
Por Lorena Carneiro – acadêmica de Relações Internacionais da Unama.
No último dia 08 de novembro, os norte-americanos foram às urnas para as eleições de meio de mandato, as chamadas midterms (G1,2022), termo utilizado para referenciar a composição legislativa dos Estados Unidos. O Congresso, formado pelo Senado, com 100 cadeiras e pela Câmara dos Representantes, com 435, é de suma importância para o Poder Executivo, nesse caso, para o democrata Joe Biden conseguir estabelecer e manter sua governabilidade.
Contrariando às expectativas, o Partido Democrata conquistou a maioria das vagas no Senado, após a reeleição de Catherine Cortez Masto, pelo estado de Nevada. Porém, das 100 cadeiras disponíveis ainda resta 1 em disputa, que será realizada em segundo turno, na Georgia, no dia 06 de dezembro, pois o candidato mais votado não alcançou a margem mínima para ser eleito. Se Herschel Walker, republicano, ganhar, cada partido contará com 50 assentos no Senado. Porém, nos EUA, a vice-presidente do país, que no caso é Kamala Harris, também é considerado o presidente do Senado e tem a prerrogativa do voto para desempate. Como Kamala é democrata, o partido contará com 51 cadeiras no órgão.
O resultado traz à tona, mais uma vez, a dualidade do pensamento político norte-americano, tão discutido desde as últimas eleições presidenciais, em 2020, onde Biden, pelo Partido Democrata e Trump, pelo Partido Republicano, protagonizaram debates calorosos, que por muitas vezes foram além da pauta política.
As midterms servem como um “termômetro” para a aprovação do governo em curso (BBC BRASIL,2022) e conseguem traduzir as próximas estratégias de Biden para o país, inclusive no que tange à sua tentativa de reeleição em 2024. A vitória democrata no Senado dá também a Biden a liberdade de indicação de nomes para os tribunais federais, incluindo a Suprema Corte, que recentemente ficou nos holofotes quando discutiu e revogou a questão nacional do aborto, gerando polêmica entre a população americana.
O resultado das midterms, além de mostrar o fortalecimento do discurso de Biden, traz a rejeição de uma parte dos cidadãos americanos à direção proposta pelos republicanos, muitas vezes vistos como autoritários e com nuances antidemocráticas, explicitadas pelos feitos deixados pelo ex-presidente Donald Trump. Este, inclusive, já noticia suas intenções de retorno à Casa Branca para 2024.
Com isso, as midterms 2022, muito mais que eleger para os cargos legislativos, começa a desenhar próximo jogo eleitoral norte-americano. Os expoentes de cada partido já anunciam suas intenções. Será que o mundo verá novamente a disputa Biden x Trump?
REFERÊNCIAS
BBC BRASIL. Eleições nos EUA: por que vitória democrata no Senado importa na disputa com republicanos. Publicado em 13 de novembro de 2022. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-63618942. Acesso em 30 de novembro de 2022.
G1. Democratas conquistam maioria no Senado dos EUA, diz agência. Publicado em 13 de novembro de 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/11/13/democratas-conquistam-maioria-no-senado-dos-eua-diz-agencia.ghtml. Acesso em 30 de novembro de 2022.