Rafaela Vale – Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

Ficha Técnica

Ano: 2022

Diretor: Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi

Distribuidora: Netflix

Gênero: Documentário

Local de origem: Estados Unidos

De Volta ao Espaço, documentário de cunho científico lançado pela Netflix, demonstra os bastidores do que, segundo Elon Musk, se mostra como a nova era da exploração espacial.

A SpaceX, fundada em 2002 pelo bilionário, atua como operadora regular da National Aeronautics and Space Administration (NASA), também desenvolvendo projetos aeroespaciais e colocando em prática testes cada vez mais ousados, com a finalidade de potencializar essas tecnologias e tornar o objetivo da expansão da exploração espacial para novas fronteiras — como a chegada do ser humano em Marte — cada vez mais alcançável.

Musk, juntamente a outros bilionários, como Jeff Bezos e Richard Branson (fundadores, respectivamente, da Blue Origin e Virgin Galactic) retomam por meio de suas companhias privadas uma nova etapa da corrida espacial, como a observada ao longo do século XX durante o período da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética, porém, com características distintas.

Em Dolman (2002) é apresentado o termo Astropolitik, que insere o tópico dos avanços e decisões espaciais em políticas que se conectam com as Relações Internacionais, ou seja, a geopolítica no contexto da era espacial. O autor analisa também essas políticas a partir da vertente do paradigma realista, indicando que o interesse majoritário da nova expansão das políticas espaciais seja visando estratégias militares, havendo inclusive colocações de pontos estratégicos, como na Lua, para atividades militares envolvendo formas de controles que seriam realizadas pelas grandes potências dominantes na área, ao tempo que a presença de empresas seria presente com iniciativas de atividades com fins comerciais sendo realizadas também no espaço.

Também são apontadas as tentativas de cooperações internacionais, como o Tratado do Espaço Sideral (1967) como resultado da dinâmica de dominação entre os agentes típica do realismo, ressaltando o histórico da competição presente na Guerra Fria e apontando a utilização de tecnologias como ferramentas estratégicas para este fim.

No entanto, em Doboš (2020), é destacada a participação de novas iniciativas, como as de empresas privadas, que adentram este conceito de exploração para outras finalidades, retirando a característica da dinâmica centrada em Estados adotadas até então, com ênfase a potências como Estados Unidos, Rússia, China e programas europeus.

O documentário, cujo enfoque é no desempenho da SpaceX no propósito de Elon Musk de ampliar testes e pesquisas em prol da aspiração por uma nova etapa, a colonização espacial.

Com isso, este longa aborda uma nova vertente tecnológica, porém, que carrega um passado de influência direta nas Relações Internacionais e que prossegue relevante em novas discussões que colocam em pauta o futuro da humanidade.

REFERÊNCIAS

DARWIN, H. G. The Outer Space Treaty. Brit. YB Int’l L., v. 42, p. 278, 1967.

DOBOŠ, Bohumil. Astropolitics: Yes, that is Really a thing. Medjunarodni problemi, v. 72, n. 1, p. 236-253, 2020.

DOLMAN, Everett C. Astropolitik: classical geopolitics in the space age. Routledge, 2005.