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Os serviços de streaming tem se tornado cada vez mais importantes no mercado internacional. A presença de gigantes como a Netflix, Spotify, Discovery, Disney, Amazon e Google no mercado de streaming demonstra a importância atribuída a esse serviço.
Neste sentido, é importante destacar que à medida que o streaming tem se expandido, o modelo de negócios tem se modificado, especialmente no que tange às mensalidades e o mercado alvo das empresas. Além disso, a competição no mercado de streaming tem se tornado cada vez mais acirrada, algo que por sua vez tem alterado a postura de investidores em relação a esses serviços.
Inicialmente, o streaming se apresentava como uma opção mais acessível ao consumidor do que a televisão à cabo. Este período ficou marcado pelo crescimento exponencial no número de assinantes, especialmente nos mercados estadunidense e canadense.
Na atualidade, o crescimento de assinaturas desses mercados tem estagnado, fazendo com que empresas de streaming priorizem a atração de consumidores internacionais, algo que se mostra particularmente bem sucedido na Índia. Ademais, devido à influência do mercado financeiro, os serviços de streaming têm elevado os seus preços permitido anúncios em suas plataformas. A implementação dessas medidas está ligada ao custo bilionário das empresas de streaming, que em sua maioria, operam com prejuízos (BLOOMBERG, 2022, online).
O potencial do mercado de streaming era visto como uma grande oportunidade por investidores. Primeiramente, comprar ações de empresas que buscavam competir com a Netflix mostrava-se extremamente atrativa para o mercado financeiro.
Com esse objetivo, a HBO Max, serviço de streaming da Discovery, investiu 7 bilhões de dólares em 2021, decisão que se mostrou desastrosa, resultando em prejuízo de 3 bilhões de dólares e queda de 50% no valor das ações da Discovery. Com isso, os investidores têm se mostrado mais cautelosos em relação ao mercado de streaming, preferindo investir em empresas especializadas em atender a um mercado consumidor específico.
A estratégia adotada pela Disney é especialmente atrativa para investidores, uma vez que a empresa oferece serviços de streaming separados, contando com filmes, séries e programas esportivos (FORBES, 2022, online).
Além disso, conforme o pensamento de Robert Gilpin, em seu livro “O Desafio do Capitalismo Global”, as dinâmicas do capitalismo possui sua força motriz, ou driving force, principalmente a partir do aprimoramento tecnológico, além do sistema “recompensar” quem é mais adaptável e eficiente e “pune” o redundante e o menos produtivo (GILPIN, 2000). Isso pode ser atrelado a visão de que os investimentos nessas plataformas serão mais direcionados ao que for mais produtivo, dinâmico e bem recebido pelo público. Para mais, o capitalismo financeiro vigente é “estruturado na tecnologia da informação, na desterritorialização e na transnacionalidade competitiva” (CASTRO, 2012, p. 367), que pode ser visto nas dinâmicas supracitadas, onde os serviços de streaming buscam consumidores internacionais para suprirem uma demanda que o mercado estabelece.
A partir disso, entende-se que o desenvolvimento constante e instável do streaming e sua relação econômica com essa instabilidade se atrela a idéia schumpeteriana (1992, apud COSTA, 2016) de que a economia capitalista movimenta-se em desequilíbrio alternando entre períodos de expansão e depressão de sua atividade. Além do mais, segundo concepções de teóricos econômicos evolucionários – ou neoschumpeterianos) – a inovação é endógena ao sistema econômico, ou seja, o “Mercado” se torna saturado “pela maturidade das tecnologias em uso, através da introdução de novidades radicalmente diferentes na maneira de produzir (…) e em novos bens e serviços comercializados e consumidos” (COSTA, 2016, online).
Nesse viés, os neoschumpeterianos acreditam que:
A produção de variedade no sistema e a sua escolha através de mecanismos de seleção, onde se destaca o mercado, é o que confere dinamismo à economia e promove o desenvolvimento econômico. A implicação disso é que, na luta competitiva, como assinalado por Schumpeter ([1942]1984), há ganhadores e perdedores, e que essa “seleção” é um fator crucial para que haja desenvolvimento econômico (COSTA, 2016, online).
Ou seja, pode se estabelecer que a dinâmica de ganho e desenvolvimento que esses serviços de streaming, como a Disney ou a HBO Max, é uma demonstração real das dinâmicas do próprio Mercado.
Desse modo, os serviços de streaming integram um mercado extremamente competitivo que movimenta quantias bilionárias. A adoção de novas estratégias tem se mostrado indispensável para as empresas do ramo, que buscam novas assinaturas em mercados estrangeiros, ao mesmo tempo que visam agraciar os seus acionistas através do aumento de suas receitas. A influência do mercado financeiro também se mostra evidente na forma como os serviços de streaming tem alterado sua operação, fazendo com que algumas empresas optem por oferecer um atendimento mais especializado, focado em um tipo de consumidor específico, ao invés de buscar um mercado mais amplo. Em suma, pode-se perceber que o mercado de streaming tem se tornado cada vez maior e mais competitivo, buscando atrair novos consumidores ao mesmo tempo em que sofre pressões de acionistas para aumentar seu preço.
Referências:
BLOOMBERG. Streaming Is Starting to Look A Lot Like Cable TV. BLOOMBERG, 14 ago 2022. Disponível em: https://www.bloomberg.com/news/newsletters/2022-08-14/streaming-is-starting-to-look-a-lot-like-cable-tv?leadSource=uverify%20wall. Acesso em: 18 nov 2022.
CASTRO, Thales. Teoria das Relações Internacionais. FUNAG. Brasília, 2012.
COSTA, Achyles Barcelos. TEORIA ECONÔMICA E POLÍTICA DE INOVAÇÃO. Revista de Economia Contemporânea. Online. Maio-Agosto 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rec/a/Gc4pQGMMGy7RhJNzQJhJb5d/?lang=pt. Acesso em: 19 nov 2022.
FORBES. Competing Against Netflix In Streaming Video Becoming Increasingly Expensive. FORBES 17 nov 2022. Disponível em: https://www.forbes.com/sites/derekbaine/2022/11/17/competing-against-netflix-in-streaming-video-becoming-increasingly-expensive/?sh=3b1a3a073dc2. Acesso em: 18 nov 2022.
GILPIN, Robert. The Challenge of Global Capitalism. Princeton University Press. New Jersey, 2000.