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O setor energético é um dos fatores mais importantes e estratégicos para a economia de um país. Atualmente, a transição de uma base energética dependente de combustíveis fósseis para fontes renováveis tem sido discutida e implementada em grande escala pelo mundo, resultando na produção de 3064 gigawatts (GW) em 2021 (EPBR, 2022).
Neste contexto, pode-se perceber a ascensão de um mercado com grande potencial, que tende a crescer concomitantemente com a inserção de compromissos ambientais na agenda dos agentes internacionais. Assim, é importante destacar a importância dessa transição para o planejamento de economias em desenvolvimento.
Segundo a IRENA, a grande quantidade existente de energia não renovável significa um bloqueio de crédito de carbono para muitos países que enfrentam a decisão de desativar usinas de combustível fóssil antes do final de suas vidas úteis, algo “especialmente evidente nos países que dependem quase inteiramente da geração de energia de combustível fóssil em grande escala” (ibidem). Apesar disso, a transformação da matriz energética pode se mostrar uma excelente oportunidade para a aproximação diplomática com novos parceiros, bem como a adoção de políticas que visem o desenvolvimento sustentável e a soberania energética de um país. Sobre esse tema, há um interessante estudo de caso em Cabo Verde.
Composto por 5 grupos de ilhas de clima tropical seco, o arquipélago dispõe de alto potencial natural para a produção de energia renovável, especialmente a solar e a eólica, mas a carência de recursos naturais, bem como a necessidade de dessalinização da água para o consumo apresentam alguns desafios para a economia nacional. Nesse sentido, destacar-se-á que o país é extremamente dependente da importação de combustíveis fósseis, resultando em uma drenagem de recursos que poderiam ser utilizados para investir no setor produtivo. Com isso, a transição para fontes de energia alternativas tem se mostrado uma prioridade para Cabo Verde, que encontra no setor energético uma área que impacta toda a atividade econômica. (MONTEIRO, 2012).
Nesse viés, pode-se afirmar que essa transição para energias renováveis se dá a partir de um conceito ecológico de desenvolvimento, onde “a diversidade climática e biológica bem interpretada traduzem-se por um potencial de recursos que podem ser aproveitados pelo desenvolvimento sem destruir o capital da natureza” (SACHS, 1995, p.42). Esse desenvolvimento ecológico se estabelece como uma melhoria tecnológica em base metafórica de transferência de tecnologia – cuja baseia-se na dinâmica empresarial – em escala Estatal, definindo-se como uma “passagem de conhecimento de uma fase para outra no processo de produção de novas tecnologias, independentemente de agentes econômicos envolvidos” (Dalpiaz, 2016, p.152), resultando em uma incorporação dessas novas tecnologias, que se expande a partir de investimentos externos.
Além disso, esse desenvolvimento, produzido a partir desse novo modo de produção energética, também se estabelece como sustentável, o qual “supre as necessidades do presente sem o comprometimento da capacidade das futuras gerações em suprir suas próprias necessidades” (WWF, s.d.). Apesar do desenvolvimento econômico tardio de países que foram colonizados ser uma sequela impactante, as novas tendências se instituem como vitais para assegurar que o ciclo centro-periferia (na visão onde o centro são países desenvolvidos com melhores índices de IDH e a periferia são países subdesenvolvidos sucateados pelo centro) se rompa e a prosperidade de países emergentes seja efetivada.
Dessa forma, pode-se perceber que desenvolvimento de fontes alternativas de energia tem provocado mudanças na formulação do planejamento econômico. Outrossim, a transição para a produção de energia renovável demonstra ser uma estratégia interessante para economias emergentes como a de Cabo Verde, que possuem grande potencial geográfico para a produção de energia eólica e solar. Com isso, adoção de políticas de desenvolvimento sustentável, além de ajudar no combate às mudanças climáticas, podem se mostrar benéfica para países que visem desenvolver sua matriz energética, desvencilhando-se da dependência de recursos estrangeiros para sua produção.
Referências:
Dalpiaz, Renata Machado Garcia. Teorias do Crescimento Econômico. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016.
EPBR. Mundo adicionou 257 GW de renováveis em 2021. EPBR, 11 abr 2022. Disponível em: https://epbr.com.br/mundo-adicionou-257-gw-de-renovaveis-em-2021/
MONTEIRO, Ana David. O impacto das energias renováveis na economia dos países emergentes: o caso de Cabo Verde. Lisboa: ISCTE-IUL, 2012. Disponível em www:<http://hdl.handle.net/10071/3389>. Acesso em: 2 out 2022
SACHS, Ignacy. EM BUSCA de novas estratégias de desenvolvimento. Estudos Avançados, [s. l.], 1 dez. 1995.
WWF. O que é desenvolvimento sustentável?. s.d. Disponível em: https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/questoes_ambientais/desenvolvimento_sustentavel/#:~:text=A%20defini%C3%A7%C3%A3o%20mais%20aceita%20para,os%20recursos%20para%20o%20futuro. Acesso em: 30 set. 2022.