
Rafaela Vale – Acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
Ficha Técnica
Ano: 1999
Direção: David Fincher
Distribuidora: 20th Century Fox
Gênero: Ação. Drama.
Dirigida por David Fincher, a produção norte-americana Clube da Luta pode ser analisada como uma crítica direta as relações de consumo da classe média das sociedades dos países ocidentais.
Apresentando um protagonista — interpretado por Edward Norton — cujo nome é ocultado, facilitando uma comparação a um cidadão comum estadunidense, a trama apresenta um indivíduo com diversas questões internas quanto a se sentir completo vivendo nos moldes do sistema. Moradia, vestimentas e regalias podendo ser consumidas a fácil alcance não são o suficiente quando a rotina tediosa e um trabalho detestável tornam fantasias autodestrutivas pensamentos recorrentes na mente do personagem, que anseia por algo a mais.
Em meio à exaustão mental causada pelos compromissos profissionais, a conveniente conexão do protagonista com Tyler Durden (Brad Pitt), uma figura intrigante caracterizada como o típico golpista, o incentiva a sair de sua zona de conforto e arriscar um novo estilo de vida, regada a toda a agressividade e rebeldia que Tyler considera necessária para a nova geração de homens resultantes do conforto do modo de vida consumista.
A obra pode ser analisada pelo campo teórico das Relações Internacionais quando relacionada ao campo das teorias críticas, especificamente ao movimento da Escola de Frankfurt, uma vertente que busca alternativa quanto as consequências da cultura de massas, dentre elas o hábito de consumo (MOGENDORF, 2012), frequentemente criticado por Tyler ao longo de Clube da Luta.
A criação do clube, formada majoritariamente pelo público masculino, seria o que na Escola Frankfurtiana é visto como uma ação de fuga deste contexto de interesses regido pelo comportamento das massas. Em contraponto a esta cultura, os protagonistas criam um ambiente favorável a explorar um novo estilo de vida, podendo ser comparado ao processo de criação da indústria cultural em seu objetivo de se opor ao estilo de vida normalizado por aquela sociedade.
Conclui-se que, o Clube da Luta é mais do que uma mera tentativa de escapismo de homens de suas rotinas infelizes e papeis de gênero, é possível analisar como uma necessidade de indivíduos ao escape de uma sociedade no todo, onde comportamentos danosos se tornam padrão e passam a ser facilmente disseminados em rotinas de cada indivíduo em particular, como as relações de consumo, que também estão presentes em debates críticos das Relações Internacionais.
REFERÊNCIAS
MOGENDORFF, Janine Regina. A Escola de Frankfurt e seu legado. Verso e Reverso, v. 26, n. 63, p. 152-159, 2012.
Minha justificativa
Trouxe essa resenha muito pessoal, pois, senti falta de uma resenha que apresentasse relações de trabalho e gênero porque existe uma tendência muito abusiva em muitas resenhas em manter a questão masculina como foco central senda a mesma origem do problema geral da trama (uma revolta coletiva sobre a monotonia de uma vida segmentada em regras e rigidez sem a menor empatia com individualidades “gerais”) deixando marginalizado todo potencial feminino do filme.
Abordado na trama principal ocorre uma fuga do que realmente e importante uma relação de trabalho abusiva fria e sádica por trás de todo roteiro o que leva o personagem a se entregar aos coadjuvantes mais distantes da sua realidade repreensiva com o narrador “secundário” interpretado pelo William Bradley “Brad Pitt”
O Inferno corporativo apresentado por uma narrativa instigante tem os melhores exemplos de uma monotonia ritualística de pequenas conquistas e hábitos rotineiros, os melhores exemplos são os móveis simétricos e limpos ou as pequenas embalagens presentes na sua rotina de viagem, o raciocínio marxista abrange uma aprofunda na minha opinião interessante “a natureza das coisas e segundo experiências conformes, uma tal atividade incessantemente uniforme e igualmente prejudicial para o espírito assim como para o corpo; e então tende a aparece junto desta condição maquinaria com a mera do trabalho sob numerosos braços humanos, também ainda todas as desvantagens dessa última.
Para acelerar o processo de busca de um “suposto” reconforto pessoal o personagem principal se apresenta como o estresse encarnado em um desconforto “mumificante” de não estar sobre o controle da própria vida e sofre ao não se inserir em nenhum nicho especifico, a questão de gênero está inclusa de maneira tão subversiva que me estigou a levantar o questionamento sobre preconceito de gênero em relação a outra personagem, interpretada pela Helena Bonham Carter ou Marla Singer, a personagem e vista como uma quebra do “status Co”.
Assim como o narrador “secundário” a observação principal que eu busco e revelar como sua personagem e tratada de maneira frágil e incomoda ao ponto de sofre na trama mesmo estando entregue a mesma revolta que o narrador “principal” busca no decorre de toda serie, sempre voltando a questão do seu gênero como fator disruptivo para a agressões no filme mostrando que estão sempre no seu limite, falta de uma causa coletiva e inclusiva são os fatores decisivos para o desandar de toda trama, minha afetividade pela personagem de Helena Bonham vem da empatia que falta principalmente de resenhas e artigos orientados e dirigidos por mulheres e voltado ao público feminino recomendo a leitura de rosa ‘’Luxemburgo’’ para o aprofundamento social da trama “Há todo um velho mundo ainda por destruir e todo um novo mundo a construir. Mas nós conseguiremos, jovens amigos, não é verdade?”; “Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres.”; e “Socialismo ou barbárie”.
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Que resenha maravilhosa, que olhar perfeito e minucioso, eu amei, gostarei de poder ler mais resenhas escritas por essa autora 🥰
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