
Leônidas Machado Barbosa – Acadêmico do 4º semestre de Relações Internacionais da Unama
A conferência de Bretton Woods foi responsável e ainda é visto por muitos, como aquela que estabeleceu a base para que a hegemonia do EUA pudesse se estabelecer em boa parte do mundo através de meios não-bélicos. Gilpin comenta em sua obra The Political Economy of International Relations que dinheiro é poder, portanto quando vemos que o EUA executam meios como o de transformar o dólar como a moeda principal, permite que o mesmo possa ter controle e influência em inúmeros países sem mesmo estar ali.
Os países afetados pela hegemonia em sua grande parte são ligados ao fato de estarem ou muito quebrados pós-segunda guerra ou já tiverem condições pré-estabelecidas por seus processos históricos socioeconômicos. Quijano comenta em suas obras sobre o processo de colonialidade, esse o qual fala que países que passaram por processos coloniais de extrativismo, tiveram uma herança de servidão e dependência de seus antigos dominadores (QUIJANO,2005). Portanto, países latino-americanos, africanos e asiáticos também acabaram caindo sobre a influência econômica dos norte-americanos.
As maneiras como essa influência de poder assumia forma eram inúmeras. Entretanto, o foco será dado aos empréstimos e investimentos externos feitos nessa época. Instituições internacionais, como o FMI, foram criadas na premissa de ajudarem na reconstrução dos países. Porém, essa ajuda ocorria em formas de empréstimo e eventualmente causava a criação de uma dependência e controle excessivo dos países que pegavam esses valores, assim como tinha esses modos, empresas estrangeiras se botavam na ponta da lança do EUA como aquelas ajudariam na reconstrução.
O Estados Unidos estavam altamente envolvidos no FMI e nos processos de reconstrução, quase sendo impossível de evitá-los. Dowbor explica em suas obras que muitas vezes empresas multinacionais conseguiam ultrapassar riqueza de estados e até se criava relações de dependência entre empresas e estados (DOWBOR,2017) e até conseguir poderes de barganha e decisões dentro do estado em que se presidem (STRANGE,1986). A partir dessa lógica podemos dissecar que as instituições internacionais e empresas envolvidas durante e pós a convenção de Bretton Woods assumiram como as principais ferramentas do EUA em estabelecer sua hegemonia pelo mundo de forma mais “soft” e segura.
Referências:
DOWBOR, Ladislau. A era do capital improdutivo. 2017
GILPIN, Robert. The Political Economy of International Relation. 1987
QUIJANO, Anibal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais – perspectivas latino-americanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina: Clacso, 2005
STRANGE, Susan. Casino Capitalism. Nova York, 1986