Mayara Helena Rodrigues de Lima – Acadêmica do 5º semestre de Relações Internacionais da Unama

A Coreia, ao todo, vem sendo conhecida por seus embates há anos e hoje está dividida entre Coreia do Norte e Coreia do Sul. Essa divisão é decorrente de uma longa história de conquistas e ocupações territoriais que influenciaram na formação atual.

Para que entendamos a divisão atual e o sistema político coreano é necessário voltarmos para a Segunda Guerra Mundial. Em 1910, a Coreia passou a ser ocupada pelos soviéticos, mas os EUA não se mantiveram parados e tomaram posse de uma outra parte do território coreano.  Assim, a Coreia ficou dividida em duas partes e se tornou um dos epicentros do conflito entre EUA e URSS. Um tempo após a ocupação, a União Soviética decidiu colocar um líder comunista no poder da região ocupada para garantir mais controle enquanto os EUA tentaram unificar as partes e fazer uma eleição, porém foram recusados e não muito tempo depois, em 1948, foi fundada a Coreia do Sul e logo depois veio a Coreia do Norte.

Essa divisão perdura até os dias atuais e ainda é o centro de muitos conflitos e embates políticos entre as partes. A Coreia do Norte carrega uma historicidade de políticas militares comunistas, em que o poder político é rígido e segue por hereditariedade, ou seja, um regime monárquico comunista. Quanto à economia do país, com o fim da URSS, a Coreia do Norte passou por uma grande crise alimentícia e econômica, pois dependia do seu aliado.

Porém, enquanto a Coreia do Sul passou a crescer com os investimentos estrangeiros e tecnológicos, a Coreia do Norte seguiu por um caminho mais fechado e agressivo com os avanços das armas nucleares em que já trabalhavam com a antiga URSS.  Hoje, a Coréia do Norte é conhecida por suas ameaçadoras e mais avançadas armas nucleares do mundo. E é neste sentido que o hard power entra em cena.

Joseph Nye (2002), um dos grandes cientistas políticos, definiu dos tipos de poderes: hard power e soft power. O hard power é o poder bruto que os países podem adotar, os poderes estratégicos que visam levar os outros a fazer o que querem por demonstrações de forças. Durante uma guerra, um Estado que se encontra em posição de subjugar um outro tem a capacidade, ligada a ameaça, medo ou punição, de persuadir, dissuadir ou induzir, para que o Estado subjugado faça o que o subjugador deseja (NYE, 2002).

A Coreia do Norte, por exemplo, é um país que segue esse posicionamento por seus meios militares. O hard power depende que o país adote uma forma de poder mais objetiva e mais simples de ser mensurada, pois ela é proporcional à sua capacidade bélica e econômica. A vertente econômica do hard power exige um nível de articulação que vai além do volume econômico em si como é no caso do PIB (Barbosa, C. 2015), pois o volume total de dinheiro de um Estado embora alto, se não for bem administrado, não quer dizer necessariamente que tem um impacto no setor global para ser visto e respeitado como um potencial ameaça.

A Coreia do Norte não entra na vertente econômica do hard power porque é um país que sofre com grandes crises, mas é um país forte no campo de armamentos, o que o qualifica nesse tipo de poder como um dos dominantes globais de ogivas nucleares e uma possível ameaça às formas de se fazer politica internacional nos dias atuais.

REFERÊNCIAS

Barbosa Martinelli, Caio. O Jogo Tridimensional: o Hard Power, o Soft Power e a Interdependência Complexa, segundo Joseph Nye. 2015.

Coréia do Norte. Disponível em: https://conhecimentocientifico.com/coreia-do-norte/ . Acessado em: 02 de abril de 2022.

NYE, Joseph S. Paradoxo do Poder Americano. São Paulo: Editora UNESP, 2002.

Soft Power e Hard Power. Disponível em: https://www.politize.com.br/soft-power-hard-power/ . Acessado em: 02 de abril de 2022.