Larissa Schoemberger – Internacionalista e Facilitadora do Greenpeace em Belém

Frente aos tempos que estamos vivendo, com diversos problemas sociais, políticos e ambientais, as ONGs (Organizações Não Governamentais) surgiram com o intuito de trazer soluções para essas problemáticas comuns da sociedade, e por esse motivo o trabalho do Terceiro Setor é extremamente importante nos dias atuais. As ONGs nascem da vontade da sociedade civil de ajudar com problemas que o Estado não consegue alcançar e não visa lucro. Por isso, conta tanto com a colaboração das esferas pública e privada, tanto nacional quanto internacionalmente.

O Greenpeace é uma ONG internacional de ativismo ambiental, que trabalha em prol de tentar resolver tais problemas no mundo. Em 1971, uma equipe de ativistas saiu de Vancouver, Canadá, para o Ártico a fim de impedir testes nucleares que estavam sendo realizados pelos Estados Unidos (EUA) nas ilhas Amchitka – Alaska. O nome “Greenpeace” veio da junção das palavras Green (verde) e Peace (paz). Para a ONG, um não faz sentido sem o outro. Por isso suas ações seguem o perfil de ações não violentas (GREENPEACE BRASIL, 2022, Online).

O Greenpeace chegou ao Brasil em 1992, mesmo ano da conferência ambiental Eco-92 e atua de forma nacional com campanhas criadas pelo Greenpeace Brasil, juntamente com grupos locais, pois cada um tem autonomia de criar campanhas a partir das necessidades da região. Além dessas campanhas, e de outras ações preventivas que a ONG promove em várias regiões do Brasil, ela também atua fortemente fazendo pressão sobre o poder público, com ações do TAG, que é um grupo específico de ativistas do Greenpeace Brasil.

Nas Relações Internacionais estudamos a teoria de Nye e Keohane (1988), que fala sobre interdependência complexa. Essa teoria trata de como um Estado, dentro do Sistema Internacional, se relaciona com outros atores econômicos e sociais, que influenciam fortemente dentro dos assuntos globais. As ONGs internacionais são um bom exemplo desses atores. Para mais, Nye também traz o conceito do tabuleiro tridimensional, onde existem três níveis de poder: o primeiro seria o militar, o segundo, econômico e o terceiro é o das relações transnacionais (FRANCA, 2017).

É nesse terceiro nível que se encontra a participação da sociedade civil global, que também é abordada por outro teórico das RI, Rosenau (2000), quando este fala de governança global. Para ele, existe a possibilidade de uma governança sem governo, onde as atividades podem ser sustentadas por objetivos compartilhados. Tal conceito abrange todos os atores não-estatais para satisfazer as necessidades da sociedade em todos os âmbitos, sem ter uma autoridade central, comumente centrada em um Estado para tomar as decisões (ROSENAU & CZEMPIEL, 2000).

Apoiando-se na teoria desses autores, podemos ver a relevância da atuação de ONGs como o Greenpeace para o mundo, que trabalha na conscientização e movimenta a sociedade civil global para lutar sobre as pautas que envolve o meio ambiente. Em tempos que os debates sobre mudanças climáticas estão cada vez mais em pauta dentro dos fóruns internacionais, visto que é urgente mudarmos nossa forma de produção e consumo para um modelo mais sustentável, corremos o risco de não ter mais um lugar para cuidar, voltar e chamar de lar.

REFERÊNCIAS:

FRANCA, Luiz Daniel Jatobá; DE OLIVEIRA, Herique Altemani; LESSA, Antônio Carlos. TEORIA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Saraiva Educação SA, Vol 2. 2017.

GREENPEACE BRASIL. Quem Somos. Greenpeace Brasil. Disponível em: https://www.greenpeace.org/brasil/quem-somos/. Acesso em: 05 ago 2022.

KEOHANE, Robert O.; NYE JR. Joseph S. Poder e interdependencia: la politica mundial em transición. Grupo Editor Latinoamericano, 1988.

ROSENAU, James; CZEMPIEL, Ernst-Otto. Governança sem governo: ordem e transformação na política mundial. Brasília: Editora UNB, 2000.