscam por mudanças, sendo os sulistas mais radicais e desejando o fim daquele modelo imposto e os nortistas de certa forma ainda amigáveis com a monarquia.
A problemática quanto ao sistema de Illéa inicia-se com a unificação do país, que ocorre após a Quarta Guerra Mundial, onde os Estados Unidos, como conhecido no século XXI, é alterado para Estados Unidos da China, devido ao domínio chinês sob os ataques ao território estadunidense justificados por uma dívida com a nação asiática.
Após anos, coube ao estrategista Gregory Illéa, realizar uma unificação do que um dia havia sido os Estados Unidos, dessa forma, se tornando o primeiro rei do território renomeado com seu sobrenome. Gregory também foi o responsável pela criação do sistema de castas, definidos através da quantia de cada família ao contribuir para a consolidação daquele país.
As revoltas em Illéa podem ser observadas sob a ótica do sociólogo Johan Galtung, que, por meio de sua teoria, expõe a ideia da pirâmide de violência, que coloca esta ação como um meio de divergência contra o cumprimento de ações eficazes que garantam suprir necessidades humanas (GALTUNG, 2003, apud GUERRERO, 2021).
Dentre as classificações de fomas de violência em Galtung, sendo estas a violência aplicada diretamente entre um contexto identificável de agressor e vítima, além da violência aplicada sob pretextos culturais e culturais (GALTUNG, 2003, apud GUERRERO, 2021, p. 115-116), a violência cultural, ou de injustiça social, é a que serve como parâmetro de análise para a observada no reino de Illèa, pois, apresenta como motivação a desigualdade de poder presente na estrutura da sociedade estratificada de maneira tão prejudicial ao alcance de recursos por grande parcela da população.
Desse modo, os conflitos que envolvem o universo distópico de Kiera Cass pode ser compreendido sob a ótica do estudo das relações internacionais e seu desfecho pode ser observado ao longo da saga.
REFERÊNCIAS
GUERRERO, Patricia Puente. El triángulo de la violencia de Johan Galtung: Una mirada criminológica a la victimización de grupos vulnerables. El resurgimiento de la criminología científica en América Latina, p. 113, 2021.