
Nivia Iani Silva Imbiriba
Acadêmica do 1° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Símbolo de representatividade negra, feminina mundial no cinema, Viola Davis nasceu em 11 de agosto de 1965 em Setor Matthews, no estado da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, mas aos seus 2 meses de vida, ela e sua família se mudaram para Central Falls, em Rhode Island. Ao longo de sua vida, teve de enfrentar diversas problemáticas que contribuíram para que ela desacreditasse de si mesma. A começar por sua infância, a qual não foi nada fácil. A família era composta por 8 pessoas, sua mãe, empregada doméstica e ativista, seu pai, treinador de cavalos, e mais suas 5 irmãs, eles viviam em um prédio insalubre, sendo os únicos moradores negros do local, infestado por ratos que dominavam a casa, passavam por insegurança alimentar, por insegurança hídrica, insegurança financeira, a incerteza de ter comida, higiene, de poder comprar o que necessitavam, era cada vez maior. Em adição, na escola, ela ainda tinha que enfrentar o bullying e o racismo, este, fortemente presente em sua vida.
Em seguida, em meio a esses acontecimentos, o que lhe fazia fugir de sua realidade eram as brincadeiras de infância, ela gostava de interpretar as personagens das histórias que criava, decidindo, com apenas 8 anos de idade, que se tornaria atriz. No começo de sua vida adulta, Viola lutou persistentemente para adquirir formação em teatro. Aos 23 anos, formou-se em artes dramáticas pela Rhode Island College, passou a trabalhar nos palcos e obteve grande destaque, tanto que, após uns anos, ganhou uma bolsa de estudos em uma das universidades de música, dança e dramaturgia mais famosas do mundo, a Julliard School, onde começou a atuar nas apresentações de teatro da Broadway, e, desde lá, sua carreira decolou completamente.
Ademais, sua atuação gloriosa, esplendorosa no teatro, no cinema e na televisão, renderam-lhe o tão merecido reconhecimento por seus trabalhos, ela foi indicada mais de 200 vezes para múltiplas premiações, entre elas, o Tony Awards, o Emmy e o Oscar. Outrossim, com sua presença cada vez mais recorrente nas premiações, acabou-se por evidenciar, ainda mais, o racismo em Hollywood, indústria cinematográfica dos Estados Unidos. Viola Davis é a – única mulher negra – que recebeu duas indicações ao prêmio de Melhor Atriz e, também, é a única mulher negra a ser indicada 4 vezes às premiações da Academia, o Oscar.
Além disso, decorrente de números tão baixos, é que, com o passar dos anos, tem-se discutido com maior firmeza e seriedade, a necessidade de remodelação, de mudança de postura, de inclusão de pessoas pretas às indicações, às produções, às direções e a todo o sistema constitutivo de Hollywood, pois, como nunca antes, jamais se havia falado, debatido, escancarado tanto acerca da lamentável persistência e da garra de condenar de uma vez por todas, a desigualdade racial.
Adicionalmente, Viola usa sua voz para lutar contra esse mundo desigual, principalmente, para as pessoas pretas, sua voz é instrumento de ação, denúncia a respeito da distinção existente na cinematografia americana, na questão do sexismo, da desigualdade salarial entre atrizes brancas e pretas, da erradicação da fome no mundo, da inclusão e das oportunidades de trabalho para as mulheres negras de todo o mundo.
Em conformidade ao que foi discutido, segundo ao que a professora e filósofa americana, Angela Davis, escreve em Mulheres, Raça e Classe (1981), referindo-se à luta pelos direitos das mulheres, ao mesmo tempo em que havia a luta de classes e de raças, “elas aspiravam ser livres não apenas da opressão racista, mas também da dominação sexista”, de outro modo, as mulheres negras buscam obter a sua liberdade da desigualdade racial e do machismo, problemáticas que enfrentam cotidianamente, pois, já não basta serem julgadas por serem mulheres fortes em uma sociedade machista, também são atacadas pela sua cor por um corpo social nitidamente racista, o qual persiste até hoje. Contudo, por conta das mudanças, não há de se negar ser grandemente distinto de tempos passados, todavia, muita coisa ainda necessita ser feita para mudar integralmente esta presença massiva da desigualdade.
Assim, reconhecer o protagonismo de Viola Davis, principalmente no vasto campo de estudo das relações internacionais, é entender e conhecer a história dela e muito mais, é saber sobre o quanto a desigualdade racial interfere e afeta plenamente a vivência de pessoas pretas, inclusive no cinema, sobre a fome e a miséria que milhares de pessoas enfrentam no mundo, logo, ela é instrumento imprescindível para que mais vozes e questões possam ser ouvidas, atendidas e representadas. Por fim, Viola Davis tem um grande poder em representar, em todas as suas atuações, em todos os seus discursos, nos quais milhares de crianças se sentem representadas e inspiradas por ela, seu exercício de representatividade é gigante, e ela sabe brilhantemente como representar tudo o que defende e quem mais precisa de sua representação.
REFERÊNCIAS
BARREIRA, Leandro.” A Incrível História de Viola Davis | Da extrema Pobreza Ao Oscar”, Cinema De Primeira. Disponível em: A Incrível História de Viola Davis | Da Extrema Pobreza ao Oscar ~ CINEMA DE PRIMEIRA BRASIL. Acesso em: 12 de junho de 2022.
Conheça a história de Viola Davis, Trace. Disponível em: Conheça a história de Viola Davis | Trace.tv Brasil. Acesso em: 12 de junho de 2022.
TOZZE, Humberto Maruchel. Viola Davis: da infância pobre à atriz negra mais indicada ao Oscar, Marie Claire. 25 abr. 2021.Disponível em: Viola Davis: da infância pobre à atriz negra mais indicada ao Oscar – Revista Marie Claire | Cultura (globo.com). Acesso em: 12 de junho.
Viola Davis: A Ascensão Da Mulher Negra Na Sociedade, Woo Magazine. 8 mar. 2017. Disponível em: Viola Davis: a ascensão da mulher negra na sociedade – Woo! Magazine (woomagazine.com.br). Acesso em: 12 de junho de 2022.
Viola Davis, Adoro Cinema. Disponível em: Viola Davis : A biografia – AdoroCinema. Acesso em: 12 de junho de 2022.
SOUZA, Alana. Vencedora do Oscar, Viola Davis teve uma infância difícil, Aventuras na História. 01 jul. 2021. Disponível em: Vencedora do Oscar, Viola Davis teve uma infância difícil (uol.com.br). Acesso em: 12 de junho de 2022.
DAVIS, A. Mulheres, Raça e Classe. Tradução de Heci R. Candiani. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2016. 262 p.
Viola Davis é tão incrível e inspiradora, superou suas dificuldades, enfrenta o racismo e se consagra como um dos maiores nomes de hollywood!
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