Rafaela Vale – Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Ficha técnica

Ano: 2005

Direção: Danny Cannon e Michael Winterbottom

Distribuidora: Touchstone Pictures

Gênero: Drama

Local de origem: Estados Unidos e Reino Unido

Lançado no ano de 2005, Goal! The Dreams Begins, é um filme de drama envolto na trama do jovem aspirante a jogador de futebol Santiago Muñez (Kuno Becker), que imigra dos Estados Unidos para o Reino Unido em busca de realizar seu sonho no time de futebol Newcastle.

Entretanto, os dilemas do protagonista Santigado envolvem mais do que sua performance no futebol. Ao início do filme é bastante explorada a origem do jogador, nascido mexicano e que, ainda durante infância, atravessou a fronteira para os Estados Unidos da América, onde cresceu como um cidadão ilegal, sem documentações para sequer aderir a um emprego fora do mercado informal.

Ao decorrer do longa-metragem, o retrato da vivência de Santiago com os problemas sociais voltados a imigrantes nos Estados Unidos e a discriminação enfrentada tanto no país de criação quanto na Inglaterra, por parte de futebolistas que o protagonista vem a conhecer, aprofunda o telespectador na problemática da xenofobia.

No contexto das Relações Internacionais, a constante violência sofrida pelo protagonista devido a sua identidade pode ser observada sob a perspectiva de Galthung (1969). Em sua obra, o sociólogo apresenta o triângulo da violência, que consiste em formas de violência visíveis e invisíveis, sendo estas, respectivamente, realizadas de forma direta e indireta.

As situações enfrentadas pelo aspirante a futebolista, desde sua vida como imigrante ilegal a experiência profissional na Europa, por meio de ofensas e dificuldades de ascensão por sua condição, são exemplos da violência estrutural que podem ser relacionadas com as propostas do autor, que também considera questões culturais. Além disso, identidades religiosas, ideológicas, artísticas e de outras concepções também podem ser inseridas nessa categoria de violência, desse modo, em culturas que não são vistas com distinção a esses aspectos, ou consideradas não-violentas devido a esse preconceito, formas de violências voltadas a determinados grupos são normalizadas (AMARAL, 2016).

Por todos esses aspectos, é possível observar no filme dirigido por Danny Cannon e Michael Winterbottom, uma preocupação em criticar sutilmente essas concepções voltadas ao protagonista, que sofre com uma problemática que também pode ser fortemente observada fora da ficção voltada para diversos povos.

REFERÊNCIAS

AMARAL, Rodrigo Augusto Duarte. Violência Cultural: Xenofobia, Terrorismo e o Advento da Intolerância nas relações transnacionais. Anais da Semana de Relações Internacionais–O Sul Global: De Bandung ao Século XXI, São Bernardo do Campo, SP, Brasil, v. 1, 2016.