
Nivia Iani Silva Imbiriba
Acadêmica do 1º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Destaca-se como figura importantíssima na luta pelos direitos civis da população afro-americana, Malcolm X. Na cidade de North Omaha, no estado de Nebraska, nasceu, em 19 de maio de 1925, Malcolm Little, um líder nacionalista que lutava ferrenhamente para que as pessoas negras deixassem de ser excluídas da sociedade por conta da cor de sua pele. Além disso, ele revolucionou a discussão e o reconhecimento, ainda mais evidente, do preconceito racial nos Estados Unidos e no mundo todo. Logo, Malcolm é ferramenta imprescindível no combate ao racismo, o qual está, obrigatoriamente, nos estudos, acordos e discussões do mundo das Relações Internacionais entre todos os Estados.
Ademais, Malcolm X teve uma vida muito conturbada, repleta de acontecimentos, desde sua infância até a vida adulta, tanto que toda a sua família, seus pais e mais 7 irmãos, eram perseguidos e ameaçados por supremacistas brancos de seitas racistas, a Ku Klux Klan e a Black Legion, as quais não aceitavam que a população preta pudesse ascender no cenário estadunidense ou, até mesmo, estar presente nele. Em decorrência disso, a família teve de se mudar do estado de Nebraska para o Michigan, todavia, infelizmente, as perseguições e ameaças não cessaram, pelo contrário, elas seguiram acontecendo e a casa em que a família residia foi incendiada, felizmente, nenhum familiar faleceu.
Entretanto, após essa atemorização desenfreada, quando Malcolm tinha apenas 6 anos de idade, seu pai, Earl Little, foi brutalmente assassinado por extremistas brancos, e a partir de então, sua família não foi mais a mesma. Tamanho abalo que sofreram, a mãe de Malcolm, Louise Little, não superou a morte de seu marido, não suportou a pressão que recebia para cuidar de seus filhos e as dificuldades para conseguir um emprego e poder sustentá-los, e acabou por desenvolver uma depressão, fazendo com que ela fosse internada em um centro de saúde mental, consequentemente, ela não pôde mais cuidar de seus filhos, e eles tiveram de ser separados, pois foram enviados ao sistema de assistência social para que pudessem ser adotados.
Outrossim, apesar da vivência dificultosa, Malcolm tinha uma carreira promissora em seus estudos, diante de sua excelência na escola, ele almejava tornar-se um advogado, contudo, um professor o desmotivou dizendo a ele que direito não era uma profissão condizente para um – homem de cor preta. Diante de tal comentário infeliz, destruidor de sonho e racista, a vida do jovem seguiu para um caminho errôneo, resultando em que ele saísse da escola e passasse a cometer furtos, a envolver-se com tráfico de drogas e jogos ilícitos, até que, aos 26 anos, foi preso e sentenciado por 10 anos. Neste tempo em que permaneceu na prisão, foi frequentador assíduo da biblioteca prisional, iniciou os estudos de conhecimento ao Islã e, assim, conheceu a Nação do Islã. Era um movimento que unia o islamismo ao nacionalismo negro, o qual defendia a separação entre negros e brancos e era a favor que os negros nos Estados Unidos deveriam se defender da hostilidade dos brancos de todas as formas possíveis, até mesmo fazendo uso da violência, caso fosse necessário, ideais convergentes aos que Malcolm defendia.
Também, um importante acontecimento ocorreu mediante à entrada ao movimento da Nação do Islã, a mudança de seu sobrenome. Seu nome de batismo era Malcolm Little, porém, ele considerava que “Little” fosse o nome dado aos seus ancestrais pelos escravizadores, então, mudou para Malcolm X, pois o “X” significava o nome desconhecido de seus antepassados, herança a qual foi repelida pela escravidão e ele queria resgatar.
Mas, por esse motivo, contrastando ao que o movimento pelos direitos civis adotava, a não-violência, acabou-se criando um conflito de ideias com o defensor desse movimento, Martin Luther King Jr., pois, enquanto Martin defendia uma luta pacífica baseada em discursos, marchas para atrair e conseguir obter a igualdade racial, Malcolm X defendia uma luta radical baseada no incentivo ao uso da força para que os negros pudessem conquistar os seus direitos. Apesar das ideias distintas, o objetivo final de ambos era o mesmo, possibilitar que cada cidadão preto dos Estados Unidos e do mundo pudesse ter a oportunidade de sonhar, conseguir e realizar aquilo que quisesse fazer. No início dos anos 1960, no entanto, após um período de reflexão e crescimento pessoal, Malcolm passou a mudar a sua ideologia, anteriormente criticada por ele, para a defesa da não-violência, fazendo com que a rivalidade de ideias com Martin terminasse e a afinidade de ambos, fortifica-se.
No auge de seus 39 anos de idade, em 21 de fevereiro de 1965, no estado de Manhattan, enquanto se preparava para discursar a uma multidão, três homens atiraram e assassinaram Malcolm X, deixando seu legado e sua luta negra viva nos Estados Unidos e em todos os países.
Consoante a essas finalidades, à luz do psiquiatra e filósofo político, Frantz Franon, nascido na Martinica, ex-colônia francesa e localizada no Caribe, escreve em Os Condenados da Terra (1960, p. 207), “é no centro da consciência nacional que se ergue e se vivifica a consciência internacional. E essa dupla emergência é definitivamente o lar de toda a cultura”, por outras palavras, aliar a consciência de um Estado a outros fará com que a desigualdade racial deixe de existir, que o racismo deixe de ser uma realidade social, a qual exclui as pessoas pretas do campo educacional, profissional, nacional e internacional, pois não têm oportunidades para conseguir chegar nesses campos, é mais do que necessário, é dever de cada Estado educar a sua população, exaltando e mantendo viva as raízes africanas no ensino e na cultura de cada povo, para, assim, a consciência internacional poder estar mais unida e mais forte para conscientizar cada vez mais pessoas acerca do combate ferrenho ao racismo.
Logo, é indispensável evidenciar à sociedade os expoentes que lutaram para que os direitos civis da população negra pudessem ser, sem exceção, sem separação, sem restrição alguma, amplamente adquiridos, pois esses ativistas não, somente, contribuíram para a luta da igualdade racial, mas fizeram parte, viveram a repressão em sua vida e fizeram desta repressão o combustível para lutar, como Malcolm X, que buscava possibilitar e garantir à população preta, a igualdade de ir e vir, de viver, de, literalmente, poder ganhar o mundo vivendo em liberdade, todas as que lhes eram privadas, e ter as mesmas oportunidades para crescer.
REFERÊNCIAS
VICENTE, Alberto. “Biografia de Malcolm X”, Biografia Resumida. Disponível em: Biografia de Malcolm X – Quem foi, Feitos, Morte, Curiosidades e Frases (biografiaresumida.com.br). Acesso em: 29 de maio de 2022.
Malcolm X Biografia e Significado. Storyboard That. Disponível em: Biografia de Malcolm X | Malcom X Quotes | Líderes Influentes (storyboardthat.com). Acesso em: 29 de maio de 2022.
MARASCIULO, Marília. “Quem foi Malcolm X, uma das maiores influências do movimento Black Power”, Revista Galileu. Disponível em: Quem foi Malcolm X, uma das maiores influências do movimento Black Power – Revista Galileu | História (globo.com). Acesso em: 29 de maio de 2022.
FRANTZ, FRANON. Os condenados da Terra. Tradução de José Laurênio de Melo. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A, 1968. 275 p.