Amanda Araújo – Acadêmica do 5° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Ficha Técnica

Ano de estreia: 1988

Gênero: Animação, drama

Direção: Isao Takahata

Produtora: Studio Ghilbli

Distribuidora: Toho

Quando se pensa em animações, filmes leves e lúdicos sempre vem à mente, longas-metragens, como, Frozen, O rei Leão, entre outros, geralmente com uma mensagem motivacional e um final feliz. Entretanto, quando se trata das produções do Studio Ghilbli a fórmula é um tanto quanto diferente, isso fica evidente em Túmulo dos Vagalumes. 

O filme é uma animação de 1988 que retrata a história de dois irmãos, Seita e Setsuko, no período da Segunda Guerra Mundial no Japão, na época em que ocorreu o ataque em Kobe. Com o pai convocado pela marinha a defender o país e a mãe morta por um bombardeio dos aviões estadunidenses, os irmãos se veem órfãos e sozinhos, em um período onde suprimentos valem mais que dinheiro e o caráter das pessoas é posto à prova. 

Isto é exemplificado através das atitudes da tia das crianças, que se aproveita do pouco que os pais deixaram para eles, deixando-os sempre com as menores porções de comida e vendendo tudo que lhes pertencia. 

Sendo assim, Seita, o irmão mais velho, se vê obrigado a cuidar de sua irmãzinha sozinho, e abandona a casa da tia, procurando refúgio em um dos abrigos contra os bombardeios. 

Trazendo para as Relações Internacionais, o filme mostra as consequências de uma guerra causada pela disputa por poder no sistema internacional, algo que, segundo o teórico realista Kenneth Waltz, é inexorável. 

Para o autor, as guerras podem ser explicadas em 3 níveis: através da natureza egoísta e agressiva do ser humano; do pressuposto de que as unidades funcionam perfeitamente; e da falta de um agente que as impeça, ou seja, o sistema internacional é anárquico e por isso a guerra é inevitável. (WALTZ, 1959). 

Além disso, o longa-metragem exemplifica outra ideia do teórico. Quando o irmão mais velho está desesperado atrás de comida e de tratamento para sua irmã doente, um senhor da vila o avisa de que ele deve voltar para casa da tia, pois quem mexe com a estrutura do sistema não sobrevive. Essa fala reflete as palavras de Waltz, o qual diz que “…O jogo que se tem que vencer é definido pela estrutura que determinou o tipo de jogador que é provável que prospere…” (WALTZ, p.92)

Neste sentido, é possível dizer que a estrutura do sistema já pré-define quem serão os jogadores propensos à vitória, o aviso do senhor para o jovem rapaz apenas reforça a ideia de que aqueles que não estão inseridos na parte favorável, dificilmente terão chances de ganhar. Afinal, o jogo de poder entre os Estados reflete o tabuleiro de xadrez do sistema internacional, onde a população e as minorias são meros peões que podem ser descartados em prol da vitória final.

REFERÊNCIA 

WALTZ, Kenneth. Man, the States and the War. New York, USA. Columbia University Press. Edição de 2001. 

WALTZ, Kenneth. Theory of International Politics. Califórnia, USA. Addison-Wesley Publishing Company. 1979