
Rafaela Vale – Acadêmia do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
Ficha Técnica
Ano: 2016
Diretor: Mijke De Jong
Distribuidora: Netflix
Gênero: Drama
País de origem: Países Baixos
O drama holandês retrata a vida da adolescente muçulmana, Layla Mourabit (Nora El Koussour), nascida em Amsterdã, porém, filha de imigrantes marroquinos. Apesar de nascida no país europeu, a jovem enfrenta diariamente o preconceito voltados a indivíduos de etnia árabe, o que, apesar de manter camuflado através de uma postura forte perante essas ameaças, a torna cada vez mais deprimida em seu próprio país.
Em casa, o ambiente familiar de Layla, apesar da proximidade com a cultura do país de origem, não apresenta ligação com a religião de forma contínua, o que desaponta a jovem, que busca um reforço de sua identidade como forma de resistir a todo o sofrimento imposto a ela pela sociedade de Amsterdã.
Buscando refúgio em ambientes internet adentro na qual interage com pessoas que possuem a mesma vivência, a adolescente se depara com grupos fundamentalistas, na qual se torna aliada e se oferece para um integrante em casamento como forma de escapar do seu ambiente familiar que considera infiel.
Após consumar um casamento com Abdel (Ilias Addab), o casal parte para a Bélgica, onde o marido é treinado por um grupo de jihadistas antes de partirem para a Síria, onde definitivamente começa a atuar como membro do Estado Islâmico.
Em território Sírio, Layla se aproxima de outras estrangeiras da vizinhança, e com isso, através de uma belga falante de holandês, é apresentada a um projeto no campo de refugiados na fronteira, onde começa a atuar para desgosto de seu marido. Ao se arriscar a vida dupla como esposa do integrante jihadista e voluntária na ONG atuante na fronteira, Layla passa a reconsiderar suas escolhas, mas talvez seja tarde para retornar para casa.
Em Layla M, fatores como conflitos culturais e religiosos, igualmente representados pelos enfrentados pela protagonista, são mostrados como agravantes para a ascensão de grupos como o Estado Islâmico. Nas relações internacionais, o teórico Samuel Huntington apresenta este pensamento e como, após a Guerra Fria, esses fatores – principalmente o fator religioso – seriam aspectos para o agravamento de conflitos entre sociedades, como descrito em sua obra O Choque de Civilizações (1996). De acordo com o autor, disputas seriam travadas em níveis micro – grupos a disputar por questões territoriais – e macro – poder econômico e militar disputados por Estados (SARFATI, 2005).
Portanto, em Layla M. a atuação do grupo no qual o jihadista Abdel é atuante baseia-se nas disputas de microníveis apresentadas em Huntington, demonstrando o embate entre civilizações em extensão identitárias e territoriais que podem ser analisadas por meio dessa teoria das relações internacionais.
REFERÊNCIAS
SARFATI, GILBERTO. Teoria das relações internacionais / gilberto Sarfati. — São Paulo: Saraiva, 2005.