
Rafaela Vale – Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
Ficha técnica
Ano: 2010
Diretor: Larysa Kondracki
Distribuidora: Samuel Goldwyn Films
Gênero: Biográfico. Drama.
País de origem: Canadá, Alemanha e Estados Unidos
Motivada por problemas familiares e financeiros, a policial Kathryn Bolkovac (Rachel Weisz) decide partir dos Estados Unidos para a Bósnia e Herzegovina em missão de paz pela Organização das Nações Unidas.
No início do período de seis meses estipulado para a missão, Kathy inicia uma investigação após observar casos de violência voltada contra mulheres, que passavam despercebidos propositalmente pela legislação local do país em processo de reconstrução pós-guerra.
A persistência da policial levou a solução do primeiro caso de violência doméstica desde o final da guerra, com isso, surge um convite para assumir o Departamento de Assuntos Sociais, onde Kathy é exposta ao que tudo indica um caso de tráfico internacional de mulheres para fins de exploração sexual.
Ao investigar o caso da vítima Raya, uma jovem ucraniana, as pistas da agente levam a descoberta do envolvimento de integrantes de organizações internacionais com o esquema de tráfico, estes que estariam protegidos por imunidade diplomática.
A Informante, filme de 2010, explora diversas facetas de um período de pós-guerra, principalmente tratando-se de conflitos pluriétnicos como da região da ex-Iugoslávia, onde as sequelas estão presentes durante a trama, explicitamente em casos como de personagens de diferentes etnias.
Johan Galtung, autor presente em estudos de negociação e arbitragem no campo das Relações Internacionais, em Transcend and transform: An introduction to conflict work (2004) aponta a identidade como principal fator para a continuidade de hostilidades na região, pois, segundo o autor, é parte do aspecto de um humano a identificação com a figura do governante vigente.
Entretanto, o principal foco da obra se dá no papel feminino envolto na trama. Em destaque se encontra o exercício de Kathryn Bolkovac, presente como parte da minoria feminina a incorporar o grupo em missão de paz, sendo assim, essencial para observar criticamente a violência cometida contra as mulheres.
As vítimas de todo o processo investigado são alvos do que é abordado por Jaqui True (2012) – Autora de vertente feminista das Relações Internacionais – como uma política econômica de violência contra mulheres, que se refere a processos de exploração bastante lucrativos e, embora ilegais, possuem altas demandas no cenário internacional. Atividades que variam desde trabalhos em situações degradantes à exploração sexual, atribuídas principalmente a mulheres imigrantes, que, sem qualquer tipo de apoio ou fiscalização, são expostas a diversos padrões de dominação.
O longa-metragem de Larysa Kondracki é uma visão de relações internacionais centrada em mulheres em diferentes perspectivas de poder em um cenário ainda em reconstrução pós-conflito e, em ambos os sentidos, as relações de gênero estão presentes como formas de opressão.
REFERÊNCIAS
GALTUNG, Johan. Transcend and Transform: An Introduction to Conflict Work. Londres: Pluto Press, 2004.
TRUE, Jacqui. The political economy of violence against women. Oxford University Press, 2012.