
Paula de Souza Castro – acadêmica do 8º semestre de Relações Internacionais da Unama
De acordo com dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas cometem suicídio anualmente e, para cada caso, há um número bem maior para as tentativas de suicídio, sendo este a 4ª maior causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos no mundo. Tendo em vista estes dados preocupantes, fazem-se necessárias a abordagem, discussão e conscientização sobre o suicídio como um problema de saúde pública global, sabendo que muitas vezes este assunto ainda é considerado como um tabu em diversos grupos, sociedades e culturas ao redor do mundo.
No Brasil, assim como em outros países, os índices são graves. Estima-se que o número de casos de suicídio chega a mais de 14 mil por ano, acompanhando a tendência do aumento desses dados em todo o continente latino-americano, devido a fatores como desigualdade social, pobreza e altos índices de violência. Não obstante, a OMS aponta que 77% dos casos de suicídio ocorrem em países de baixa ou média renda. Ademais, a Organização aponta outros grupos mais vulneráveis em relação a problemas mentais, como: refugiados, imigrantes, pessoas que sofrem preconceito de cunho étnico, racial ou de gênero e pessoas LGBTQIAP+. De acordo com Bastos e Moreira (2015), o Brasil avançou nos programas e na campanha do combate ao suicídio, mas ainda muito precisa ser feito para sanar essta problemática.
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), juntamente ao Conselho Federal de Medicina (CFM) e ao Centro de Valorização à Vida (CVV), promove a campanha nacional de conscientização sobre saúde mental e de prevenção ao suicídio durante o mês de setembro, e no 10º dia do mês é celebrado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, instituído pela OMS desde 2003. A campanha do ano de 2022, que tem como lema “a vida é a melhor escolha!”, já entrou em vigor e trabalha para difundir conhecimento e informações acerca dos riscos que doenças psíquicas como depressão, ansiedade e burnout, podem trazer às pessoas, além de orientar sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento dessas enfermidades, alertar sobre os prejuízos causados à sociedade por conta das doenças mentais e auxiliar as pessoas que passam por estes problemas para que não se sintam vulneráveis e busquem ajuda profissional para lidar com esta situação.
Desta forma, é preciso reforçar a importância da atuação dos profissionais de saúde nestes casos, especialmente os que trabalham diretamente com saúde mental, para que o cuidado em relação a este grave problema seja realizado da maneira mais eficiente e humanizada possível. Psicólogos, psicoterapeutas e psiquiatras são indispensáveis para, primeiramente, entender e diagnosticar pacientes com tendências suicidas ou depressivas, e depois para tratá-los, por meio de estratégias, ferramentas adequadas e conhecimento científico. Ademais, conforme dito por Barros (2013), a prevenção ao suicídio em escala global é um mecanismo possível. Sendo assim, o papel da OMS e de todos os profissionais que nela atuam é imprescindível no monitoramento e nas políticas de combate ao suicídio. Não obstante, as estratégias nacionais e locais dos países também são fundamentais para acompanhar de forma mais próxima para evitar e tratar deste problema.
Por fim, lembrando que a saúde mental – ou, a falta dela – é uma questão global cada vez mais emergente que precisa ser discutida e merece uma atenção maior, em especial nos países do sul global que, pela oferta menor de serviços públicos efetivos e menor poder econômico para o tratamento do sofrimento psíquico, possuem índices mais altos de doenças mentais e tendência ao suicídio. Caso você esteja passando por algum problema não hesite em buscar ajuda por meio de algum familiar ou amigo. Caso prefira realizá-lo de maneira anônima, o CVV fornece apoio emocional de forma gratuita e sigilosa para todos pelo número 188.
REFERÊNCIAS
A campanha Setembro Amarelo salva vidas! Setembro Amarelo, 2022. Disponível em: <https://www.setembroamarelo.com/>. Acesso em: 07 de setembro de 2022.
BASTOS, Paulo Roberto Haidamus de Oliveira. MOREIRA, Lenice Carrilho de Oliveira. Prevalência e fatores associados à ideação suicida na adolescência: revisão de literatura. Psicologia Escolar e Educacional, volume 19. 2015.
BENUTE, Glaucia Rosara Guerra, et al. A Importância do Psicólogo na Criação e Implantação dos programas Educativos e de Prevenção em Saúde. Rev. bras. educ. med. 25 (01), Jan-Apr 2001. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbem/a/NHYyQmbMHbxrbfJNLBbqRbd/?lang=pt>. Acesso em: Acesso em: 07 de setembro de 2022.
SETEMBRO amarelo e a importância da psicologia no combate ao suicídio. Jornal Voz Ativa, 06 de setembro de 2022. Disponível em: <https://jornalvozativa.com/brasil-mundo/setembro-amarelo-importancia-psicologia-suicidio>. Acesso em: 07 de setembro de 2022.
SETEMBRO Amarelo e Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio – 10/9. Biblioteca Virtual em Saúde – MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/setembro-amarelo-e-dia-mundial-de-prevencao-ao-suicidio-10-9/>. Acesso em: 07 de setembro de 2022.
SUICIDE. World Health Organization, 2021. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/suicide>. Acesso em: 07 de setembro de 2022.
SUICÍDIO e os desafios para a Psicologia. Conselho Federal de Psicologia. Brasília, 2013. Disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2013/12/Suicidio-FINAL-revisao61.pdf>. Acesso em: 07 de setembro de 2022.