
Rebecca Brito – Acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais da Unama.
A autora em questão, Susan Strange, é referência para os estudos de Relações Internacionais, caracterizando-se como teórica neorrealista que traz a discussão da economia política internacional sob a luz do capital financeiro. Dessa forma, a obra “Estados e mercados” se trata de um instrumento acadêmico com lógicas diferentes do convencional no qual a dinâmica econômica é percebida do ponto de vista político.
A priori, a autora identifica que a natureza das relações internacionais é composta por uma literatura de EPI (Economia Política Internacional), tomada por um viés norte-americano que molda os temas que serão discutidos a partir de sua própria experiência e interesses, formando assim uma agenda política de relações econômicas internacionais com questões limitadas. Eventualmente, divide-se tais tópicos de abordagem a partir das relações político econômica existente entre os países podendo ser em Oeste-Oeste ou Norte-Sul, Leste-Leste, onde cada qual vai assumir uma dinâmica de vínculos e questões diferenciada.
Outrossim, Strange ressalta a necessidade de uma síntese entre política e economia através de uma investigação estrutural entre Estados e mercados e, para isso, começa conceituando essas respectivas áreas ao evidenciar que a problemática de estudo reside em sua própria natureza. Sob essa perspectiva, observa-se que apesar de haver uma relação entre economia e política, haja vista que uma se trata de eficiência e a outra de ordem, essas são constantemente postas como ramos opostos onde um tem que se sacrificar em prol do outro para existir.
Nesse sentido, a autora revela que tal concepção constitui uma doutrina concorrente sendo uma postura que negligencia o dinamismo presente nas relações entre Estado e mercado, que é evidenciada principalmente em políticas liberais. Dessa maneira, Strange divide os ideólogos em realistas, economistas liberais, radicais ou marxistas, no qual cada um concebe à sua maneira como a política e a economia devem coexistir, assim compondo um conjunto de teorias que se distanciam em seus métodos de análise.
Sob esse viés, a escritora reconhece a importância de encontrar uma forma na qual as diferentes ideologias se comuniquem permitindo um mesmo método de investigação. Ademais, para isso os valores básicos (riqueza, segurança, liberdade e justiça) são postos em questão tendo em vista que a escolha de prioridade que é feita entre tais valores é o que estabelece diferentes tipos de sociedade.
Nesse contexto,esclarece-se que a economia política internacional é um campo de pesquisa que abrange nas palavras da autora “[…] social, political and economic arrangements affecting the global systems of production, exchange and distribution, and the mix of values reflected therein.” (Strange, 1994, p.18). Contudo, vale ressaltar que a dimensão histórica da EPI é fundamental para seus estudos na relação causa e consequência, mas além de passado e presente, considera-se que as circunstâncias futuras são possibilidades que não podem ser ignoradas.
Assim sendo, evidencia-se que a economia política internacional é um termo heterogêneo em valores, teorias e consequentemente em abordagens, mas que se constitui como um único método de análise que foi se construindo ao longo da história mundial. Outrossim, para formação desse âmbito observa-se a necessidade de compreender a perspectiva estrutural da existência de relações entre Estado e mercado, riqueza e poder que se dão nas dinâmicas da sociedade através do jogo do sistema capitalista.
REFERÊNCIA
STRANGE, Susan. States and markets. Continuum, second edition, 1994.