S129-E-009326 (25 Nov. 2009) — This is one of a series of images featuring the International Space Station photographed soon after the space shuttle Atlantis and the station began their post-undocking relative separation. Undocking of the two spacecraft occurred at 3:53 a.m. (CST) on Nov. 25, 2009. Some scenes in the series show parts of the Mediterranean Sea and Africa and Spain in the background. NASA

Yanne de Paula – Acadêmica do 7º semestre de Relações Internacionais da Unama.

O espaço sideral sempre causou curiosidade no ser humano, a cada descoberta, novas explorações se iniciam. Com a corrida espacial, protagonizada pelos EUA e URSS a partir de 1957, um passo muito além na sociedade é dado, a disputa por conquistas fora do planeta Terra desencadeia novas ambições, desde o primeiro objeto criado pelo homem a ir ao espaço, até a presença do homem fora da terra.

Estabelecer presença no espaço passou a se tornar plano de exploração de Estados potências no sistema internacional, criando em 1967 o Tratado do Espaço Sideral, ao qual assegura a liberdade de exploração, porém determina que não pode haver uma nação hegemônica e muito menos uso de armas. Por anos, investimentos absurdos eram transformados em foguetes, satélites e instrumentos para serem lançados para o espaço e conforme os avanços tecnológicos, o planejamento para novas expedições passou a se tornar diversificada e mais acessível, trazendo novos atores para o cenário de exploração no espaço.

O ano de 2021, além da pandemia da Covid-19, também foi marcado como o ano do turismo espacial, onde bilionários como Jeff Bezos e Richard Branson e Elon Musk passaram a investir dinheiro para o espaço. Por mais que a saída do homem para fora do planeta Terra já tenha acontecido há muito tempo, eram financiadas por Estados para fins de exploração e descobertas, todavia, no cenário atual, pessoas com o poder aquisitivo alto, estão tendo essas experiências, como Jeff Bezos e Richard Branson no qual tiveram a oportunidade de ver a terra do espaço, firmando uma nova rota de turismo.

De acordo com Adam Smith, importante economista e filósofo, necessário para os estudos da Economia Política Internacional, na livre concorrência de mercado, onde o Estado não controla a economia, existe uma interferência natural do mercado na economia, um importante conceito que Smith criou foi “a mão invisível”, que explica como o mesmo produto pode seguir caminhos distintos, neste caso, a exploração e o turismo espacial, onde se tem a presença do Estado e agora empresários utilizando o mesmo meio, mas resultados um pouco diferentes. Eventualmente, o Estado ainda na procura de estabelecer seu poder e o mercado, agora conta com a presença de empresários entrando na corrida espacial, mas com um interesse amplamente financeiro, que não deixa de querer estabelecer poder, mas em níveis diferentes, e que acabam movimentando a economia.

No atual momento, Estados permanecem expandindo sua presença no Espaço, como por exemplo a presença da NASA, a Estação Espacial Internacional e as diversas expedições em novas descobertas, tendo nessas missões espaciais, investimentos de grandes empresários, mas a virada de chave da última década, são esses empresários se tornando novos atores no cenário de exploração, que não luta contra o Estado, em algumas ocasiões se unindo em busca de benefício para ambos. Entende-se que a disputa ainda continua por poder, mas elevando o nível, agora incluindo o mercado e movimentando-o em grande escala.

Com isto, a promessa de que no futuro será possível ver o quão azul é a Terra e até mesmo pisar na lua seja extremamente empolgante para as pessoas, a realidade é de que somente o alto escalão da sociedade irá realizar, visto que a desigualdade econômica é enorme, mas se pensa “qual o retorno financeiro, se poucos irão usufruir?”, é que estabelecer poder e lançar a expectativa da possibilidade também geram dinheiro.

Lançar um carro no espaço e depois ter pessoas querendo comprar um igual ou pelo menos um da mesma marca, é o que impulsiona o mercado a levar grandes empresários, como Elon Musk, a trazer propostas, como a possibilidade de ir visitar a lua ou morar em Marte, o que deixa movimentações financeiras em êxtases. Diante da liberdade de exploração no Espaço, onde o Estado não detém o poder de interferir em novas explorações, o que o coloca como um ator, os empresários passando a expandir o mercado para essas novas explorações no Espaço, deixa-o como um segundo ator e, de acordo com Adam Smith, quando ele aborda sobre “a mão invisível”, é sobre essa livre concorrência, ao qual um não limita o outro e que de certa forma trazem benefícios econômicos, por mais que não alcance a todos, mas cresce a economia.

REFERÊNCIAS

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