
Rafaela Vale – Acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
Ficha técnica
Ano: 2010
Diretor: Nigel Cole
Distribuidora: Paramount Pictures. Sony Pictures Entertainment.
Gênero: Drama. Biográfico.
Lançado em 2010, a Revolução de Dagenham retrata o dificultoso cenário da empregabilidade feminina na década de 60. A ocupação de cargos pelo público feminino ainda apresentava uma quantidade diminuta e com remuneração desigual quando comparada a mão de obra masculina que realizava o mesmo ofício.
A inglesa, Rita O’Grady (Sally Hawkins), foi uma trabalhadora de uma das principais empresas automobilísticas do mundo e que se apresentou como uma liderança para suas colegas de trabalho que também enfrentavam diariamente a dificuldade da pouca presença feminina em um espaço dominado por homens –no total de 55.000 trabalhadores do sexo masculino contra 185 mulheres – além de local inapropriado para trabalho e pagamentos inferiores.
No campo de estudo das Relações Internacionais, as teorias de gênero e feministas podem ser relacionadas à produção de Nigel Cole para explicar a importância da atitude revolucionária iniciada pelas operárias.
A teoria de gênero aborda a construção social dos papeis impostos a homens e mulheres, normalmente aplicados em proporções diferenciadas, sendo acarretadas diferentes consequências a ambos os gêneros, desde a violência observada em conflitos a questões políticas (SMITH, 2018).
Em Revolução de Dagenham, a personagem Rita representa mulheres reais que foram à luta por remuneração adequada e melhorias de condições de trabalho por meio de uma greve realizada para protestar contra a fabricante de veículos Ford no ano de 1968. A situação combatida pelas mulheres expressava essa política de desigualdade entre gêneros aplicada no ambiente de trabalho da multinacional.
Com base na teoria feminista, apresentada em Sjoberg e Tickner (2013) a realidade da inserção de mulheres atividades gerais no âmbito internacional, incluindo o mercado de trabalho. É descrito como trabalhadoras acabam colocadas sistemicamente em posições inferiores, sendo uma situação que ultrapassa barreiras de classes sociais, raças e nacionalidade. A análise da teoria feminista nas Relações Internacionais busca observar na economia global essa configuração presente nas sociedades de um mundo globalizado.
No século XX, políticas voltadas para o alcance de uma igualdade entre os gêneros é uma pauta também adotada por organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas, a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), que trabalha essa questão ainda no século XXI com projetos de participação, igualdade e conquistas de direitos para mulheres.
Por meio de relatórios nomeados como Progresso das Mulheres pelo Mundo, lançados periodicamente, a entidade internacional além de mapear projetos de conquistas femininas, também realiza o monitoramento de discriminação e violência de gênero.
Portanto, é possível observar o quanto conquistas como a assistida em Revolução de Dagenham impactaram no cenário internacional como um todo. E que podem ser embasadas por teorias da área das Relações Internacionais que destacam as relações sociológicas, como, a questão de gênero, suas dinâmicas no avanço de novas políticas e questões a serem debatidas no cenário internacional.
REFERÊNCIAS
MULHERES, ONU. Progresso das mulheres no mundo 2015-2016–Transformar as economias para realizar direitos. Nova York (EUA), 2015.
SJOBERG, Laura; TICKNER, Judith Ann. Feminist perspectives on international relations. In: Handbook of International Relations. SAGE Publications Ltd, 2013. p. 170-194.
SMITH, Sarah. Introducing feminism in international relations theory. Retrieved from E-International Relations: https://www. e-ir. info/2018/01/04/feminism-in-international-relations-theory, 2018.