Sob elaboração autoral de Reinaldo Gonçalves, professor titular de Economia Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), “Economia política internacional” trata-se de uma obra fundamental para compreensão das relações de poder que se desenvolvem a partir do âmbito econômico. Logo, torna-se essencial para os estudos das Relações Internacionais através do seu método de análise.
A princípio, o autor explora os principais atores que influenciam o sistema internacional por meio de ações diretas que ultrapassam fronteiras ou ações indiretas que apesar de ocorrerem internamente, impactam a ordem política. Nessa perspectiva, apesar das distintas concepções hierárquicas no que diz respeito a esses atores, Gonçalves expõe que a centralidade do Estado é tão predominante nas relações internacionais que influencia na divisão do sistema em atores estatais, paraestatais, interestatais e não estatais.
Assim sendo, o autor identifica que os Estados são parâmetros do cenário internacional à medida que os demais protagonistas fazem referência a ele ou não. Dessa maneira, destaca-se que esse ator é dotado de interesses e valores que formam sua identidade nacional e consequentemente moldam suas ações no sistema. Contudo, ao abordar sobre nacionalidade, compreende-se que esse âmbito pode perpassar também os indivíduos como atores nacionais que ao interferirem na dinâmica tornam-se personagens de atuação internacional.
Outrossim, no que diz respeito ao alcance de atuação dos atores, Gonçalves revela a existência de uma confusão na concepção entre internacional e transnacionalidade à medida que o termo transnacional é interpretado equivocadamente com base na quantidade de países em que o ator opera e na suposta ausência de uma identidade nacional na conduta. Entretanto, tal ótica usual pode omitir as relações de interesse nacional que estão por trás do comportamento dos atores.
Ademais, o escritor ressalta o crescimento do número de atores internacionais assim como suas divergências em atuação, dimensão, tipos de relações, abordagens e entre outros aspectos, destacando-se nesse meio grupos de interesse e a opinião pública que se expressa em governos, massas e militantes representando assim um grupo difuso, mas que possui significativa força através dos meios de comunicação.
Por conseguinte, Gonçalves analisa mais profundamente as relações do Estado que através das rivalidades entre si faz-se possível identificar as associações de poder e dinâmica de lutas de classes sociais existentes ali. Assim sendo, é explanado os diversos conceitos de classes sociais através de autores como Marx e Weber e como a rivalidade de classes determina outros tipos de conflitos na sociedade caracterizando e influenciado lutas intraestatal e interestatal.
Eventualmente, é abordado também por meio da ciência política conceitos de poder e tipos de dominação propostos em Max Weber além de uma discussão sobre Estado suas ramificações e análises sobre sua natureza que influenciam na economia política internacional. Enfatizando dessa maneira a relação entre classes e Estados que pode ser visto em tipo dominador, serviçal e organizador na qual cada categoria reflete um nível de autonomia diferente com relação aos grupos coletivos e onde cada ação feita por esse Estado é dotada de poder e fatores variáveis determinantes do ato.
Nesse contexto, ao aprofundar o funcionamento do aparelho estatal observa-se a relação entre as disputas internas e externas. Mas ainda, se nota que tais capítulos possuem uma visão tradicional sobre as relações internacionais na qual enfatiza o poder dos Estados apesar de reconhecer outros atores. Sob essa perspectiva, tais tópicos são de fundamental importância para compreensão da sistematização política internacional em que se percebe a dinâmica dos atores através de aspectos de riqueza, poder, interesses, valores e alcance demonstrando assim o caminho em que se passa a economia política internacional em seu método de análise.
Referências
GONÇALVES, Reinaldo. Economia política internacional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. Pág. 32-94. 2ª reimpressão
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