
Rafaela Vale – Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
Ficha técnica
Ano: 1953
Autor(a): Ray Bradbury
Gênero: Distópico
País de Origem: Estados Unidos
Nessa obra sobre distopia, Guy Montag, um funcionário do governo, é um indivíduo conformado em sua missão de proteger o estilo de vida daquela sociedade. Montag exerce a profissão de bombeiro, que na obra de Bradbury são encarregados de uma missão específica: a destruição de obras literárias.
Porém, os questionamentos de Montag iniciam um processo de mudança no protagonista, principalmente após presenciar o sacrifício de uma mulher para proteger seus livros. Além disso, outra figura feminina foi essencial para essa mudança, a jovem Clarisse McClellan, uma adolescente questionadora que também é uma inspiração para o escape de Montag de uma mentalidade alienada.
A destruição do conhecimento, do acesso à informação e censura do pensamento crítico feita pelas autoridades, assim como pelo comportamento social, é a principal crítica presente em Fahrenheit 451, que leva este nome pela numeração ser referência ao ponto de combustão do papel.
As críticas feitas ao longo da obra podem ser relacionadas com a Escola de Frankfurt, teoria crítica relacionada a estudos de comunicação e diretamente interligadas com análises feitas à indústria cultural, resultantes de produções culturais disseminadas nos meios de comunicação. (RÜDIGER, 1998).
O teórico Theodor Adorno (2003) aponta a indústria cultural como uma ferramenta de controle (SILVA, 2013), assim como pode ser observada no universo fictício de Guy Montag – revelado, pela personagem Clarisse, o papel da indústria cultural sendo imposta desde a infância de crianças deste universo, que são expostas a horas de vídeos de conteúdos padronizados –, com o aprofundamento em entretenimento simples, de massa e de acordo com diretrizes previamente aceitas pelas autoridades.
Fahrenheit 451 é consagrada como uma das principais obras de distopia e, mesmo datada de 1953, demonstra paralelos com a sociedade em ênfase em sobre relações de poder por meio da censura, do consumo midiático e fenômenos em ascensão como o anti-intelectualismo.
REFERÊNCIAS
Adorno, Theodor W. Indústria cultural e sociedade. São Paulo Paz e Terra, 2002
RÜDIGER, Francisco. A escola de Frankfurt e a trajetória da crítica à indústria cultural. Estudos de Sociologia, v. 3, n. 4, 1998.
SILVA, Maria Célia. Domínio cultural, razão instrumental e esclarecimento em Adorno e Horkheimer. CSOnline-REVISTA ELETRÔNICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS, n. 16, 2013.