
Tiago Callejon Santos – acadêmico do 7° semestre de Relações Internacionais da Unama
Um dos temas mais discutidos nas ciências humanas, principalmente na história e na geografia, refere-se aos eventos e acontecimentos históricos que caracterizam a 2° Guerra Mundial, as suas dinâmicas, suas características próprias e as influências destes conflitos à época e ao período atual. A 2° Grande Guerra (1939-1945) é classificada, em linhas gerais, como o maior conflito armado da história da humanidade, o qual foi protagonizada entre os combates dos Países do Eixo (Itália, Alemanha e Japão) contra os Países Aliados (EUA, URSS, França e Inglaterra) nos territórios respectivos à Europa, à Ásia, à Àfrica e à Oceania (SILVA, s.d).
Naturalmente, por ser um conflito de proporções elevadas às relações humanas, a historiografia destaca os momentos de maior importância e relevância dos respectivos ápices do conflito. No entanto, uma das ocasiões mais importantes e mais sombrias da história da humanidade, refere-se ao que é concebido como holocausto, isto é, o assassinato em massa dos povos judeus mediante o governo nazista na 2° Grande Guerra. O termo holocausto, em seu sentido próprio, destaca um sacrifício aos deuses no qual a vítima do sacrifício era queimada (DW, 2006). Contudo, desde a década de 80, o termo é utilizado para referenciar o genocídio em massa de 6 milhões de judeus que tiveram as suas vidas ceifadas pelo regime nazista comandado por Hitler durante os 6 anos de Guerra (DW, 2006).
Posteriormente, muitos anos após o fim do conflito, a Organização das Nações Unidas assinalou, na Resolução 60/7 na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, no dia 1 de novembro de 2005, o qual é celebrado anualmente no dia 27 de janeiro (EUROCID, 2023). O objetivo desta solenidade anual é de manter vivo, na memória das pessoas, toda a dor, angústia e sofrimento em que os judeus foram submetidos nas mãos dos nazistas na 2° Guerra por meio do Holocausto e, desta forma, serve como um instrumento de lembrança de um dos maiores crimes contra a Humanidade que se tem memória, o qual acaba por se ressignificar, através da celebração desta solenidade em memória aos judeus, em uma educação para a “tolerância e a paz, bem como alertar para o combate do antissemitismo” (EUROCID, 2023).
É importante salientar que, desde a convenção da solenidade, foram várias as distintas homenagens estabelecidas pela ONU com o objetivo de celebrar a memória dos judeus como, por exemplo, a primeira solenidade em 27 de janeiro de 2006, no qual 2.200 pessoas estiveram presentes no evento da ONU o qual foi transmitida para o mundo inteiro poder observar. Ademais a isto, desde 2010, a ONU estipulou temas específicos de cerimônias para a solenidade, como o tema de 2011 que falava sobre a experiência das mulheres, e em 2012, que o tema foi “As Crianças e o Holocausto” (encyclopedia ushmn, 2019). Logo, destaca-se o papel fundamental estipulado pela Organização em manter vívido as memórias dos judeus que sofreram na Guerra e que, com as terríveis experiências, pode-se transmitir às próximas gerações lições de vida e de resistência mediante aos acontecimentos do Holocausto
Outrossim, pode-se compreender, por meio da Teoria da Interdependência proposta por Robert Keohane e Joseph Nye, em 2001, a concepção de que os Estados não são os únicos organismos respectivos ao Sistema Internacional que possuem a constituição do poder. Todavia, a constituição do poder também é inerente aos Organismos Internacionais, como a ONU e, portanto, estes organismos utilizam a sua influência no Cenário Internacional para poder efetivar e colaborar em medidas e propostas que possam modificar eixos específicos da sociedade mediante a um tema, como é o caso do holocausto e da Solenidade das Vítimas do Holocausto, por exemplo.
Com efeito, pode-se concluir que a ONU e as demais organizações internacionais possuem um poder de efeito imediato e a longo prazo de poder memorar as questões e as perspectivas da vida humana que se demonstraram no passado e que, nos dias de hoje, são utilizados como ferramentas para que a sociedade humana como um todo possa se lembrar de suas assombrações, fracassos e de suas malevolências a fim de contribuir, na contemporaneidade, com reflexões de suas ações que foram de natureza tirânicas, como o holocausto e, deste modo, por fim último, conseguir memorar e adequar nas lembranças aqueles que foram covardemente assassinados pelo regime autoritário sem precedentes. A memória daqueles que partiram servem como objeto para relembrarmos no que podemos melhorar com os fracassos e como podemos utilizar isto como experiências para a progressão e para o aprimoramento.
Referências:
DIA INTERNACIONAL DA MEMÓRIA DO HOLOCAUSTO, Enciclopédia do Holocausto. Brasil, 23 de Janeiro de 2019. Disponível em: https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/international-holocaust-remembrance-day
Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Centro de Informação Europeia Jacques Delors – eurocid. Brasil, 2023. Disponível em: https://eurocid.mne.gov.pt/eventos/dia-internacional-em-memoria-das-vitimas-do-holocausto
SILVA, Daniel Neves. Segunda Guerra Mundial, História do Mundo. Ano de acesso 2023, Brasil . Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/segunda-guerra-mundial.htm
O significado de “Holocausto”. DW PT-BR. Brasil, 27 de Janeiro de 2006. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/o-significado-de-holocausto/a-1874158