Gustavo Tadajewski – Acadêmico do 2º semestre de RI

O surgimento do Twitter teve como função o compartilhamento de mensagens privadas, publicações de conteúdos produzidos, além de interligar milhares de usuários pelo mundo. Entretanto, o espaço que a mídia social ganhou na última década propôs uma nova relevância, como abrigar importantes personalidades do cenário político e meios de comunicação, fazendo com que o número de usuários crescesse, atingindo a marca de 271 milhões de usuários, segundo a agência de notícias Reuters (2014).

Hodiernamente, o Twitter tem sido muito usado para propagação de notícias por veículos jornalísticos devido à velocidade que elas se espalham, além de permitir visualizar eventos em tempo real de diversas partes do mundo e diferentes pontos de vista sobre um mesmo assunto.

Porém, a mesma rede social que permite as pessoas se comunicarem pelo mundo e se informarem com mais facilidade e rapidez também explicitou e agravou um problema pré-existente com notícias falsas (Fake News) e discursos de ódio, de forma que usuários ou robôs conseguem disseminar mensagens mentirosas ou ofensivas 70% mais rápido no Twitter do que em outros meios de comunicação.

Tendo em vista a relevância da rede, o empreendedor sul-africano Elon Reeve Musk, dono de algumas das empresas mais valorizadas e importantes do mundo, como Tesla, Space X e Starlink,  e que tem ganhado cada vez mais destaque desde o início do século por sua influência no mercado global e inovação em produtos, sendo um dos grandes nomes do mercado financeiro e especulativo, atingindo o status de pessoa mais rica do mundo, sendo avaliado segundo a revista Forbes (2022), com uma fortuna de mais de 150 bilhões de dólares, aproximadamente 750 bilhões de reais, em 2021, iniciou a compra do Twitter com a justificativa de fornecer “uma praça digital comum, onde uma ampla gama de crenças pode ser debatida de forma saudável, sem recorrer à violência” e livrar os usuários de censura (UOL,2022).

A influência do CEO da Tesla se expandiu no meio da Geopolítica devido a interferência do empresário em assuntos estatais, sendo chamado de agente do caos pelo jornal The New York Times (2022), pelo fato de Musk frequentemente ter declarações que causem hostilidade ou desconfiança de governos, como sugerir que a as tensões entre China e a ilha de Taiwan fossem amenizadas se o governo chinês tivesse controle parcial da ilha, o que gerou revolta no governo de Taiwan. Mais recentemente na guerra da Ucrânia, Musk tem fornecido internet ao governo ucraniano por meio de satélites de sua empresa Starlink para auxiliar o governo e as forças armadas, demonstrando a clara influência do bilionário no cenário de guerra.

Ademais, o poder econômico que Elon Musk acumula vai além do capital financeiro e especulativo. Sua relação com o governo americano lhe garante cooperação para suas empresas e seus interesses, como o incentivo de quase 1 bilhão de dólares do governo americano a Starlink para fornecer internet a zonas rurais.

Musk também tem grande influência e visibilidade no Twitter, sendo a segunda pessoa mais seguida com 121 milhões de seguidores atrás apenas do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o que explicita ainda mais a influência que o empresário tem no cenário mundial.  Como diz Ladislau Dowbor (2017), “o controle corporativo tem como objetivo se manter no poder econômico, político e cultural”.

Referências:

2014. Número de usuários ativos do Twitter sobe 24%, para 271 milhões. Agência Reuters. Publicado em 29 de julho de 2014. Disponível em: https://www.reuters.com/article/internet-tech-twitter-results-idBRKBN0FY2A320140729. Acesso em 12 de dezembro de 2022.

2022. Como Elon Musk se tornou a pessoa mais rica do mundo. Publicado em 16 de novembro de 2022. Disponível em: https://forbes.com.br/forbes-money/2022/11/como-elon-musk-se-tornou-a-pessoa-mais-rica-do-mundo/#:~:text=2012%2D2014%20%E2%80%93%20Musk%20estreou%20na,bilh%C3%B5es)%20em%20mar%C3%A7o%20de%202012.  Acesso em 12/12/2022.

Dowbor, Ladislau. A era do Capital Improdutivo: a nova arquitetura do poder, sob dominação financeira, sequestro da democracia e destruição do planeta. São Paulo: Autonomia Literária, 2017.

NEW YORK TIMES. How Elon Musk became a geopolitical chaos agent. Publicado em 26 de outubro de 2022. Disponível em: https://www.nytimes.com/2022/10/26/technology/elon-musk-geopolitics-china-ukraine.html. Acesso em 11 de dezembro de 2022.

UOL. Elon Musk anuncia a compra do Twitter e garante que quer uma “praça digital comum”. Publicado em 27 de outubro de 2022. Disponível em: https://cultura.uol.com.br/entretenimento/noticias/2022/10/27/5173_elon-musk-anuncia-compra-do-twitter-e-garante-que-quer-uma-praca-digital-comum.html. Acesso em 12 de dezembro de 2022.