Confira agora, no quadro Resenhas, a análise crítica de “Revolução de Dagenham"(2010). Por Rafaela Vale, acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais.

Rafaela Vale – Acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

Ficha técnica

Ano: 2006

Diretor: Clint Eastwood

Distribuidora: Malpaso. Amblin Entertainment.

Gênero: Ação. Drama de guerra.

No ano de 1945, o embate bélico entre Eixo e Aliados, especificamente Japão e Estados Unidos, se intensificou no Pacífico. Após o ataque a Peal Harbour realizado pelos japoneses em 1943, dentre os alvos de ataques estadunidenses ao país asiático, a ilha de Iwo Jima se tornou um dos alvos estratégicos para demonstração de força bélica e ocupação de território.

A Conquista da Honra, drama de guerra dirigido por Clint Eastwood, é o primeiro de dois longas-metragens que retratou a batalha, sendo este o ponto de vista de soldados norte-americanos. A produção seguinte, Cartas de Iwo Jima, de 2006, a continuação relata a experiência dos japoneses, retratada de forma igualmente dolorosa ao expor realisticamente os horrores da guerra sob relatos de documentos encontrados após o conflito.

É reforçada na trama de Conquista da Honra a crítica sob a influência da propaganda de guerra atrelada ao nacionalismo estadunidense após a vitória sobre os japoneses. Nela, uma fotografia de soldados hasteando a bandeira estrelada no monte Suribachi, o mais alto de Iwo Jima, torna-se um símbolo de triunfo, que é repercutido por meio da imprensa, gerando uma comoção nacional e utilização dos soldados como produto de divulgação patriota.

Entretanto, a verdadeira história por trás da fotografia torna a narrativa de heroísmo uma farsa, pois a fotografia retirada foi apenas de uma substituição da bandeira fincada anteriormente. Com o passar do tempo, a omissão em prol do orgulho nacional passa a se tornar insustentável.

Joseph Nye (2005), o filósofo das Relações Internacionais do campo da teoria neoliberal expõe a habilidade política dos Estados Unidos em navegar entre as estruturas de soft power e hard power quando necessário.

Em “Soft power: The Means to Success in World Politics”, é descrita a estratégia da propaganda do poder brando estadunidense utilizada durante a Guerra do Iraque, utilizando o pretexto do combate ao terrorismo, que pode ser relacionado aos conflitos durante a Segunda Guerra Mundial, ocorridos na região da costa japonesa após o ataque à base de Pearl Harbour, que desencadeou cenários impetuosos da utilização do hard power formado pelo forte poder bélico em desenvolvimento na época, utilizado na batalha de Iwo Jima, um dos momentos visuais mais impactantes no drama de Clint Eastwood.

A estratégia de propagação do novo símbolo nacional enganoso apresentado no longa seria a representação deste soft power, que aparece sendo reforçado por agentes de alta patente e principalmente pela mídia ao tempo em que as sequelas dessa exposição passam a assombrar os sobreviventes do combate.

Dessa forma, é possível observar nesse clássico dos filmes de guerra a dualidade entre estratégias de poder que é uma das temáticas mais abordadas nos estudos das Relações Internacionais.

REFERÊNCIAS

NYE JR, Joseph S. Soft power: The means to success in world politics. Public affairs, 2005.