
Kamilly Mácola – Acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais
Soft power é o termo desenvolvido por Joseph Nye, no final da década de 1980, em seu livro Soft Power: The Means to Success in World Politics (Soft Power: Os meios para o sucesso na política mundial, em tradução livre) que significa persuadir indiretamente os interesses ou comportamentos de atores, por meio da cultura, de ideologias, da língua, da religião, do esporte entre outros fatores.
Nas Relações Internacionais, o esporte vem ganhando notoriedade nos últimos tempos, pelo fato de que por muito tempo, as teorias realistas e neorrealistas de R.I. se centralizavam nos Estados e as relações que eles tinham entre si ou da sobrevivência deles no sistema internacional. Porém, conforme a mudança de pensamento e comportamento no mundo, os esportes passaram a ter uma grande relevância na política externa dos países e impulsionou a disputa pelo direito de sediar grandes eventos esportivos como Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Paralímpicos.
Um exemplo da junção de Soft Power e dos esportes, aconteceu na edição de 1936, onde foi sediada na capital da Alemanha, Berlim, os jogos olímpicos com diversas propagandas que tiravam de jogada os problemas que existiam na ditadura de Adolf Hitler, como o racismo e o anti-semitismo. Além disso, mascaravam o grande exército que estava sendo formado na época, o que colocava uma imagem de um país forte e unido, que conseguiu se reerguer após a 1° guerra mundial.
Outro esporte, que pode ser considerado um dos maiores do mundo, é o futebol, pois esta modalidade esteve presente em marcos importantes para a história do mundo, como seu início em 1930 no Uruguai, parando a sua atividade durante a Segunda Guerra Mundial, e voltando em 1950, onde foi sediada no Brasil; na época o governo era de Getúlio Vargas. Entretanto, mesmo com a crise que assolava o mundo na década de 1980, 24 seleções participaram das duas copas no período e a seleção brasileira participou das mesmas.
Na copa do mundo de 1950, Getúlio Vargas usou o futebol como uma forma de propagar ideologias como a “democracia da bola”, a qual construía uma imagem de unificação do povo brasileiro, assim reunindo todos os tipos de pessoas para torcerem juntas pelo Brasil e mostrando a força do país. Além disso, Vargas controlava as mídias, um importante aliado para a disseminação das ideias e propagandas como “País do futebol”. (Fernandes, 2021)
“Na formação da identidade nacional e do nacionalismo durante o governo getulista, o futebol é apresentado nos jornais como uma unidade em harmonia, sem conflitos e sendo um esporte coletivo. O esporte das massas torna-se o reflexo da unidade que se buscava no Brasil durante a Era Vargas. O futebol e a política se entrelaçam neste período e a imprensa – controlada pelo Estado – tem o papel de disseminar o “país do futebol” autêntico, singular e com identidade própria” (PRATES; CARVALHO, 2016, p 254).
Joseph Nye aponta que não só os Estados têm seus próprios interesses, mas os atores, como sendo a sociedade civil, têm um papel fundamental para esse tipo de análise entre relações internacionais e esportes. Por isso, os grandes eventos esportivos, como futebol e olimpíadas, são importantes para as relações internacionais, pois chama atenção de todos os países do mundo, seja na abertura, no meio e no encerramento, para entrar na cultura do outro e deixar uma melhor imagem do país boa para todos que estão acompanhando.
REFERÊNCIAS
A INSTRUMENTALIZAÇÃO do futebol na Era Vargas e a centralização política no eixo Rio-São Paulo. [S. l.], 14 set. 2021. Disponível em: https://ludopedio.org.br/arquibancada/a-instrumentalizacao-do-futebol-na-era-vargas-e-a-centralizacao-politica-no-eixo-rio-sao-paulo/#:~:text=Get%C3%BAlio%20Vargas%20soube%20fazer%20do,para%20que%20ele%20pudesse%20crescer. Acesso em: 10 jul. 2022.
OLIVEIRA, Lucas Santos. Esporte e Relações Internacionais: Megaeventos esportivos e poder brando. Esporte, [s. l.], 2014.
OS JOGOS OLÍMPICOS DE 1936 – BERLIM. Disponível em: https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/the-nazi-olympics-berlin-1936. Acesso em: 7 jul. 2022.
PRATES, Kelen Katia Silva; CARVALHO, Carlos Eduardo Souza de. Políticos, intelectuais e futebol: a construção da identidade nacional durante a Era Vargas: os políticos, os intelectuais e o futebol. Revista Outras Fronteiras, Cuiabá-MT, vol. 3, n. 1, jan/jun., 2016.
‘SOFT Power‘ da cultura também é arma de países colonizadores, diz autor. In: CORREIA, Donny. ‘Soft Power‘ da cultura também é arma de países colonizadores, diz autor. [S. l.], 20 maio 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/05/soft-power-da-cultura-tambem-e-arma-de-paises-colonizados-diz-autor.shtml. Acesso em: 7 jul. 2022.