
Rafaela Vale – Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
Ficha Técnica
Ano: 2013
Direção: Bong Joon Ho
Distribuidora: RADiUS-TWC, PlayArte.
Gênero: Ação. Ficção científica.
Local de origem: Estados Unidos. Coreia do Sul. República Tcheca.
Os esforços da humanidade para diminuir os efeitos do aquecimento global acabaram por, com a criação do CW-7, projeto desenvolvido ao longo de sete anos para solucionar essa problemática, causar consequências ainda mais severas para o planeta.
O surgimento de uma nova era do gelo forçou o restante da população terrestre a adentrar o Snowpiercer, um trem grande o suficiente para abrigar os sobreviventes. Entretanto, após 18 anos do início do cenário apocalíptico, a vivência interna ao Snowpiercer encontra-se cada vez mais caótica. Com a subdivisão interna dos vagões funcionando também uma divisão social, os vagões mais ao final do veículo ficariam com a camada da população que seria responsável por trabalhos pesados e seriam privados de alimentação e bem-estar, além de constantes torturas aplicadas por agentes de seguranças enviados pela população mais abastada, habitante das camadas dianteiras.
Curtis (Chris Evans), é um habitante dos últimos vagões, que presenciou pelos 18 anos as situações mais extremas da luta pela sobrevivência. Junto com outros integrantes de sua seção — igualmente cansados dos abusos cometidos pelas camadas mais privilegiadas — Curtis decide avançar os vagões. Tanya (Octavia Spencer), parceira de Curtis na revolta, tem como objetivo a recuperação de seu filho, uma criança tomada à força pelos controladores daquele sistema. A busca pelo pequeno Tim (Marcanthonee Reis), além de outras motivações reveladas ao longo da aventura, descortinam segredos chaves sobre como aquele expresso pós-apocalíptico é mantido.
Expresso do Amanhã, dirigido pelo renomado diretor sul-coreano Bong Joon Ho, entrega em seu enredo e através da fotografia uma grande crítica social, sendo mais diretamente feita à exploração e ao totalitarismo. Ela pode ser observada através das diferenças exorbitantes entre os vagões a medida em que são avançados, a alienação feita aos passageiros do Snowpiercer num total, regimes de trabalhos forçados e a representação da força estatal, que, segundo Neumann (1969), haveria uma linha entre Estado e sociedade, que passaria a ser um sistema autoritário quando esta não existisse, tornando viável apenas um único partido e uma sociedade politizada por ele. Dentro da sociedade do Expresso do Amanhã, essa autoridade se dá por Wilford (Ed Harris), o criador da máquina que carrega a humanidade entre trilhos.
Wilford está presente no primeiro vagão, representado como o indivíduo mais importante e líder desse sistema. Alcançando-o, a equipe poderá obter respostas e talvez um meio de libertação do regime totalitário. Porém, Wilford não está sozinho e conta com aliados de vagões inferiores para manter a ordem de seu sistema.
Por todos esses aspectos, o Expresso do Amanhã vai além de uma obra de ficção científica, é uma crítica social, onde, através de observações acerca do totalitarismo, é perceptível uma crítica velada ao sistema socialista. Devido a isso, pode ser analisada sobre a perspectiva das Relações Internacionais.
REFERÊNCIAS
NEUMANN, Franz. Estado democrático e Estado autoritário. Zahar, 1969.