
Ana Beatriz Soares
3º semestre de Relações Internacionais
No processo de construção global, muitos territórios foram colonizados, trazendo uma grande bagagem histórica que pode refletir até os dias de hoje, nesses territórios. Um deles é Ucrânia, que, durante o século IX, tinha na atual capital do país, Kiev, o centro do primeiro estado eslavo, que foi criado por um povo que se autodenominava “Rus”. Esse estado, nomeado pelos historiadores como Rus de Kiev, deu origem a Ucrânia e a Rússia. Dentro desse estado a fé professada era a cristã ortodoxa, instituída em 998 por Vladmir I de Kiev. Por volta do século XIII, a federação de principados Rus foi conquistada pelos Mongóis, e no século seguinte houve uma separação dividindo entre o Grão-principado de Moscou e o Grão-ducado da Lituânia.
Com essa separação as regiões começaram a sofrer influências diferentes, Kiev e as demais regiões adjacentes, sofreram grandes influências ocidentais, trazendo novos costumes e uma nova religião. Na década de 1764 o povo ucraniano foi impedido de estudar sua língua, durante um processo chamado Russificação, que também trouxe de volta à religião ortodoxa. Em contrapartida no oeste, que havia passado da Polônia para o Império Austríaco, o nacionalismo se intensificava, onde então começou-se a ser usado o termo “ucraniano” para se diferenciar dos russos.
No século XVII, foi assinado um tratado entre o Império da Rússia e a República das duas nações (União da Polônia-Lituânia) chamado de Paz Eterna que dividiu o território ucraniano, mas a maior parte desse território foi absorvido pelo Império Russo ao longo do século seguinte, por meio da divisão do reino da Polônia. Com a queda do Império Russo e o consequente estabelecimento de uma monarquia constitucional, houve uma certa abertura para vida nacional ucraniana, trazendo o idioma e a criação da sociedade local, o que deu voz ao povo que pode expressar o desejo da criação do seu próprio Estado.
Em novembro de 1917, o Conselho Central da República Popular da Ucrânia declarou independência, mas logo após iniciou-se uma guerra com a Rússia Bolchevique, que não aceitou o desenvolvimento do território, o que levou o povo às ruas em uma manifestação, onde o presidente Vladmir Lenin declarou que jamais permitiria a existência de uma Ucrânia independente. Após a guerra, a república da Ucrânia entrou na órbita da URSS e foi acoplada ao bloco, sendo essa entendida como a época mais sombria enfrentada pelo povo ucraniano, o Holodomor, quando mais de 3,3 milhões de ucranianos morreram de fome durante o regime soviético.
Em 1991, Leonid Krauchuk, declarou a independência do país em relação a Moscou; em meio ao fim da união soviética, um referendo popular foi realizado e mais de 90% das respostas foram favoráveis, tornando Krauchuk o presidente eleito do novo estado independente. Após 30 anos de independência e um ano de acúmulo de forças militares, forças russas invadiram a Ucrânia no início de 2022.
O ataque se iniciou no norte, com sentido a Kiev. Mas esse ataque começa a ser arquitetado em 2021, onde a Rússia constrói uma presença militar maciça ao longo da fronteira. Agindo sob comando do atual presidente Vladmir Putin, militares começam pelas partes separatistas de Donetsk e Lugansk e as reconhecem como independentes, assim arquitetado o ataque que se concretiza em 24 de fevereiro de 2022, que não apenas conta com forças militares terrestres, mas também, com forças marítimas e aéreas.
Atualmente, a Ucrânia se encontra em estado crítico, fazendo com que seu povo procure refúgio em outros países e trazendo à tona novamente uma onda de refugiados, agravando a insegurança alimentar, gerando pânico mundial e ameaça de bombas nucleares. Se analisarmos esse cenário pela teoria de Waltz, sobre o poder e força de um país, onde o mesmo menciona “a ausência de uma autoridade acima dos Estados para prevenir e conciliar os conflitos que surgem necessariamente acima de vontades particulares significa que a guerra é inevitável“ ( WALTZ, 2004, P. 235). A Ucrânia nunca representou uma ameaça considerável à Rússia, principalmente após o ano de 1994, quando ao tentar se aproximar da OTAN a Ucrânia, abre mão de todo seu arsenal nuclear em troca de um possível acordo.
Um mês de guerra e com a frustração russa de um confronto rápido, a Ucrânia permanece de pé, contando com civis nas frontes de batalha, a invasão tem sido contida aos poucos. A parte oeste de Kiev que já havia sido tomada, retornou ao controle ucraniano. E cada dia de sobrevivência é uma demonstração de que os Ucranianos estão prontos para lutar por sua independência e por seu Estado.
Referência:
REUTERS, David Ljunggrenda Reuters. Ucrânia 24 hs. CNN , [S. l.], p. 1-10, 24 mar. 2022.
CONANT, Eve. História da Ucrânia. Ucrânia , [S. l.], p. 10-24, 7 mar. 2022
REDAÇÃO , New mundo. Rússia X Ucrânia. Guerra , [S. l.], p. 1-1, 10 fev. 2022.
WALTZ, Kenneth. Teoria das Relações Internacionais. Lisboa: Gradiva, 2002.
Amei, muito esclarecedor.
CurtirCurtir
Excelente matéria Beatriz, nos acontecimentos atuais é bom sabermos um pouco mais sobre o país.
CurtirCurtir
Muito bom!
❤❤❤
CurtirCurtir
Muito bom!
CurtirCurtir
Parabéns prima você é muito fera,sei que Deus vai lhe colocar em lugares muito altos.
Saudades beijo .
CurtirCurtir