
Segundo Celso (2022), a política internacional é caracterizada pelas mudanças e trocas sociais, econômicas, ambientais e culturais no cenário (inter) nacional. Com esse entendimento, a Política Internacional é datada no começo da disciplina de Relações Internacionais, e é possível analisar junto à evolução histórica do campo de estudo as mudanças teóricas que servem para explicar o Sistema internacional e sua dinâmica. Por exemplo, o realismo e o idealismo são teorias que se perpetuam como fundamentos principais para o entendimento das dinâmicas de poder – portanto, são teorias mainstreams – e essa dinamização permite com que se formem barreiras para que novas teorias não consigam modificar sistemicamente a estrutura das relações internacionais, bem como na comunicação interna e externamente entre os países.
Atualmente, a Política Internacional é entendida tanto como um ponto de análise como uma parte importante do movimento estatal com os obstáculos encontrados na contemporaneidade. Para o realismo e o liberalismo, a importância da política internacional é com prioridade na relação de poder entre os países e na manutenção do status quo, para as hegemonias regionais e globais. A discussão sobre a mudança da perspectiva da política internacional é relevante, pois os paradigmas mencionados anteriormente já não são suficientes para solucionar e explicar o cenário internacional e seus atores.
Assim, o papel dos Estados é um objeto de estudo, como também dos atores não governamentais para a política internacional e para o campo de Políticas Públicas. A última tem crescido cada vez mais na discussão acadêmica e institucional, e durante o século XX a disciplina nasce com o objetivo de entender internamente o processo decisório e a formação dele dentro do campo administrativo governamental e quais são os fatores que influenciam e/ou determinam as diretrizes estatais. As abordagens dentre as políticas públicas são as de incentivos fiscais; investimento nas indústrias; ações afirmativas; a democracia falha vigente.
Dessa forma, para diversos teóricos da disciplina, ela é um campo com base em uma comunidade epistêmica, ou seja, a análise é feita de maneira subjetiva, atenta para quais atores não governamentais impactam determinado país e quais são seus grupos minoritários e majoritários em suas demandas sociais, econômicas, ambientais etc. Para Muller (2000) o campo das Políticas Públicas possibilitou a abertura da “Caixa Preta” do Estado. Assim como, as demais disciplinas associadas às Relações Internacionais, esse campo também passou por paradigmas e crenças mais limitadas, neutras e racionais, contudo, nos anos 80 floresceu a necessidade da comunicação entre os campos dentre as Políticas Públicas, e teorias que visassem os direitos de compreensão e questionamento sobre as decisões governamentais de seu país como cidadãos.
Nesse contexto, entendendo a importância das duas disciplinas em sua singularidade, é preciso associá-las para que haja uma análise completa dos diversos países do cenário internacional e suas particularidades. Como o papel das instituições e ONGs, o sistema capitalista, a ideologia liberal que beira a maneira como os ocorre as políticas inter-estatais. Portanto, se põe no espectro a realidade brasileira, de país em desenvolvimento e que sofre com as sequelas do colonialismo, fomentando um bilateralismo com o pensamento mainstreaming norte-americano, o qual não se adequa para as demandas do Brasil.
Para entender a história do Brasil, é imprescindível partir de teorias que integram o colonialismo e seus impactos pertinentes. Assim, a CEPAL[1] e seus economicistas tentam explicar como que o maior país latino-americano não consegue administrar suas demandas sociais, econômicas, políticas, ambientais, territoriais, e principalmente, suas relações no cenário internacional, ou seja, sua política internacional e sua política externa, e com o mostrar do trabalho, sua política pública. Para Celso Amorim[2], Caio Prado Jr. (1942) o Brasil necessita de uma política governamental que consiga enfrentar as mazelas enraizadas desde a colônia. Hoje, em sua dita independência, depende do espaço anglo-saxão para determinar suas decisões internas e externas.
O paradigma neoliberal, no qual os setores políticos priorizam o crescimento econômico e, portanto, a segurança estatal acredita por tal ideologia. Contudo, a CEPAL mostra que o Brasil vem de outra história de desenvolvimento, carregando consigo um atraso secular comparando aos países do norte global (foco em EUA e Europa), dessa forma, não comporta políticas que incentivem uma expropriação territorial, monetária e social. Assim, a forma como o Brasil se apresenta no Sistema Internacional precisa ser relacionado coma maneira que ele atende as demandas sociais internas e o processo decisório, junto com o poder legislativo e executivo, os quais são fundamentais para compreender verdadeiramente o administrativo governamental das políticas públicas.
Por fim, conclui-se que é preciso fomentar, segundo o presente artigo, a compreensão de políticas internacionais brasileiras que entendam a realidade de ex-colônia que o Brasil possui e que elas sejam envolvidas e conversas entre a população e o governo, assim como as disciplinas pontuadas no trabalho, para que se consiga superar as sequelas enraizadas tanto no território brasileiro como na América Latina e o Caribe com um todo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FARAH, Marta Ferreira Santos. Abordagens teóricas no campo de política pública no Brasil e no exterior: do fato à complexidade. Revista do Serviço Público, v. 69, p. 53-84, 2018.
HOUNIE, Adela. La CEPAL y las nuevas teorías del crecimiento. Revista de la CEPAL, 1999.
PRADO JR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. Editora Companhia das Letras, 2011. Conferência de Celso Amorim, Ministro de Relação Exteriores do Brasil. ONU. 2010. Disponível em: Conferência de Celso Amorim, Ministro de Relação Exteriores do Brasil | Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (cepal.org)
[1] Comissão Econômica Para a América Latina e Caribe.
[2] Conferência do Ministro das Relações Exteriores, ONU, 2010.