Ana Carolina Gomes – acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais da Unama

A relação entre empresa, universidade e governo é essencial para o comércio, pois é através dessa cooperação que o desenvolvimento de novas mercadorias e tecnologias podem ser incentivados.

O teórico Schumpeter, em seu livro “Socialismo, Capitalismo e Democracia” debate o papel das inovações no mercado. Segundo o autor, o capitalismo não estático e nem uma concorrência perfeita na qual, devido os produtos serem homogêneos/não diferenciáveis, nenhum consumidor ou vendedor tem o poder de influenciar o preço deste no mercado, para ele o sistema é dinâmico e as inovações vão controlar os preços dos mercados. Assim, nasce a constante necessidade das empresas se aperfeiçoarem para manter a vantagem competitiva e monopólio no comércio. (COUTINHO,2005; PAIVA,2018)

Segundo Zhou e Etzkowitz (2017), por meio do estímulo ao empreendedorismo e às inovações é possível alcançar o desenvolvimento social e econômico de uma sociedade. Tal incentivo é possível por meio da ”Hélice Tríplice”, um modelo de trabalho conjunto entre universidade, indústria e governo, cujo objetivo é o desenvolvimento de tecnologias e a criação de novos serviços e produtos. Os centros universitários contribuem com o conhecimento; pesquisas acadêmicas e mão de obra qualificada. As empresas, por sua vez, utilizam o Know How obtido para melhorar seus produtos e ampliar sua competitividade no mercado. Por fim, o papel dos governos é de ser o moderador desse processo, garantindo o bom funcionamento dessa relação. (IPIRANGA, FREITAS, PAIVA, 2010)

 Um dos exemplos mais emblemáticos do funcionamento do modelo da “Hélice Tríplice” é o Vale do Silício, um dos principais centros de inovações tecnológicas do mundo. A região está situada na Califórnia e abriga algumas das maiores empresas do ramo tecnológico do mundo como Microsoft, Apple e Facebook. O crescimento desse local como referência na produção de inovações só foi possível pelo grande investimento do Departamento de Defesa dos Estados Unidos e pelo trabalho conjunto de empresas e a Universidade de Stanford.

Dessa forma, a união desses três atores possibilita o ganho mútuo, como visto no caso do Vale do Silício nos EUA, é perceptível que o desenvolvimento social regional e econômico de uma área é mais eficaz através da cooperação entre esses. Como analisado por Schumpeter, as empresas que se mantêm maior vantagem competitiva no mercado são aquelas que mais investem em constantes inovações, ou seja, para o crescimento da política comercial a longo prazo é necessário que cada vez mais haja o incentivo a essa relação.

REFERÊNCIAS

IPIRANGA, Ana Sílvia Rocha; FREITAS, Ana Augusta Ferreira de; PAIVA, Thiago Alves. O empreendedorismo acadêmico no contexto da interação universidade-empresa-governo. Cadernos Ebape. BR, v. 8, p. 676-693, 2010.

COUTINHO, Eduardo Senra et al. De Smith a Porter: um ensaio sobre as teorias de comércio exterior. REGE Revista de Gestão, v. 12, n. 4, p. 101-113, 2005.

ETZKOWITZ, Henry; ZHOU, Chunyan. Hélice Tríplice: inovação e empreendedorismo universidade-indústria-governo. Estudos avançados, v. 31, p. 23-48, 2017. PAIVA, Matheus Silva de et al. Inovação e os efeitos sobre a dinâmica de mercado: uma síntese teórica de Smith e Schumpeter. Interações (Campo Grande), v. 19, p. 155-170, 2018.