
Brenna Dias, Heloisa Cristina, Kamilly Mácola e Pedro Henrique Aviz – acadêmicos do 3° semestre de Relações Internacionais da Unama.
Kenneth Waltz é um dos principais autores e nomes quando se trata da Teoria Neorrealista das Relações Internacionais. Tendo como suas principais obras “The Man, The State,and the War” (“O Homem, o Estado e a Guerra”) e “Theory of international politic”, o autor foca em ambas obras para observar e estudar o sistema internacional. Em seu primeiro livro, lançado em 1959, Waltz busca compreender o motivo que leva a guerra entre os Estados, analisando três níveis: a natureza e o comportamento humano, a organização interna dos Estados e o sistema de Estados, além de trazer conceitos essenciais para as Relações Internacionais. Um dos pontos abordados em “O homem, o Estado e a Guerra” é a Anarquia do Sistema Internacional, ou seja, a ausência de uma “agente organizador”. Para Waltz, “a ausência de uma autoridade acima dos Estados para prevenir e conciliar os conflitos que surgem necessariamente de vontades particulares significa que a guerra é inevitável” (p. 235). A partir desta premissa, o autor discute o chamado poder-força: a mensuração de poder de um Estado dentro do Sistema Internacional, que, para Waltz, caracteriza-se como a quantidade e o investimento acerca de armamento que o Estado realiza visando a sua segurança no sistema internacional e a manifestação de seu poder bélico.
Durante a Era Meiji (1868-1912), o Japão investiu na parte estrutural do país, com o objetivo de ser um país próspero na questão de industrialização e de riquezas, e na formação do exército. De1894 a 1895, o Japão tomava a frente de um conflito envolvendo a China, a Guerra Sino-japonesa, onde pôde demonstrar que seu exército estava pronto para guerrilhas, por ter vencido o país e impor um tratado, retirando a península de Liaotung dos chineses. Entretanto, nos anos seguintes, houve novos conflitos na região asiática, desta vez, uma Guerra Russo-japonesa, onde, mais uma vez, o Japão venceu; e como consequência desta batalha vencida, a partir 1907, o Japão passou a observar a Coreia do Sul, e em 1910, iniciou o processo de colonização no território sul-coreano, com seu poderio militar e político, assim iniciando um imperialismo colonial, onde a cultura japonesa passou a ser imposta sobre a cultura coreana diante de soldados armados.
Já no período da 1° Guerra Mundial, o Japão se aliou à Grã-Bretanha, a ajudando nas batalhas terrestres e marítimas, o que lhe proporcionou um benefício, pois se juntou com os países vencedores do conflito e obteve a maior parte das colônias alemães, como ilhas Marshall e Marianas. Entretanto, por advento de conflitos, como as Grande Guerras (1919-1938), a 2ª Guerra Sino-japonesa (1937-1945), os Estados Unidos observara com preocupação as estratégias japonesas, e logo o posicionamento do Japão havia mudado drasticamente, assim, ficando ao lado dos aliados na 2ª Guerra Mundial, demonstrando, mais ainda, sua força militar ao atacar a base militar dos Estados Unidos no Pacífico, em Pearl Harbor. A consequência viera mais tarde, em 1945, quando os Estados Unidos atacaram o Japão por via aérea com as bombas atômicas jogadas em Hiroshima e Nagasaki, as quais reduziram as ações e o exército do Japão por sua derrota no conflito e seu enfraquecimento social e político.
Por conseguinte, o poder bélico do Japão, ao longo dos anos, sofreu outras oscilações. Um dos principais acontecimentos que influenciou o Japão e seus investimentos bélicos, anos após o fim da 2ª Guerra, ocorreu no ano de 2008: uma crise que teve início nos Estados Unidos e ficou conhecida como “crise da especulação imobiliária”, que prejudicou o desenvolvimento econômico e bélico, não só no Japão, mas no mundo todo. Após a recuperação dessa crise, o Japão seguiu investindo no setor de armas e em 2011 foi o quinto país com maior investimento no poder bélico, chegando a investir um total de 58,4 bilhões de dólares.
Atualmente, em 2021 e 2022, os investimentos nessas áreas seguem estáveis e são constantemente direcionados ao F35A, um avião militar, ao incentivo em pesquisas de cunho bélico e formulação de estratégias de defesas para garantir a segurança principalmente para questões com a Coreia do Norte, que frequentemente lança mísseis para testes próximo ao território japonês o que causa preocupação. Preocupação essa que levou o Japão a se aliar aos Estados Unidos para criar um tratado de segurança a fim de amenizar essa situação de tensão entre os dois países, e no ano de 2019 o japão investiu mais de 47 bilhões de dólares e apesar do número ter caído comparado ao ano de 2011, o país não está estagnado nessa área pois ainda há muitos incentivos e investimentos nela como os listados acima.
Dado seguinte contexto sobre o poderio militar e bélico japonês, percebe-se que o país é, e sempre foi, extremamente militarizado, sendo assim caracterizado, à luz da teoria de Waltz, como um Estado forte no Sistema Internacional, levando em conta a capacidade bélica do Japão para envolver-se, e ganhar, consideráveis conflitos ao longo da história. Além de investir, constantemente, em defesa aérea, como citado anteriormente , o Japão segue também uma premissa básica do pensamento realista: a realização de alianças. Através de dados fornecidos pelo Livro Branco de Defesa Japonês, conclui-se que o Japão manteve, desde o fim da Segunda Guerra, os Estados Unidos — a maior potência militar e bélica do planeta — como seu principal aliado em termos de estrutura militar. Ademais, o Japão é um dos principais líderes em construção de tecnologias em todo o mundo, e entre seus focos está o desenvolvimento de tecnologias no âmbito militar, não apenas para território doméstico, mas bem como para exportação, exibindo assim, seu investimento e capacidade bélica, e fazendo jus ao seu posicionamento no Livro Branco, onde o Estado Japonês declara que um de seus claros objetivos é fazer com que inimigos potenciais temam iniciar qualquer conflito com o Japão. Percebe-se, assim, que o país possui inúmeras vantagens que mensuram seu poder como grandioso, segundo Waltz, dentro do Sistema Internacional.
REFERÊNCIAS
A Abertura do Japão: à Conquista do Pacífico (1854-1941) na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-04-11 01:57:03]. Disponível em https://www.infopedia.pt/$a-abertura-do-japao-a-conquista-do-pacifico
CORDOVIL, Sildo; NASCIMENTO, Durbens. Huntington e Waltz: reflexões para análise dos “novos” conflitos internacionais. [s. l.], 2009. Disponível em: https://www.periodicos.ufpa.br/index.php/pnaea/article/view/11406. Acesso em: 10 abr. 2022.
DEFENSE OF JAPAN (Annual White Paper). [S. l.], 1 jan. 2022. Disponível em: https://www.mod.go.jp/en/publ/w_paper/index.html. Acesso em: 10 abr. 2022.
RESENDE, Carlos A. R. O Homem, o Estado e a Guerra: uma análise teórica. [s. l.], 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbpi/a/sjd9WLZ9djXKJVMJh5GGRTw/?lang=pt. Acesso em: 10 abr. 2022.
Strachman, Eduardo. et al. Crise financeira: o caso japonês. Minas Gerais. 2012. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/neco/a/fMbrNDhNVsBknWhTNHF4cxL/?lang=pt>
WALTZ, Kenneth. The Man, The State and War. [S. l.: s. n.], 1959.